Lajeado – O monitoramento do comércio na área central da cidade, por meio de câmeras de vigilância, trava na falta de dinheiro. Nesta semana, dirigentes de bancos recusaram custear metade do projeto, orçado em R$ 400 mil. A proposta estava em análise pelas instituições há três meses. Agora, o governo recorre a outros patrocinadores e admite inexistir previsão para instalar a rede.
De acordo com o secretário de Segurança Pública, Gerson Teixeira, o apoio dos bancos ao projeto era debatido desde 15 de dezembro do ano passado e dado como certo. Na época, gerentes das 12 agências em Lajeado se reuniram com representantes do poder público e comunidade. Receberam prazo de um mês para decidir sobre a adesão.
Mas, segundo Teixeira, dirigentes apresentaram diversos argumentos e pediram, por várias vezes, mais tempo para responder. “Nesta semana dei ultimato. Estavam enrolando e, no fim, só nos fizeram perder tempo.” Entre outros motivos para não aderir, destaca o secretário, os dirigentes disseram já investir em projetos de segurança privada e afirmaram não haver custo-benefício com a proposta.
Dos R$ 200 mil garantidos ao projeto, metade será paga pelo Executivo – verba vinculada ao orçamento da secretaria gerida por Teixeira. A outra parte, por comerciantes lajeadenses, incluindo a cooperativa de crédito Sicredi. “Terei que tentar o restante do investimento com outros empresários. Alguns já manifestaram interesse.”
Nova reunião para tratar sobre o assunto está prevista para a próxima quinta-feira, às 14h, na sede do 22º Batalhão de Polícia Militar (BPM). O prefeito Luís Fernando Schmidt deu prazo de 30 dias para Teixeira tentar resolver a situação. Do contrário, avaliará a possibilidade de iniciar a instalação da rede com o dinheiro disponível.
Ferramenta essencial
Comandante da 1ª Companhia do 22º BPM, capitão Fabiano Henrique Dorneles, manifesta preocupação com a demora. De acordo com ele, o monitoramento por meio de câmeras permite agilidade na ação repreensiva ao crime e também facilita o trabalho de investigação, tanto da Brigada Militar como Polícia Civil. “Poderíamos identificar suspeitos, placas de veículos e resguardar pessoas e estabelecimentos comerciais. É uma ferramenta essencial.”
Uma das ponderações do comandante se refere ao número de brigadianos necessários para acompanhar os monitores. Segundo ele, cada servidor não consegue prestar atenção em mais de oito telas ao mesmo tempo. Por isso, seriam necessárias entre duas a três pessoas em cada um dos três turnos, o que demandaria maior efetivo.
Imagens em alta definição
O videomonitoramento será feito por 17 câmeras novas. Das sete instaladas em 2005, cinco seriam reaproveitadas e duas utilizadas como aparelhos móveis em eventos. A proposta promete cobrir toda a área central de forma ininterrupta. O valor total inclui as câmeras, fibra ótica e computadores para visualizar as imagens.
A tecnologia do sistema permite identificar a placa de um veículo em até 200 metros de distância. A câmera foca rostos com nitidez e abrange até duas quadras, filmando em 360 graus. O zoom alcança 600 metros. As imagens ficam armazenadas por 30 dias.
Os equipamentos serão instalados nas ruas Júlio de Castilhos, Bento Gonçalves, av. Benjamin Constant e respectivas transversais. A compra deve ser feita pela Associação Lajeadense Pró-Segurança Pública (Alsepro) e os aparelhos doados ao município, pois a polícia não pode monitorar câmeras de empresas privadas.
A instalação funciona pelo sistema de consórcio. A Olicenter Informática se responsabiliza pelas câmeras e sistema de gravação, a Lógica Sul pela infraestrutura e redes de fibra ótica, enquanto a administração municipal dará o apoio necessário. A torre de armazenamento das imagens ficará instalada na sede da BM. Por meio dos cabos de fibra óptica, a PC poderá ter acesso às gravações.
Câmeras antigas estão inoperantes
As sete câmeras de vigilância instaladas pela administração municipal desde 2005 estão inoperantes há meses. A prefeitura pagou R$ 268 mil pelos equipamentos e bancava mais de R$ 1mil mensais com manutenção. Mesmo assim, incorriam falhas no sistema e órgãos de segurança consideravam o modelo ineficiente.
Lajeado foi a segunda cidade do interior gaúcho a implantar o monitoramento de segurança pública. Parte dos equipamentos que funcionava era usada 24 horas por dia desde a instalação, sob vigia de um policial militar na sede do 22º BPM.
O governo associa a inoperância do serviço à falta de capacidade dos atuais equipamentos. Seria, conforme avaliado em uma das reuniões do grupo responsável pelo novo modelo, investir grande quantidade de dinheiro em um sistema “capenga”.