UPA inaugura e aguarda novas obras

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UPA inaugura e aguarda novas obras

Melhorias no acesso à estrutura recém são estudadas pelo Daer. Atendimentos iniciam hoje

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Lajeado – A UPA foi inaugurada ontem, com capacidade para atender até 300 pacientes por dia. Um ano e três meses após a construção do prédio, o espaço segue sem o quadro completo de profissionais contratados. Faltam ainda obras no entorno da estrutura e a sinalização viária em rodovias e nas vias municipais. Primeiras consultas iniciam às 8h de hoje.

01Nas primeiras duas semanas, haverá atendimento só para pacientes de Lajeado. A intenção, conforme o secretário de Saúde, Glademir Schwingel, é testar a estrutura antes de receber pessoas de outros municípios. Como se trata de uma UPA de porte II, ela pode atender a um público de até 200 mil habitantes, 24 horas e sete dias por semana.

Ontem, enquanto autoridades discursavam para um público próximo de 80 pessoas, trabalhadores finalizavam obras na entrada da unidade. Calçamento e instalação de placas indicativas estavam inacabadas. O acesso à UPA preocupa. A falta de uma rótula ou um trevo junto à rodovia foi recém-encaminhado para análise do Daer, e não há previsão para o início da obra.

Conforme o superintendente do Daer no Vale do Taquari, Hildo Mourão, a construção de uma rótula implicará na remoção de postes de luz instalados em frente ao Jardim Botânico. “O projeto já está na sede do Daer em Porto Alegre. Não posso mensurar valores e custos da obra.” O assunto é discutido há mais de dois anos, antes mesmo do fim da construção da unidade.

Em 2011, o Conselho Municipal de Saúde foi contrário à escolha do local. O prefeito Luis Fernando Schmidt também demonstra preocupação com a área escolhida para instalação da unidade. “Precisamos agora de articulação política para construirmos o quanto antes essa rótula.”

A sinalização viária já deve ser instalada nos próximos dias. Segundo o Diretor de Trânsito, Euclides Rodrigues, as placas azuis que sinalizam serviços públicos estão disponíveis. “Já estamos preparando uma equipe para realizar a instalação em locais estratégicos.” Nas rodovias BR-386 e ERS-130, a responsabilidade é dos governos estadual e federal.

Há também a possibilidade de instalar um quebra-mola em frente à UPA. Conforme Rodrigues, o Daer sugeriu que a administração municipal apresentasse um abaixo-assinado com no mínimo 50 assinaturas. Próximo dali, já existem três redutores de velocidade semelhantes em frente à escola municipal.

Ainda faltam funcionários e aparelhos

Apesar de inaugurada, o quadro de funcionários da UPA segue incompleto. Até sexta-feira, 55 dos 92 profissionais previstos no contrato com a Fundação Hospitalar Getúlio Vargas estavam contratados. Faltam ainda, por exemplo, técnicos em Radiologia. Eles devem ser chamados só após a instalação do aparelho de raio-x, prevista para a próxima semana.

Schwingel avisa que existem dezenas de currículos, mas que a administração da UPA preza pela capacidade técnica dos profissionais. “A estrutura não servirá como cabide de emprego. Queremos pessoas capacitadas e aptas para cumprirem o serviço.”

A equipe médica deve ser composta por oito médicos clínicos e seis pediátricos, com auxílio de 34 técnicos de enfermagem e um farmacêutico. Completam a equipe oito auxiliares gerais; oito auxiliares de segurança; dez auxiliares administrativos; dois auxiliares de farmácia para seis horas; dois auxiliares de farmácia para 12 horas; um auxiliar de manutenção; um motorista; e outros três servidores para coordenação, responsabilidade técnica e supervisão.

Custeio da unidade preocupa

Desde o ano passado, a administração municipal negocia um convênio com outras cidades para auxiliar no custeio operacional da unidade. Muçum, Marques de Souza, Canudos do Vale, Sério, Santa Clara do Sul, Coqueiro Baixo e Nova Bréscia são algumas cidades interessadas em participar. A adesão será gradativa e custará em torno de R$ 1,50 percapita.

Cidades maiores, como Teutônia, Estrela e Encantado, não demonstram interesse. De acordo com o prefeito de Encantado, na região alta do Vale do Taquari, o município já disponibiliza todas as especialidades oferecidas pela UPA, além de manter convênio com Hospital Bruno Born (HBB) para outros atendimentos. “No momento, não é interessante para nós. Isso porque pagaríamos duas vezes pelo mesmo serviço.”

A estimativa é de um custo mensal de R$ 730 mil, sendo 75% para salários dos funcionários e corpo clínico. Num primeiro momento, Estado e União arcam com R$ 520 mil, sobrando R$ 210 mil para a administração de Lajeado. “A ideia é abater esse custo com a participação de outros municípios”, explica Schwingel.

O secretário informa que a unidade passará a ser classificada como UPA Qualificada nos próximos meses. Com isso, haverá um aumento de R$ 80 mil nos repasses, chegando a R$ 600 mil por mês. Com a mudança no Posto de Saúde do Montanha, que deixará de atender 24 horas por dia a partir de hoje, Schwingel prevê uma economia mensal de R$ 140 mil. “Esse valor automaticamente será utilizado na UPA”, explica.

Desafogo no HBB

Hoje à tarde ocorre reunião envolvendo diretores e representantes do HBB, da UPA, do Samu, do Conselho Municipal de Saúde e da Sesa. O objetivo, conforme Schwingel, é avaliar como serão conduzidos os pacientes a partir da abertura da unidade. De forma gradativa, casos de baixa e média complexidade não serão mais tratados no Setor de Emergência do HBB.

Há anos a direção do hospital se queixa do déficit financeiro gerado pelo setor. Hoje, ele se aproxima de R$ 100 mil mensais. Segundo administradores, cerca de 70% dos pacientes poderiam ser atendidos em postos de saúde do município, pois na maioria dos casos se trata de problemas de menor gravidade. No ano passado, foi cogitada a limitação de atendimentos no local.

Schwingel garante que os atendimentos de baixa e média complexidade no HBB seguem até o dia 31 de março. A partir dessa data, de forma gradativa e com ampla divulgação ao público, as consultas serão transferidas para a UPA. Confecção de folhetos e anúncios na mídia local devem auxiliar na divulgação. “A UPA servirá como apoio aos postos e aos hospitais. A expectativa é que boa parte da demanda de urgência e emergência seja transferida para a UPA.”

Hoje, a média mensal de pacientes no setor é de 3,6 mil. Em 2013, o pico foi de 180 pessoas num mesmo dia. Em 2012, foram 39,5 mil no total, dos quais 80% eram de Lajeado. A direção do HBB demonstra preocupação com o atendimento de vítimas em estado grave. A intenção é concentrar todo o corpo clínico da Emergência para casos de alta complexidade.

Presente na solenidade de inauguração, a secretária estadual da Saúde, Sandra Fagundes, comentou que nos demais municípios que receberam a unidade houve diminuição dos atendimentos nas emergências dos hospitais. “A UPA é um sistema intermediário, entre atenção básica e hospitais. Em Vacaria, por exemplo, a unidade acabou com a superlotação do Setor de Emergência do hospital.”

Para hoje também está previsto o fim do atendimento 24 horas no Posto de Saúde do bairro Montanha. De acordo com o secretário, o atendimento ocorrerá só até as 17h. O local servirá, a partir de amanhã, como um centro de especialidades, com serviços de odontologia e Saúde da Família. Duas equipes atuarão na estrutura.

Detalhes da UPA

O centro de saúde está instalado no bairro Moinhos D’Água, na RSC-413, em frente ao Jardim Botânico. A área construída é de 1.212 metros quadrados, com capacidade para atender de 250 a 300 pessoas por dia. Cerca de R$ 650 mil foram gastos pelo município na compra de equipamentos e aparelhos. O terreno também foi concedido pela administração municipal.

A UPA conta com 11 leitos de observação para crianças e adultos. Há outros três leitos na “área vermelha” reservado para pacientes em pior estado de saúde. A estrutura conta também com salas de observação da enfermagem; sala de coleta para exames; sala de raio-x; sala para curativos; e necrotério.

Para facilitar a locomoção de pacientes, a administração municipal estuda formas de incluir mais itinerários que levem até a unidade. O edital de licitação do transporte público deve contemplar essa necessidade. Também já foi licitado um ponto de táxi que será instalado em frente à unidade. O município conta ainda com duas ambulâncias de plantão.

Foram investidos cerca de R$ 3,7 milhões na construção do prédio, finalizado em dezembro de 2012. A UPA de Lajeado é a nona inaugurada no Rio Grande do Sul. O pedido para instalação da unidade na região ocorreu em 2010, e a obra iniciou nos primeiros meses de 2012. O atendimento é via SUS.

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