Túmulos infantis dão lugar a novas covas

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Túmulos infantis dão lugar a novas covas

Espaço limitado no cemitério católico motiva retirada de quase 200 sepulturas

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Santa Clara do Sul – A divisão no cemitério católico do centro, reservada para o sepultamento de crianças, deve passar por readequação nos próximos meses. A paróquia São Francisco Xavier pretende retirar parte dos cerca de 200 túmulos infantis para oportunizar novas vagas. Em alguns casos, há túmulos com quase um século de existência e em estado de abandono.

02De acordo com o pároco, Antônio Zeno Graeff, a medida passa por avaliação do conselho paroquial. O grupo se reúne na primeira quinta-feira de cada mês e debate a mudança desde o ano passado. “A princípio nem todos concordaram. Mas com diálogo chegaremos a um entendimento sobre a relevância disso.”

A paróquia, conforme Graeff, começa a entrar em contato com os familiares e comunicar a proposta. Uma das orientações é transferir os restos mortais para sepultura de um parente e colocar uma placa em homenagem no local. Para casos em que nenhum conhecido for localizado, a paróquia deve construir um memorial específico.

Na maioria dos casos, conforme o presidente da paróquia, Charles Thomas, são túmulos pequenos, com menos da metade do tamanho das sepulturas adultas. “Vamos preservar a imagem das pessoas que já morreram e oferecer mais espaço, pois cada vez o cemitério fica mais cheio.”

Mais vagas

A medida surgiu diante do crescimento populacional da cidade e a decorrente redução de espaços no cemitério. Segundo o padre Graeff, a abrangência de famílias que têm direito a vagas no cemitério é muito grande.

Cerca de dois terços da área do cemitério está liberada para sepultamentos. Desse espaço, estima-se que 60% esteja ocupado. Ainda há espaços disponíveis entre demais túmulos, onde familiares optaram por transferir os restos mortais nos últimos anos e algumas covas novas.

Além disso, a paróquia possui uma área anexa, a qual serve de jardim. O espaço já projetado para receber covas ainda não pode ser utilizado. Antes são necessárias licenças específicas.“Ainda temos espaço, mas devemos planejar agora para evitar transtornos futuros”, destaca Thomas.

Sepulturas abandonadas

No livro tombo da paróquia – caderno com anotações diárias do padre responsável – consta a declaração do pároco de 1952. Na época, afirmou que as sepulturas instaladas no antigo cemitério, onde hoje está o salão paroquial, deveriam ser transferidas ao novo (atual), em funcionamento desde os anos de 1920.

Três anos depois, em outra anotação, mostrava sua insatisfação pela demora da comunidade em atender ao pedido. A maioria dos moradores então realocou os túmulos. Alguns ainda estão preservados no cemitério católico.

De acordo com o padre Graeff, são poucos os casos recentes em que morrem crianças. A maioria dos túmulos está datada entre 1930 e 1970. Alguns deles, quebrados ou abandonados.

Famílias aceitam

Algumas famílias já foram notificadas pela entidade religiosa, a exemplo dos parentes de Albano Heissler. O menino morreu com poucos dias de vida e foi sepultado em 1941. Os familiares estudam de que forma farão a exumação. Uma das alternativas é coletar os restos mortais e colocá-los junto ao túmulo dos pais. Nesse caso, também seria posta uma placa em homenagem.

Alguns túmulos já foram desativados. No fim do ano passado, uma mulher optou por transferir os restos mortais do irmão até o cemitério no qual os pais estão sepultados, em Estrela.

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