Dez mortos. Uma prisão

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Dez mortos. Uma prisão

Quatro assassinados no fim de semana somam-se aos outros seis já registrados em 2014. Investigações esbarram na falta de provas e testemunhas. Insuficiência de efetivo nas ruas aumenta sensação de insegurança

Lajeado – O principal ponto de encontro dos jovens na cidade foi palco de mais uma tragédia na madrugada do domingo. Por volta das 2h30min, uma sequência de disparos de arma de fogo fez com que uma multidão que se aglomerava próxima ao Café Virtual, na movimentada av. Acvat, se dispersasse em pânico. Gritos e correria transformaram o ambiente de festa em um cenário de pavor e tragédia.

01Em meio à correria, Ricardo Fischer tombou atingido por um tiro no abdome. Após agonizar por quase três horas, morreu num leito de hospital, aos 24 anos. Próximo ao local onde ele foi alvejado, outro jovem também tombou após levar dois tiros. Cristiano Hoffmeister, 21, passou por cirurgia no Hospital Bruno Born (HBB) e ontem à tarde foi transferido para hospital em Porto Alegre, em estado grave.

Conforme testemunhas, o atirador chegou a pé ao local do crime, que fica em frente a uma banca de jornais, na esquina com a av. Alberto Pasqualini. Ele chegou atirando. Foram cerca de cinco disparos. Segundo informações preliminares, o jovem morto não seria o alvo do criminoso, mas sim Hoffmeister.

A Polícia Civil (PC) investiga se houve alguma briga envolvendo os dois rapazes antes do crime. Investigadores não descartam também que ambos tenham sido vítimas de “balas perdidas”. Nã há confirmação de que eles eram amigos. “Já ouvimos algumas pessoas, mas não posso detalhar a investigação. Trabalhamos com todas as hipóteses”, afirma o chefe de investigações da delegacia, Fernando Paim.

Mesmo que o crime tenha ocorrido em frente a dezenas de pessoas, a PC enfrenta dificuldades para encontrar testemunhas capazes de identificar o criminoso. Até o momento, não existem imagens de câmeras de segurança. Uma delas, instalada na av. Alberto Pasqualini, estava desligada no momento do crime. Outra, localizada em um posto de combustível próximo, também não flagrou o assassinato.

“Escutei os tiros e vi a correria”

Um garçom que estava num bar localizado do outro lado da rua lembra do momento dos disparos. “Escutei os tiros e vi uma galera correndo. Tinha muita gente, não sei como outros não foram atingidos.” Apesar do susto, ele pretende voltar ao local. “Nunca vi isso, espero que não se torne rotina.”

Moradores próximos ao local estão assustados e pedem mais segurança. Um músico, que mora na rua Expedicionários do Brasil, esquina com av. Acvat, afirma que a baderna naquela região aumenta a cada ano. “Primeiro assistíamos de camarote os furtos de rádios em veículos, agora são assassinatos do lado de casa. É muito triste.”

A morte de Fischer repercutiu na comunidade, principalmente por ter ocorrido na área central do município. No local, há diversos bares que recebem milhares de jovens durante a semana. A audácia do criminoso também impressiona. Segundo o mesmo garçom que escutou os disparos, havia movimentação frequente de viaturas da Brigada Militar (BM) durante a noite.

Lajeado registra 10 mortes em 2014

Fischer foi a quarta pessoa assassinada desde a tarde de sexta-feira, início do feriadão de Carnaval. A lista envolve também Roseli da Silva, 38; Jorge Rodrigues dos Santos, 33; e Glimar de Paula Neto dos Santos, 29. Os dois últimos foram mortos com golpes de facas. A mulher foi assassinada com cinco disparos de arma de fogo. “Não há indícios de ligação entre os crimes” salienta Paim. Apenas uma pessoa foi presa.

Os dez assassinatos ocorridos nesses 61 primeiros dias de 2014 quase superam o total de 11 mortes registradas em 2013 no município. A concentração de crimes nos dois primeiros meses também assusta. Em 2011, por exemplo, foram dois em janeiro e fevereiro. Em 2012 e 2013, foram três no mesmo período.

O investigador Paim ressalta a importância da comunidade auxiliar na busca pelos criminosos. Para isso, disponibiliza o número de telefone 8416-6964 para denúncias anônimas. Desde 2002, são 134 homicídios e dez latrocínios só em Lajeado. O ano mais violento foi 2004, quando 19 pessoas morreram assassinadas. Em 2007, foi registrado o menor índice nesses últimos 13 anos, com oito crimes seguidos de morte.

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