Vale do Taquari – Série de ocorrências registradas nos últimos dias na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Lajeado, sobre um novo golpe na região, desperta reação do órgão.
Golpistas telefonam para as vítimas informando ser da polícia e solicitam dados pessoais com o intuito de forjar documentos para abrir empresas e contas bancárias.
De acordo com o titular da DPPA, delegado Augusto Cavalheiro Neto, 35, uma falsária liga para uma determinada pessoa e se apresenta como delegada Ana Paula – nome de tal profissional sequer existe na região. Em seguida, diz precisar de informações como CPF, RG e endereço para continuar suposta investigação e remeter inquérito ao fórum.
“A vítima pode não estranhar, pois grande parte da comunidade já fez algum tipo de registro policial.” Contudo, adverte o especialista, os agentes nunca solicitam informações via telefone ou e-mail. Há casos em que o investigador telefona para a pessoa e pede a ela para se dirigir até a delegacia.
Segundo Neto, os golpistas que conseguem as informações as usam para falsificar documentos. Com isso, se torna possível a abertura de contas bancárias e de empresas em nome da vítima. Na maioria dos casos, fazem financiamentos ou compram produtos sem pagar. Depois de conseguir fraudar, desaparecem com o dinheiro.
Mas, ao ser percebido o golpe, a empresa entra com ação judicial contra a vítima da falsificação para cobrar indenização pelo prejuízo.
O delegado trabalha há cerca de um ano em Lajeado. Antes estava lotado na Região Metropolitana do Estado. De acordo com ele, tais golpes são comuns em cidade maiores, mas não aconteciam com frequência no Vale do Taquari. “Nunca tinha visto esse caso da suposta delegada por aqui.”
“Precisamos ficar atentos”
Morador do bairro Moinhos da Água, de Lajeado, Jaime Pitol, 55, foi vítima de tentativa de golpe no ano passado. Falsários mandaram um torpedo via celular informando que ele havia ganho um carro em uma promoção. Em seguida, um homem telefonou para explicar os procedimentos de Pitol para receber o prêmio.
Apesar de estar consciente da farsa, o morador deu atenção ao criminoso. “Sabia que era papo furado (sic), mas queria ouvir a conversa até o fim.” Em seguida, o homem lhe pediu para depositar certa quantia em dinheiro. O valor seria necessário para liberar o veículo. “Quando cansei de enrolar ele, disse que sabia da fraude e ainda ouvi desaforo. Precisamos ficar atentos, ninguém ganha um prêmio dessa forma.”
Exposição pessoal
A exposição de informações particulares e falta de conhecimento colaboram para a recorrência de crimes. De acordo com a Polícia Civil (PC), a primeira medida que as vítimas devem tomar é procurar o policiamento e registrar o fato por meio de um Boletim de Ocorrência (BO).
Em caso de tentativa de golpe pela internet, inclusive, é fundamental salvar todas as informações, imprimi-las e apresentar o material aos investigadores. Essa prática auxilia nas investigações e diminui o tempo de espera para identificar os suspeitos.
Situações de difamação e ameaças também são comuns em redes sociais. Nesses casos, além do BO, a vítima deve acionar o provedor de serviço (administrador de cada site) como Facebook, e solicitar o bloqueio do material.
Ainda é indicada a contratação de advogados particulares para processar o suspeito. Dependendo de cada caso, as pessoas lesadas podem ingressar com ações solicitando indenizações financeiras.
Outra advertência da PC é para todos os consumidores verificarem a procedência dos produtos e fazer uma comparação dos preços com os ofertados por outras empresas. Uma das principais dicas é comprar apenas de sites confiáveis que tenham boas credenciais.
R$ 39,2 mil em golpe
No primeiro semestre do ano passado, um agricultor de Mato Leitão foi vítima de estelionato por telefone e transferiu R$ 39,2 mil aos bandidos. Segundo informações da PC de Venâncio Aires, o golpe começou dia 14 de maio com uma ligação de prefixo 011.
Um criminoso se identificou como Antônio, dizendo ser advogado do produtor de um programa de televisão. De acordo com ele, a família tinha ganho uma camioneta S-10 e R$ 300 mil. Depósitos bancários foram solicitados ao agricultor para possibilitar a transferência do dinheiro e dos documentos do veículo. Como não tinha esse valor, fez um empréstimo bancário.
As investigações para descobrir os autores desses golpes algumas vezes são infundadas pela presença de laranjas. Conforme a polícia, não é difícil descobrir de onde partiram as ligações, geralmente de fora do Estado. O que ocorre é que são numeros habilitados de pessoas que perderam seus documentos.
Dicas de segurança
– Não divulgue informações particulares. A polícia não solicita dados por telefone ou e-mail
– Em caso de possíveis premiações, certifique-se com a empresa responsável
– Crie senhas difíceis de serem descobertas e as mude periodicamente
– Atualize o antivírus e o sistema operacional do computador
– Evite o uso de softwares piratas
– Cuidado com links em serviços de mensagens instantâneas e redes sociais
– Se certifique sobre a procedência dos e-mails e seus anexos
– Cuidado ao fazer compras na internet ou usar sites de bancos