Estrela – Após os prejuízos provocados pelo temporal de terça-feira, cerca de 50 moradores do bairro Auxiliadora trancaram a rua por uma hora ontem pela manhã. Eles reclamam da falta de investimentos por parte da administração municipal na infraestrutura pluvial do bairro.
A quantidade de água que correu pela via alagou várias casas. O caso mais grave aconteceu entre as ruas Menna Barreto e Antônio Xavier Dielh, onde um muro não aguentou o acumulado de água e desabou sobre uma residência. O prejuízo calculado pelos moradores é de R$ 60 mil. Boa parte dos móveis, eletrodomésticos e roupas foi perdida. Além disso, com o impacto da queda, a casa teve a sua estrutura comprometida e foi interditada pela Defesa Civil. A família deve ter um imóvel alugado pelo Executivo.
Maicon Gisch, 22, e Tatiana Rosa Hemmig, 24, correram para a rua quando o muro do vizinho desabou. Segundo eles, o muro foi feito há um ano e não tem canos para escoamento da água. “Ele simplesmente construiu e colocou mais terra. Foi muita água e a terra empurrou tudo.”
A mãe de Tatiana, Lurdes da Silva Rosa, 43, lamenta ter perdido o bem que conquistou com 20 anos de trabalho como faxineira. Calcula um prejuízo acima de R$ 50 mil com o estrago da casa, metade do telhado e dos móveis. O que sobrou está na rua, sob um telhado e sujo de barro. O chão está coberto por lodo.
Cinco pessoas moram na casa dividida em duas moradias. Na noite passada, dormiram na casa de parentes. “Tem uma viga do muro pendurada. A chuva só aumenta o risco.”
“A secretaria sabia do problema”
O pedreiro Marciel Felipe Eischtad ergueu o muro há um ano nos fundos da casa. Na época procurou a Secretaria de Obras para comunicar a falta de bueiros e bocas de lobo para melhorar o escoamento da água acumulada de outros terrenos e que invadia o seu pátio. “Não abriram nenhuma valeta. Esse estrago estava previsto e não foi feito nada para evitar. Quero ver quem pagará esse prejuízo”, questiona.
Promessa de obras
Conforme o vice-prefeito Valmor Griebler, os secretários municipais fizeram um levantamento dos prejuízos registrados tanto na cidade como no interior. Esses dados serão enviados para o Ministério da Integração para captar recursos e executar as melhorias necessárias. Entre as obras prioritárias que serão iniciadas ainda esta semana estão a troca da tubulação que liga o bairro Imigrantes à BR-386, onde ocorrem alagamentos em dias de chuva.
Hoje de manhã, deve ser realizada outra reunião para buscar uma solução para os prejuízos acumulados com a queda do muro sobre a residência. “Não vamos apontar culpados e sim tentar um acordo entre os moradores.”
No bairro Auxiliadora, também serão executadas melhorias nas ruas, abertura de bueiros e valetas para evitar novos transtornos.
Problema antigo
Silvio Farias tem uma oficina de motos há cinco anos no bairro. Diz que os alagamentos se repetem quando chove. Em janeiro fez um ano que reclamou da situação à Secretaria de Obras, mas não foi atendido. “Prometeram uma boca de lobo.”
Os moradores realizaram um abaixo-assinado solicitando calçamento. A pavimentação está prevista nas obras prometidas com recursos do PAC2.
Estragos na região
Em Lajeado, na BR-386, também ocorreram pontos de alagamento. No bairro Conservas, em um casa que não estava totalmente pronta, parte do piso cedeu, abrindo um buraco na sala de estar. No mesmo bairro, a água invadiu outras casas pelo telhado. No bairro São Bento, os fundos de uma residência foram alagados.
A Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Jacob Sehn, de Cruzeiro do Sul, também registrou estragos. O refeitório e algumas salas do educandário foram alagadas e tomadas pela lama.
Conforme a diretora em exercício da Emei, Rosilene Maria Marmitt, as atividades foram prejudicadas e muitos alunos ficaram em casa. A limpeza do local foi feita durante todo dia de ontem e as atividades voltam ao normal hoje.
Instabilidade segue até sexta
A MetSul Meteorologia alerta para o risco de chuvas torrenciais em áreas localizadas para hoje. As médias podem chegar a 70 milímetros em algumas regiões. A instabilidade será maior no Nordeste gaúcho, especialmente entre a Serra, Grande Porto Alegre e o Litoral Norte. Na sexta-feira e no fim de semana, o sol predomina com algumas nuvens. Pode ter chuva esparsa e passageira.
Na segunda-feira de Carnaval, a chuva avança do Norte da Argentina para o Oeste do Rio Grande do Sul e no decorrer do dia para a maior parte do Estado. Na terça-feira, chove no leste. As temperaturas variam entre 17 e 28 graus.
