Lajeado – A maior escola municipal da cidade não tem condições físicas de atender a todos os 620 alunos. Falta espaço para salas de orientação, cozinha e refeitório. Diretores foram obrigados a improvisar novos locais para evitar que os estudantes fiquem sem serviços básicos e sem alimentação. Queda de muro na semana passada agrava ainda mais a situação.
O problema iniciou ainda em 2012, quando foi orçada e licitada a reforma do telhado do prédio antigo da escola Dom Pedro I, localizada no bairro Jardim do Cedro. No entanto, a empresa contratada para realizar a obra alegou que o valor era insuficiente devido a outros problemas verificados na estrutura. Barrotes e as vigas estavam comprometidas. Nada foi feito naquele ano.
Em março de 2013, engenheiros realizaram nova vistoria no local. Em uma decisão conjunta com a Secretaria de Educação (SED), direção, Conselho Escolar e Círculo de Pais e Mestres (CPM), o prédio foi interditado. Os problemas na estrutura colocavam em risco a integridade dos funcionários e alunos. Lá, funcionavam quatro salas, uma cozinha e um refeitório.
Desde então, as salas que serviam para os trabalhos de orientação educacional e para recurso pedagógico foram improvisadas em dois banheiros da escola. Isso porque o prédio novo da escola está saturado com os 620 alunos – outros 18 seguem na lista de espera por uma vaga. A cozinha foi realocada para uma pequena sala de aula, e o refeitório montado no pátio.
A direção aguardava para junho daquele ano o início das obras do novo prédio. Em julho, após a demolição completa da estrutura comprometida, arquitetos apresentaram um projeto técnico para a construção de quatro salas, área de serviço, um refeitório e uma cozinha. No entanto, professores e diretores sugeriram alterações. Entre elas, a possibilidade de ampliar o espaço sugerido.
Um renovado projeto arquitetônico foi apresentado em dezembro passado, dessa vez, com aprovação por parte da direção e do quadro de funcionários da escola. Desde então, nada foi feito e a licitação para a obra ainda não foi lançada. Segundo a titular da SED, Eloede Conzatti, faltaram recursos para realizar a obra em 2013.
Ontem, após uma reportagem da RBS TV denunciar as improvisações, a SED mandou fechar as duas salas instaladas nos banheiros. Por meio de nota oficial, divulgada pela assessoria de imprensa, o Executivo admite a falta de espaço adequado para receber alunos e pais no local. Os atendimentos passam a ocorrer agora na sede da secretaria, no centro da cidade.
Prazo indefinido para novo prédio
Conforme a secretária, o projeto para construção do prédio segue em “processo orçamentário” na Secretaria de Planejamento (Seplan). “Vamos licitar a obra assim que o projeto estiver concluído.” Apesar da promessa, a administração municipal não estipulou prazo para iniciar os serviços, e inexiste qualquer garantia de que isso ocorra ainda este ano.
Sobre a falta de locais adequados para atender pais e alunos, ela tenta amenizar. Diz que as salas improvisadas passavam a maior parte do tempo fechadas e que o atendimento não ultrapassava a média de uma hora. “Neste ano, as salas sequer foram utilizadas.” No entanto, ontem a reportagem esteve no local e havia uma funcionária trabalhando no local com o computador ligado.
Uma mãe de aluna contesta as explicações da secretária. Segundo Jane Teresinha Franco da Silva, as salas eram utilizadas, pelo menos, uma vez por semana. “Todos os alunos utilizavam aquelas salas. Isso é humilhante, minha filha sempre reclama do mau cheiro.” Ela afirma ter procurado Eloede para cobrar melhorias. “Ela me disse que, se eu não estava satisfeita, deveria procurar outra escola.”
Atuando há mais de 25 anos como orientadora educacional da escola, Rose Pilz, lamenta a situação, mas critica a forma como o problema vem sendo discutido. “Somos profissionais e jamais atenderíamos alguém numa sala com cheiro ruim. As salas nos banheiros não são ideais, claro, mas eram aconchegantes e estavam dando conta.” O Executivo, sem justificativa, não autorizou fotos nas salas improvisadas.
Sem pátio para o intervalo
De acordo com a diretora, Vânia Maria dos Santos Lima, após a demolição do prédio antigo, toda a área que circundava a estrutura ficou interditada. O pátio servia para a recreação dos alunos durante o intervalo das aulas. Hoje, sem o espaço, a direção precisa dividir os estudantes no momento do recreio. “Não tem como liberar todos ao mesmo tempo.”
Mais de seis meses depois da demolição, restos de materiais de construção ainda seguem amontoados próximos às salas de aula. “Durante as férias nós fizemos diversas solicitações pedindo agilidade na liberação do pátio. Mas, infelizmente, iniciamos o ano letivo assim.”
Na semana passada, uma empresa chegou a começar o aterro do pátio. No entanto, o excesso de terra e as fortes chuvas causaram mais danos à escola. O muro lateral cedeu e pelos menos 15 metros tombaram. É comum cachorros invadirem o local, que segue desprotegido sem a estrutura. O Executivo anuncia para a próxima segunda-feira a reforma do muro.