Vale do Taquari – As cidades de Anta Gorda, Arvorezinha, Marques de Souza, Muçum, Progresso, Fazenda Vilanova e Sério foram contempladas pela terceira chamada do programa Mais Médicos, do governo federal. Até o fim do mês, os profissionais devem ser encaminhados para os postos de saúde.
Eles atuarão em uma jornada de 40 horas semanais, com vistas à atenção básica da saúde da família. Essas cidades enfrentam dificuldades para contratar. “Abrimos concursos públicos, mas não aparecem interessados”, relata o prefeito de Progresso, Edegar Cerbaro.
Diante desse cenário, para garantir atendimento, os governos oferecem altos salários. Em Progresso, por exemplo, por um contrato emergencial, o valor supera R$ 10 mil mensais. Apesar do investimento, a rotatividade nos cargos atrapalha a continuidade do serviço. Os profissionais ficam em torno de um ano a seis meses. Ao receber uma proposta em cidades maiores saem, diz Cerbaro.
Conforme o secretário de Saúde de Muçum, Leonardo Bastiani, os vencimentos para contratos emergenciais na cidade chegam a R$ 14 mil. “Pagamos uma fortuna, mas mesmo assim temos problemas em conseguir médicos.”
A saída frequente de profissionais, avalia, interfere na qualidade do serviço. “Não se cria uma relação com os pacientes.” Essa situação impossibilita a execução dos programas de prevenção.
A classe de profissionais alega dificuldades para aceitar o trabalho nas cidades pequenas devido às dificuldades no acesso, distância dos centros urbanos, falta de estrutura para as consultas, a inexistência de garantias trabalhistas, como plano de carreira, FGTS e 13° salário.
“Sem dúvida, será bem recebido”
Para o secretário de Saúde de Muçum, indiferente da nacionalidade, o profissional que chegar ao município terá respaldo com a população. “As pessoas sabem da importância de termos médicos. Sem dúvida, será bem recebido”, acredita Bastiani.
Para ele, como o programa prevê a continuidade no local por, no mínimo, um ano, isso possibilita o atendimento planejado. “Temos intuito de promover ações para reduzir a ingestão de medicamentos pelos pacientes, tratando de maneira preventiva para evitar intoxicações.”
Nas duas primeiras etapas do Mais Médicos, 113 municípios do Estado foram atendidos com 400 profissionais. O governo estadual estima suprir 75% da carência de saúde em todo o território até o fim deste ano. Os municípios terão de arcar com os custos de moradia e alimentação dos novos contratados.
De acordo com o prefeito de Marques de Souza, Ricardo Kich, além de um incremento no quadro funcional da cidade, a vinda do médico com salários pagos pelo Ministério da Saúde também alivia o orçamento. Há dois profissionais que atuam nas Estratégias de Saúde da Família (ESFs). Por ano, para o pagamento da classe, o valor alcança R$ 240 mil.
Vice-prefeito garante atendimento
O vice-prefeito de Progresso, e médico por formação, Luciano Garcia dos Passos, deixou de assumir a função de prefeito durante as férias de Cerbaro para não deixar o posto de saúde sem médico. Concursado, resolveu repassar o cargo para o presidente do Legislativo, Djeisson Carlos Caumo.
A situação da falta de profissionais se agravou após a aposentadoria de um médico e a saída de outro. Conforme Cerbaro, diante disso, o vice-prefeito optou por ficar no atendimento.