Sem estoque, repasse de material demora

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Sem estoque, repasse de material demora

Moradores aguardam há duas semanas para receber telhas e reconstruir casas

Vale do Taquari – O temporal registrado no fim da tarde de quarta-feira aumentou a agonia dos moradores de vários bairros de Lajeado. A maioria ainda aguarda auxílio da Defesa Civil para recuperar as perdas causadas há duas semanas pelo vendaval. Segundo levantamento da Defesa Civil, cerca de 20 casas tiveram parte do telhado destruída.

03Os móveis da casa de Marta Lopes, no bairro Santo Antônio, molharam com a forte chuva. As telhas de fibrocimento foram arrancadas pelo vento há 15 dias e o telhado estava coberto por lona, que furou. “Meu tio teve que subir algumas vezes para ajeitar.”

Ela mora com os dois filhos, de 10 dias e de 9 anos, na casa popular, na parte mais alta do bairro. Outras quatro vizinhas tiveram o mesmo problema. Marta aguardava a visita da Defesa Civil há duas semanas. Ontem o levantamento foi feito. Ela e a vizinha Andréia Ztradek reclamam da demora em receber as telhas e reconstruir as casas.

Marta planejava cercar o pátio este ano. Com uma renda mensal de R$ 450 mais o Bolsa-Família, destinará o dinheiro para consertar o necessário e repor o que foi estragado pela chuva.

Conforme o coordenador Gilberto Schmidt, esse foi o segundo temporal registrado em duas semanas. Somente ontem foram distribuídos cerca de 600 metros quadrados de lonas, nos bairros Santo Antônio, Conservas e Jardim do Cedro, locais onde mais casas foram atingidas. “Faltam telhas. Não existe prazo para iniciar a distribuição.”

Para agilizar o repasse às famílias atingidas deve ser decretada situação de emergência municipal. Com esse procedimento a compra de telhas e demais materiais dispensa o processo licitatório.

Conforme o subchefe da Defesa Civil do Estado, tenente-coronel Paulo Roberto Locatelli, a situação de emergência deve seguir os critérios de avaliação do Ministério da Cidades. Apurados os danos, o laudo é encaminhado à Defesa Civil Regional para comprovar a necessidade de o município receber ajuda humanitária, repasse de cestas básicas e material de construção. “Pode demorar até 48 horas para a ajuda chegar.”

Em casos onde os danos são menores, aconselha o decreto por parte do município, o que permite que a administração compre e distribua para as famílias atingidas, diz Locatelli.

Burocracia dificulta atendimento

O processo para atender famílias vítimas das intempéries do tempo demora mais do que deveria. As leis impedem uma ação imediata do município. Os casos de emergência sobrecarregam a Defesa Civil, terminando com os estoques.

Como resultado, famílias carentes aguardam semanas até receberem os materiais. As casas atingidas pelo temporal do dia 31 de janeiro continuam destelhadas. A Defesa Civil espera receber 150 telhas nas próximas semanas.

Para a destinação dos itens, é preciso um laudo técnico apontando os danos. Visando reduzir os riscos de doações irregulares pela Defesa Civil, o procedimento eleva a espera das famílias carentes.

Os repasses pelo município podem ser mais demorados. Uma das políticas desenvolvidas pelo Executivo de Lajeado é o programa de doações. Todos os beneficiários precisam estar cadastrados no Cadastro Único da Secretaria de Trabalho, Habitação e Assistência Social (Sthas).

Concluída a etapa, assistentes sociais visitam as famílias para comprovar a necessidade dos itens. Em Lajeado, as famílias se inscreveram entre janeiro e setembro de 2013. Os materiais de construção começaram a ser entregues no início desse mês.

Nesse programa, os materiais são para reformas, ampliações e construções de moradias. No ano passado, a Sthas investiu quase R$ 600 mil na compra deles. Na entrega, a formalização dificulta o atendimento às famílias.

Sem energia elétrica há 72h

Teutônia. Cinco propriedades de Linha Gamela estão sem energia elétrica desde as 19 horas da segunda-feira, dia 10. O temporal danificou o fio de uma das fases da rede trifásica. Com isso cerca de 27 residências também estão sem abastecimento de água.

A presidente do STR, Liane Brackmann, orientou produtores a registrarem ocorrência e entrar com ação do Ministério Público. “É apenas um fio que precisa ser religado. Demora apenas meia hora.”

A construção da rede trifásica foi instalada na localidade numa extensão de 1,5 quilômetro, através de uma ação judicial. A falta de manutenção provocou a queda de galhos na rede. Na propriedade de Airton e Liane Kolling, são produzidos 160 litros de leite por dia. Sem ter onde armazenar, a produção de dois dias foi perdida. O prejuízo passa de R$ 300. Airton levou o resfriador para a casa do sogro para evitar mais prejuízos.

Os alimentos armazenados na geladeira estragaram. “Tomamos banho gelado e dentro de uma bacia. A água vem de uma fonte.”

Os produtores Lauro e Ivone Schaeffer encheram os tanques de lavar roupa com água gelada para resfriar o leite. Desde segunda-feira, 135 litros azedaram. Uma parte foi transformada em queijos. “Quem paga esse prejuízo?”, questiona Lauro. O resfriador e os alimentos congelados foram levados para a casa de um vizinho.

Westfália. Na propriedade de Erno Rex, em Linha Berlim, o aviário de 140 metros foi derrubado na segunda-feira após o temporal, por volta das 18h30min. No interior haviam cerca de 27,8 mil frangos que seriam abatidos na próxima segunda-feira, dia 17. O prejuízo chega a R$ 300 mil. Em Forquetinha os fortes ventos destelharam parte da igreja evangélica, no centro.

Santa Clara do Sul. O temporal de quarta-feira arrancou o telhado do prédio da família König no centro. Segundo Eder, o prejuízo é de R$ 2 mil. Na cidade parte da estrutura onde está instalado o Banco do Brasil foi danificada e as águas invadiram um supermercado, atingindo o depósito de farinha de trigo.

Vendaval derrubou 200 árvores

A equipe de limpeza da Secretaria de Agricultura e Urbanismo (Saurb) iniciou os trabalhos ainda na madrugada de ontem para desobstruir ruas e redes de energia elétrica, atingidas por árvores que caíram devido ao temporal. O titular da pasta, Ricardo Giovanella, calcula as quedas totais ou parciais de cerca de 200 árvores em todo o município. “O trabalho deve ser finalizado até amanhã.”

O secretário de Obras e Serviços Urbanos (Sosur), Adi Cerutti, mobilizou parte da equipe para desobstruir bocas de lobo e limpar trechos da BR-386, cobertos pelas águas do Arroio Engenho, que transbordou, e da avenida Décio Martins Costa. “São lixos, folhas e galhos de árvores jogados ou deixados pelo chão e acabam entupindo esses locais.”

Estado de emergência

O temporal que atingiu Fazenda Vilanova na segunda-feira destelhou 80 casas e a creche que abriga 80 crianças. Na terça-feira, o prefeito Pedro Antônio Dornelles decretou estado de emergência, tendo em vista a amplitude dos danos, que podem chegar a R$ 30 mil.

O levantamento dos custos com os prédios públicos ainda não foi feito. Pelo menos sete foram atingidos. O Executivo acionou a Defesa Civil. A administração auxiliará os moradores prejudicados pagando metade do que foi perdido no temporal. A ajuda de custo estabelece o teto de R$ 1,5 mil.

Sem previsão de retorno da energia

Na área de concessão da AES Sul, cerca de 90 mil clientes registraram interrupção no fornecimento de energia elétrica. Até o fim da tarde de ontem, 18 mil estabelecimentos continuavam sem abastecimento na Região Metropolitana e vales do Taquari e Rio Pardo. Dois mil profissionais trabalham para consertar os danos, porém inexiste prazo para normalizar a situação.

Para comunicar falta de energia elétrica use o Torpedo Fácil, enviando um SMS para 28410, informando apenas o código de cliente, ou ligue para a Central de Relacionamento – 0800 707 7272, nas 24 horas do dia.

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