Onda de calor é a mais longa em 97 anos

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Onda de calor é a mais longa em 97 anos

Recorde acaba na quinta-feira com a chegada de uma massa de ar frio ao Estado

Vale do Taquari – O calor dá uma trégua aos gaúchos na quinta-feira. A chegada de uma frente fria traz chuva para o Estado e queda de pelo menos 13ºC na temperatura (veja boxe). A meteorologista da MetSul, Estael Sias, alerta para temporais que antecedem a mudança, amanhã.

01Na sexta-feira há perspectiva de queda mais acentuada, quando o vento passa a soprar do quadrante sul, carregando ar mais frio para o Vale . A mínima prevista é de 18ºC e a máxima de 26ºC.

Esta é a terceira onda de calor – sequência de dias com temperaturas superiores aos 33ºC – que o Rio Grande do Sul enfrenta neste verão. Até segunda-feira, segundo a auxiliar técnica do Centro de Informações Hidrometeorólogicas (CIH) da Univates, Fabiane Gerhard, tivemos 14 dias seguidos de temperaturas elevadas. O estoque de ar-condicionado zerou nas lojas nesse período.

O CIH faz registros desde 2003. Desde então, o verão mais quente em Lajeado havia sido o de janeiro de 2006, quando as máximas alcançaram os 40,3ºC. Essa marca foi superada nessa quinta-feira, com 40,8ºC na cidade.

Conforme dados da MetSul, usando Porto Alegre como referência, desde 1916 foram registradas temperaturas em torno dos 40ºC em 1943, 1958, 2006 e 2010, porém foi um período curto, nada comparado com agora, garante Estael.

Causas do “calorão”

Fatores combinados provocam a onda de calor. A água do Oceano Atlântico está mais quente que a média e o bloqueio atmosférico impede o avanço de novas frentes frias causadoras de chuvas mais significativas. Forma-se um corredor de vento norte carregando ar quente de regiões tropicais para o estado.

Estael explica que essa onda de calor formou junto ao Centro da América do Sul uma “bolha” gigante de ar quente associada à área de alta pressão. “É uma panela de pressão com ar quente aprisionado e se intensificando.” O ar mais frio fica bloqueado ao Sul da América do Sul.

A sequência de dias tórridos agravou o efeito da ilha de calor urbano. As cidades apresentam dias e noites muito quentes. Com a condição da bolha de ar a onda de calor tende a ser forte e longa. “Tivemos máximas históricas que completam duas semanas.”

Nunca foi tão quente

O agricultor Bruno Guillante tem um arquivo particular. Anota volume de chuvas, incidência de calor, frio e outras situações meteorológicas há 13 anos. Desde que começou, não tem registro de tantos dias quentes seguidos. O máximo, garante, foi três dias em torno dos 40ºC.

Solange Brandt, 77, concorda. Diz que enfrentou o calor em outros anos, mas não por tantos dias consecutivos. Lembra do verão de quando era criança e se refrescava no Rio Taquari. “Hoje nem temos mais essa opção.”

Ela percebe a diferença de casas com ar-condicionado instalado. Anos atrás via poucos. Hoje deixou de ser artigo de luxo, é uma necessidade. Ela mesmo usava às vezes. Ligava por duas horas, aó até o quarto refrescar. “Dois dias da semana passada acordei às 5h para ligar ele de novo, não dava para aguentar.”

Solange só sai de casa pela manhã. À tarde só por necessidade. Se protege do sol com filtro solar e toma bastante água.

Chuvas de verão

Durante vários dias tivemos uma sequência de dias com sol, muito calor e pancadas de chuva isoladas entre a tarde e a noite.

Fabiane esclarece que com o forte aquecimento ao longo do dia se formaram áreas de instabilidade isoladas e resultaram nas pancadas de chuva típicas de verão. Depois da chuva, a massa de ar quente continuou atuando.

Essas chuvas de verão são diferentes das causadas por frentes frias (sistema que atua mais no inverno). Quando uma frente fria avança sobre o Estado, ela provoca chuvas mais generalizadas e na sua retaguarda vem uma massa de ar frio, que então ameniza o calor.

Estael acrescenta que a massa de ar quente é muita extensa e atua desde o Sudeste até o Sul do Brasil. As chuvas localizadas em meio à “bolha” de calor não têm efeito importante na temperatura.

Atrase os relógios

Findam o calor e o horário de verão. No sábado, o relógio deve ser atrasado em uma hora quando chegar a meia-noite.

O sistema, que iniciou em 20 outubro de 2013, abrangeu Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

O governo federal estimou uma economia de R$ 4,6 bilhões em investimentos que deixarão de ser feitos e de R$ 400 milhões sem o acionamento de usinas térmicas nesse período.

Entre 2012 e 2013, o horário de verão gerou uma economia de 4,5% no período de pico nos estados em que foi adotado.

Previsão para a semana

HOJE: A massa de ar muito quente ainda atua sobre o Estado e confere mais um dia com sol e muito calor. Da tarde para a noite podem ocorrer pancadas de chuva isoladas, devido às altas temperaturas.

• MÍN: 25ºC • MÁX: 39ºC

AMANHÃ: O sol segue presente na região, porém com mais nuvens, pois haverá maior circulação de umidade sobre o Estado. O tempo permanece quente e abafado. Da tarde para a noite, podem ocorrer chuvas isoladas devido à combinação de calor e umidade. Em pontos isolados a chuva pode ser forte e vir acompanhada de temporais.

• MÍN: 24ºC • MÁX: 36ºC

QUINTA-FEIRA: O sol ainda pode aparecer na região, mas no decorrer do período uma frente fria consegue avançar sobre o Estado e provoca o aumento da nebulosidade. Condições favoráveis para pancadas de chuva. Os volumes devem ser irregulares.

• MÍN: 20ºC • MÁX: 30ºC

SEXTA-FEIRA: A frente fria atua sobre a região e mantém muitas nuvens e pancadas de chuva a qualquer hora do dia. Não se descarta eventuais aberturas do sol. As temperaturas ficam agradáveis na maior parte do Estado.

MÍN: 18ºC • MÁX:26ºC

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