Vale do Taquari – Por sorte, a perseguição a um motorista não terminou em tragédia. Por 40 minutos, policiais do Comando Rodoviário de Teutônia e da Brigada Militar de Westfália e Boa Vista do Sul tentaram interceptar um homem de 20 anos na ERS-453 (Rota do Sol). Ele só parou quando acabou a gasolina do Gol.
De acordo com o comandante da PRE de Teutônia, sargento Radamés Fabiano Prediger, o jovem admitiu ter usado cocaína horas antes de pegar o automóvel. “Disse que tinha pego R$ 400 em Estrela.”
A forma como o homem conduzia o carro chamou atenção dos policiais. No acesso a Westfália, diz Prediger, o motorista ingressou na Rota do Sol em alta velocidade, desobedecendo as placas de pare.
Em seguida, desobedeceu ordem dos militares para parar e tentou fugir. “Foi uma sequência de infrações gravíssimas.” O homem fez ultrapassagens em locais proibidos, trafegou pelo acostamento, obrigou outros condutores a saírem da via, dirigiu pela contramão. Também foi multado por dirigir sob efeito de entorpecente.
O condutor foi autuado por 18 infrações e levado à Delegacia de Polícia de Lajeado. A habilitação foi recolhida e o carro guinchado. Após prestar depoimento na DP, o motorista foi liberado.
Motorista responde por direção perigosa
O motorista será indiciado pela PC por direção perigosa e desobediência, mas não pelo crime de conduzir sob efeito de entorpecente. Segundo o delegado que atendeu a ocorrência, Juliano Fernandes Stobbe, na DP, o homem estava tranquilo, lúcido e não apresentava mais sinais que permitiriam a prisão.
Conforme o delegado, em casos de motoristas com suspeita de estarem sob influência de algum entorpecente, a PC tem um médico legista para ver se há alguma alteração psicomotora. “Ficou comprometido o registro de uso de drogas por ele estar agindo normalmente.”
“Foi como uma cena de filme”
O sargento da PRE considera sorte não ter ocorrido nenhum acidente. “Foi como uma cena de filme.” Quando o carro parou, Prediger relata que o homem estava alterado, mas não resistiu à prisão. Na delegacia, o motorista alegou que ficou assustado com a perseguição.
Segundo ele, nas abordagens é difícil verificar se o condutor está sob efeito de drogas. “Com o álcool temos o etilômetro. Mas para outras substâncias não há como medir.” Desde 2006 na PRE, o sargento diz que a avaliação dos policiais parte de pressupostos subjetivos. “Ficamos sujeitos ao erro.”
Teste com drogômetro
Projeto-piloto da Polícia Rodoviária Federal e do Centro de Pesquisas em Álcool e Drogas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) testa o “drogômetro” que registra se o motorista usou drogas. O equipamento é capaz de identificar diversas substâncias, entre as quais: maconha, cocaína, calmantes, crack e outros entorpecentes.
O aparelho leva cinco minutos para processar a análise, feita com uma amostra da saliva do condutor. O teste acusa a presença de drogas no organismo até 24 horas após o consumo. Na primeira etapa do projeto, que deve começar no primeiro semestre de 2014, não há punições. Os resultados das abordagens passam por outros testes em laboratório.
Para aplicação de multas aos motoristas sob efeito de substâncias ilícitas, a lei atual precisa de reformulação. Após a etapa dos testes, será necessária a alteração da norma para que equipamento possa ser utilizado com essa finalidade.
Estudo divulgado em 2010, pelo Centro de Pesquisa de Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), revelou que 5% das mortes no trânsito ocorreram com a participação de motoristas usuários de drogas. A pesquisa apontou que 32% dos acidentes fatais têm relação com consumo de álcool.
Efeito na direção
Cocaína – estimulante, causa euforia no usuário seguida por tensão e necessidade de usar mais droga. Estudos mostram uma pequena melhora na performance do motorista durante a primeira fase. Por outro lado, o condutor sob efeito está mais propenso a assumir comportamentos de risco, o que pode acarretar em acidente.
Maconha – pesquisas mostram que é a droga mais usada por motoristas em todo o mundo. A Cannabis influencia nas percepções, na performance psicomotora e cognitiva. Interfere diretamente na capacidade de dirigir. Testes mostram que os efeitos se aproximam com a embriaguez.
Alucinógenos – Os alucinógenos (GHB, LSD etc.) causam alucinações, sonolência e reações psicóticas. Debilitam o motorista, reduzindo a performance psicomotora.