O impasse entre governo e comerciantes da av. Alberto Pasqualini, no bairro São Cristóvão, chega aos tribunais. O grupo elabora um pedido de liminar para o retorno do estacionamento do trevo da BR-386 à rótula da Univates. O documento deve ser encaminhado ao Judiciário nos próximos dias.
Menos de uma semana após divulgar a permissão em determinados horários, o Executivo voltou atrás e proibiu integralmente o uso da via para estacionamento. A decisão foi tomada ontem. Na segunda-feira, horas antes da manifestação, líderes do movimento foram chamados para uma reunião.
O governo pediu para cancelar o ato. “Abrimos o diálogo, mas não quiseram nos ouvir”, argumenta o secretário de Trânsito e Segurança Pública, Gérson Teixeira. Diante da postura incisiva dos manifestantes, diz, a administração municipal retomou o projeto original.
Conforme o vice-prefeito em exercício, Vilson Jacques, a decisão considera os depoimentos dos manifestantes de que mesmo com a flexibilização dos horários o problema persistiria. “Como o argumento do prazo de adequação foi considerado insuficiente, retomamos o projeto inicial.”
No trecho de quase dois quilômetros há 73 estabelecimentos comerciais, entre supermercados, barbearias, postos de gasolina, revenda de automóveis, e outros. Parte deles sem espaço para estacionamentos. Donos de restaurantes atestam queda no número de clientes, como é o caso de Waldir Sebben.
Segundo ele, as pessoas preferem parar próximo ao estabelecimento. Como não há mais estacionamento, optam por outros restaurantes. Além do fim das vagas, parte dos comerciantes do bairro São Cristóvão reclama do excesso de velocidade e da dificuldade dos pedestres atravessarem.
“Virou algo pessoal”
Um dos organizadores da manifestação, o empresário Claudir Degasperi, acredita que a decisão de retornar com o projeto inicial se deve à postura de manter o protesto e a ideia de ação judicial.
“Virou algo pessoal. Fizeram isso como represália por não termos aceitado a adequação temporária.”
Para ele, a posição do Executivo deixou claro que eles não queriam debater com a sociedade as mudanças. “Vieram para transformar a avenida em via expressa.” Na reunião antes do protesto, diz, recebeu ameaças para cancelar o ato. “Eles disseram que se a gente fizesse o protesto, eles iram voltar à situação anterior.”
Manifestações de apoio à mudança
Segundo Jacques, tanto nas redes sociais, comentários em páginas de veículos de comunicação e pessoalmente, há muitos lajeadenses apoiando a iniciativa do governo. O vice-prefeito considera que com uma ação judicial o impasse tende a ser decidido. “Fico satisfeito se fizeram isso, pois vamos deixar a Justiça resolver se devemos ou não permitir o estacionamento.”
A respeito da hipótese de represália, Jacques rechaça esse propósito. “Em nenhum momento voltamos com a ideia inicial como uma forma de revanche. Nossa proposta de adequação não foi aceita, em função disso retomamos a proposta.”