Déficit de vagas exige investimentos

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Déficit de vagas exige investimentos

Lajeado deixa de ser subsede da Copa do Mundo de 2014 por falta de hospedagem

Vale do Taquari – Dois eventos de grande proporção foram suficientes para lotar a maioria dos hotéis de Lajeado. Sobraram poucas vagas para este fim de semana. Delegações tiveram de se hospedar em pousadas de municípios menores. Realidade persiste há anos e exige novos investimentos. A cidade permanece no catálogo da Fifa, mas já deixou de ser subsede. Mesmo com mais de 900 leitos disponíveis e distribuídos em oito hotéis, a capacidade para receber visitantes é considerada baixa em Lajeado. Um evento esportivo e outro de estudos organizado pela Univates, aliados às rotineiras viagens de negócio, festas de família e casamentos, foram suficientes para ocupar quase 100% dessas vagas.

Existem também pousadas e outras formas de hospedagem. A Associação Comercial e Industrial (Acil) estima em 1,2 mil leitos a capacidade hoteleira de Lajeado. De acordo com o empresário Ronaldo Zarpellon, proprietário do Hotel Zallon, a grande demanda de clientes foi uma realidade durante todo o ano.

Zarpellon adianta que nos próximos quatro fins de semana o hotel estará lotado. “É ótimo para o empresário, mas ao mesmo tempo demonstra uma carência na cidade.” Como presidente da Acil, ele demonstra preocupação com a falta de união entre os hoteleiros. “É preciso discutir mais a possibilidade de criar uma associação que fortaleça o setor.”

“Deixamos de ser subsede da Copa do Mundo”

Zarpellon acompanhou de forma intensa as negociações que levaram Lajeado a ser cadastrada como subsede da Copa do Mundo de 2014 pela Fifa. A conquista, segundo ele, foi perdida. “A cidade já caiu fora, perdeu o cadastro e deixou de ser sede.”

As negociações iniciaram em novembro de 2009, quando o então secretário extraordinário da Copa no RS, Paulo Odone, esteve em Estrela para apresentar o projeto do Mundial de 2014. Naquela ocasião, a falta de leitos e a pouca capacidade hoteleira já eram citadas como empecilhos.

Líderes do Vale do Taquari começaram a se movimentar de forma mais intensa em julho de 2010. Representantes da Amturvales, do Codevat, da Amvat e da Câmara da Indústria e Comércio – Vale do Taquari (CIC-VT) se reuniram e criaram um grupo de trabalho que passou a discutir só assuntos relacionados à Copa do Mundo.

A contratação de um executivo regional chegou a ser cogitada, mas a negociação nunca se concretizou. O grupo trabalhava em duas vertentes. A primeira era baseada na hipótese de uma seleção escolher Lajeado como subsede, e no retorno financeiro que a hipótese traria à cidade. A outra opção era atrair turistas que se hospedarão no Estado para acompanhar o evento mundial.

No catálogo da Fifa, e no site do Governo do Estado, Lajeado ainda consta como subsede. Mas, a própria assessoria da Secretaria Estadual do Esporte e do Lazer admite o descredenciamento da cidade. O motivo: falta de hotel.

O único cadastrado junto à Fifa, o Complexo Hoteleiro e Residencial In Italy Hotel, programado para ser erguido ao lado da Arena do Lajeadense, no bairro Floresta, teria 39 mil metros quadrados de área construída com 80 quartos. No entanto, mesmo com uma carta de crédito aprovada de R$ 18 milhões para a obra, o projeto ainda não saiu do papel.

Nessa semana, um simulado de evacuação no estádio do Lajeadense – marcado para 30 de novembro – foi cancelado. A suspensão, conforme a Defesa Civil, foi motivada por Lajeado não ser mais considerado subsede de treinamentos para seleções da Copa do Mundo de 2014.

Investimentos trazem alento

Pelo menos três hotéis em Lajeado receberam investimentos nos últimos meses. Conforem o gerente do Hotel Locatelli, Nelson Locatelli, foram gastos quase R$ 1,5 milhão em reformas e ampliações no local. Foram construídos 20 novos quartos, além de outras melhorias.

De acordo com Mauro Boche, gerente do Hotel Valler, em janeiro a direção pretende inaugurar as obras de ampliação. A perspectiva é disponibilizar 60 novas vagas. Hoje, o local tem capacidade para receber 180 pessoas. Em 2014, haverá espaço para 240. “Está sempre lotado, e a nossa expectativa é continuar assim mesmo com a ampliação.”

Segundo Boche, o hotel deixou de receber cerca de 300 visitantes que participam de um evento na Univates neste fim de semana. “É chato fazer isso, mas não há mais espaço. É normal indicarmos outros hotéis para as pessoas.”

Há também outros empreendimentos em construção ou sendo planejados na cidade. Um deles, o Aspen Hotel, ocupará uma área de 2,5 mil metros quadrados no bairro São Cristóvão, e terá cerca de 80 apartamentos.

Em 3 anos, 306 novos leitos na região

A dificuldade de encontrar hospedagens é um problema em todo Vale do Taquari. Hoje, segundo a Amturvales, a rede hoteleira possui 56 estabelecimentos distribuídos em 25 municípios. Juntos, geram em torno de 340 empregos.

Alguns municípios menores, como Forquetinha e Colinas, sequer possuem hotéis ou pousadas para receberem os visitantes. São pelo menos 11 cidades sem opção de hospedagem na região.

Em três anos, o número de leitos aumentou de 2.767 para 3.073. Em novembro de 2010, eram 1.336 quartos disponíveis para os turistas. Hoje, com alguns investimentos, existem 1.469. (ver tabela). Estrela e Teutônia são municípios que se destacaram nos últimos meses com o aumento no número de vagas.

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