Vale do Taquari – A região está de luto. Um brutal acidente no KM 307,5 da BR-386 matou sete pessoas por volta das 19h20min de ontem. Conforme a Policia Rodoviária Federal (PRF), um caminhão desgovernado que se deslocava no sentido interior-capital invadiu a pista contrária no trecho próximo a ponte sobre o Rio Fão atingindo outros quatro veículos.
Com a violência do choque, o motorista do caminhão – com placas de São Miguel das Missões – morreu na hora. Junto dele, outros cinco integrantes de uma família de Nova Santa Rita, que estavam em um Fiat Tipo, e o condutor de um Fiat Uno – de Tubarão, Santa Catarina -, também morreram no local. A maioria das vítimas ficou carbonizada. Após a colisão, o caminhão subiu em uma ribanceira.
O acidente envolveu ainda outros dois veículos. Quatro pessoas que estavam em um Fiat Prêmio ficaram feridos e foram encaminhadas ao Hospital Bruno Born (HBB). Três irmãos passam bem. Eles são filhos do casal que morreu junto com outro irmão e duas tias que viajavam no Fiat Tipo.
Um amigo que viajava com os três irmãos sofreu alguns traumas. O estado de saúde dele é estável. Em estado de choque, os sobreviventes não foram identificados até o fechamento da edição. Eles foram liberados durante a noite. Os ocupantes de um Corolla, que também se envolveu no acidente, saíram ilesos.
Além da PRF, a Brigada Militar, o Samu e o Corpo de Bombeiros também auxiliaram no atendimento aos sobreviventes e na segurança do tráfego. A rodovia ficou totalmente interrompida em ambos os sentidos por cerca de duas horas. Houve também um engarrafamento aproximado de três quilômetros. Pedações de veículos e a carga de grãos do caminhão ficaram espalhados em uma área de quase 300 metros.
13 mortes em 2008
Em 22 de julho de 2008, um acidente matou 13 pessoas e feriu outras 22. Foi o caso mais grave registrado no Vale do Taquari. A colisão aconteceu na BR-386, em Fazenda Vilanova. O caminhão, um Iveco 450 (a serviço da Transportadora Giovanella), colidiu de frente com um ônibus da empresa Ouro e Prata, que se dirigia de Porto Xavier para Porto Alegre.
A colisão aconteceu sobre a ponte do Arroio Concórdia, no quilometro 371, logo após uma curva. Pelo laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP), o motorista da carreta perdeu o controle, invadiu a pista contrária atingindo o coletivo.
Duas informações reforçam a possibilidade de que o caminhão teria invadido a pista contrária. Uma delas é o relevo da pista, que teria induzido o veículo a ir à esquerda, em direção à pista contrária. A outra é o depoimento de dois sobreviventes. Um passageiro viajava ao lado do condutor do ônibus.
No relato, afirmou que no momento do acidente o caminhão vinha na contramão. Outro sobrevivente confirmou a versão. A transportadora contratou profissionais para fazer o levantamento sobre as causas do acidente. O laudo da empresa contradiz a posição oficial. Passados mais de cinco anos, sobreviventes e familiares aguardam a decisão judicial.
O ano de 2008 foi determinante para aumentar ainda mais a pressão popular pela duplicação da BR-386. Quatro meses antes do trágico ocorrido, outras cinco pessoas da mesma família morreram em um acidente no trecho urbano de Lajeado, próximo ao bairro Conventos. Até hoje, a região ainda aguarda pela finalização das obras da rodovia.
Análise
A tragédia de Fazenda Vilanova acelerou o processo de duplicação da BR-386 entre Tabaí e Estrela. Ainda que as obras se arrastem, postergando prazos, com impasses entre órgãos públicos, a construção foi confirmada após 20 anos de espera.
Em 2012, a União confirmou recursos para o início do projeto para continuidade da duplicação até Iraí. Sem prazo para efetivação do investimento. É lamentável que tragédias tenham que ocorrer para que o poder público tome providências.
Talvez o acidente da noite de ontem tenha o mesmo efeito sobre as autoridades. Com a pressão da sociedade, as obras indispensáveis podem ocorrer com a mesma velocidade dos investimentos confirmados em épocas de campanha eleitoral.
Além da questão envolvendo a segurança nas estradas, uma política fundamental é ampliar os modais de transporte. Hoje, praticamente toda a logística para escoamento agrícola passam pela malha viária. O que acarreta em um número excessivo de caminhões e mais registros de acidentes graves.