Lajeado – Após matéria veiculada sobre os buracos nas ruas do bairro Florestal, o engenheiro responsável pela execução das obras, Diego Conte, culpa a Corsan pelo atraso. Alega que a estatal não paga pelas construções desde setembro e acumulou dívida de R$ 450 mil, além do valor não faturado em dezembro e janeiro. A Corsan nega e diz cumprir os cronogramas financeiro e de obras.
Segundo Conte, o montante a receber da empresa alcança R$ 800 mil. Diz ter faltado materiais para seguimento das obras devido à inadimplência e fala sobre os acabamentos malfeitos. “Sem o dinheiro, não podemos comprar brita e asfalto. Nos dizem que houve problemas no fluxo de caixa em 2013.”
Conforme o engenheiro, cinco datas para pagamentos foram estipuladas, desde novembro. Nenhuma se cumpriu. O novo prazo para repassar os valores expira amanhã, 16. Se recebido o dinheiro, afirma que as vias serão repavimentadas.
Conte representa a empresa Merco Service Participações, contratada pela Esac Empreendimento de Mão de Obra, licitada pela Corsan. Duas outras empresas já trabalharam na obra, porém com mão de obra desqualificada. “Precisamos limpar (sic) a imagem da Esac”, diz.
O outro lado
Engenheira da Corsan, Fernanda Pescador nega atrasos acumulados. Argumenta que apenas um pagamento referente ao período de novembro a dezembro está pendente. A fatura é de R$ 229 mil, e promete quitar nesta semana. Conforme ela, as obras devem seguir com andamento normal após transferência do valor.
Para o superintendente-adjunto da Corsan, Lutero Fracasso, as empresas são pagas pelos serviços prestados, após fiscalização. Ressalta o cumprimento do cronograma financeiro e reforça atraso de apenas uma parcela a pagar. Sobre os atrasos, culpa as repavimentações e festividades do fim de ano.
Conte insiste em outra versão. Além dos R$ 229 mil, diz ter R$ 211 mil pendentes que correspondem a novembro, e valores de dezembro e janeiro. Segundo ele, os R$ 229 mil são referentes a outubro. “Quando recebermos o dinheiro nesta semana, continuaremos as construções.”
A reportagem contatou a Esac Empreendimento de Mão de Obra, que intermedeia as transações entre Corsan e Conster e Consetran, porém a direção não se manifesta sobre o assunto.
Análise
Instalar rede de esgoto em uma cidade já edificada, como é Lajeado, dificulta o processo. Arrancar calçadas, interromper ruas, ligar a rede nas residências são transtornos inevitáveis. Eles pioram, quando o serviço é malfeito e demora bem mais do que o previsto.
O impasse criado na execução da obra nos bairros Florestal e Moinhos beira o descontrole. As contradições quanto ao pagamento entre Corsan e empresa contratada para fazer os trabalhos dimensionam o tamanho do problema. O retrato está nas ruas, cada vez mais esburacadas e com fluxo prejudicado. Diante dos desencontros, urge unificação de discursos entre os envolvidos, esclarecimento sobre o destino do dinheiro e uma resposta consistente à população quanto ao término, ou pelo menos, andamento das obras. Afinal, os moradores não têm nada a ver com os impasses burocráticos criados pelos gestores.