Lajeado – A nova diretoria da Uambla pretende cobrar o passivo acumulado nos últimos anos. O valor ultrapassa R$ 1,3 milhões, e serviria para amenizar os débitos herdados da gestão anterior. Na reunião de sexta-feira, funcionários foram informados sobre a atual dívida de R$ 425 mil, valor que aumentará com outras rescisões trabalhistas.
Os cobradores e funcionários da área administrativa ainda não receberam os salários referentes ao último mês de trabalho, dezembro. A direção anterior sequer concedeu o aviso prévio. Alguns ameaçam entrar na Justiça para cobrar os passivos trabalhistas. Além disso, há pelo menos três meses a entidade atrasa o depósito do FGTS.
Marcos Salvatori, novo presidente da Uambla, pretende sensibilizar os motoristas devedores. “Vamos tentar de forma amigável. As pessoas precisam entender que a quitação dos débitos será revertida em melhorias e investimentos.” Na sede da Uambla, é possível ter acesso aos cadastros de todas as placas de veículos, onde constam os valores a serem pagos.
Já houve uma renegociação com os maiores devedores em 2012, quando cerca de R$ 111 mil foram recuperados. Segundo ele, a entidade não pretende cobrar juros e demais correções de valores. “O motorista vai arcar só com o valor que não foi pago.”
Apesar disso, o presidente não descarta a cobrança por via judicial. Mas adianta que a decisão depende de avaliação da assessoria jurídica da entidade. Em fevereiro de 2012, o então presidente, Darci Pólis, anunciava pela primeira vez a tentativa de recuperar valores devidos. O montante, na época, beirava os R$ 750 mil. A judicialização das dívidas também foi cogitada, mas nunca ocorreu.
Rescisões custam R$ 144 mil
Só com os passivos trabalhistas dos funcionários a Uambla acumula uma dívida de R$ 144 mil. O restante dos débitos é de empréstimos bancários e outras pendências com profissionais autônomos. Com quatro cobradoras grávidas, Salvatori ainda não sabe como proceder nesses casos. “Vamos ver a forma legal de demitirmos e vamos arcar com os custos.”
O presidente pretende juntar todos os documentos referentes aos inadimplentes e às dívidas da Uambla.
Quer entregar tudo até sexta-feira para o Executivo. O auxílio financeiro da administração municipal é visto como “fundamental” pela nova diretoria. “Existe um cunho social neste processo. Aguardamos e dependemos muito dessa ajuda.”
Conforme antecipou o secretário de Governo, Auri Heisser, a administração municipal já iniciou os trâmites para auxiliar nas indenizações. Lembra que o mesmo foi feito com funcionários demitidos após o fechamento da Obra Social São Cristóvão.
A proposta precisa ainda do aval dos vereadores. O Executivo também pretende auxiliar na manutenção da Uambla, bem como no pagamento do aluguel da sede, de água e luz, e até o salário de alguns funcionários.
Além disso, orientará a empresa que assumir o estacionamento rotativo para recontratar os cobradores que deixaram de trabalhar no fim do ano. O convênio com a administração municipal encerrou no dia 31 de dezembro. Eram 23 cobradores atuando na área central de Lajeado.
Falta de fiscalização “quebrou” a Uambla
A ausência de multas e fiscalização contra motoristas inadimplentes praticamente inviabilizou os serviços da Uambla. Antes da intervenção do Ministério Público (MP) em maio de 2012 – quando o promotor Carlos Augusto Fioriolli ajuizou uma ação civil pública questionando o convênio – , havia uma média de 200 multas por mês. Em janeiro do mesmo ano, por exemplo, foram 235 em apenas 20 dias.
A inadimplência, na época, não superava 30% dos motoristas. Com a fiscalização rígida, motoristas respeitavam a cobrança, e com os recursos em dia, era possível manter até 50 cobradores nas ruas. Após a ação do MP, o Executivo parou de multar, a inadimplência superou 70% e a falta de recursos reduziu para 23 o número de funcionários atuando nas áreas azuis. De férias no litoral, o promotor não atendeu a reportagem.