Lajeado – A administração municipal se reúne hoje com representantes do Judiciário para discutir a situação dos caingangues que, desde dezembro, se instalaram às margens da ERS-130 para venda de artesanato. Índios da tribo Foxá reivindicam uma área central para comercializarem os produtos fabricados por eles. Terreno da Polícia Civil é avaliado.
Os índios cobram uma promessa da administração municipal, feita em 2007. Naquela mesmo época, eles foram realocados das margens da ERS-130 para uma área localizada entre os bairros Santo Antônio e Jardim do Cedro. O compromisso firmado com o Executivo previa a construção de quiosque na área central, e foi condição para a saída da tribo da rodovia.
Em outubro de 2013, poder público e líderes da tribo se reuniram pela primeira vez para debaterem o assunto. Foi discutida a possibilidade da construção do quiosque no Parque Professor Theobaldo Dick. No entanto, a legislação municipal proíbe novas obras naquele local.
Foi debatida a utilização de uma área junto à Feira do Produtor. A especulação foi rechaçada pelos produtores que usam o local. Eles foram convidados para participar da reunião de hoje. Alguns vereadores também se apresentaram opostos a essa ideia. O secretário de Agricultura, Ricardo Giovanella, considera inviável a construção do quiosque naquele terreno.
Uma área localizada na av. Décio Martins Costa foi cogitada. No entanto, por se tratar de área alagadiça, o poder público deve descartar a possibilidade. Além disso, o pouco movimento do local não agrada aos indígenas.
A administração municipal aguarda agora pelo aval do Governo do Estado. Existe a possibilidade de utilizar parte do terreno da Polícia Civil para construção da tenda indígena. A área, localizada na esquina das ruas João Abott e Santos Filho, fica em frente à Feira do Produtor. Há recurso disponível para a obra.
“Se o Estado sinalizar que é possível, a solução desse entrave estará próxima”, avalia o secretário de Governo, Auri Heisser. Ele critica a resistência de alguns produtores, e garante que a área da feira é ideal para receber o quiosque dos índios. No local, o Executivo prevê cerca de isolamento e banheiro próprio para a tribo.
EGR não se posiciona
A tenda instalada às margens da ERS-130, próxima à entrada do bairro Montanha, atrapalha o trânsito. Parte do material exposta pelos índios cobre uma das placas instaladas na rodovia. Além disso, motoristas que realizam compras no local acabam utilizando o acostamento para estacionarem os veículos.
A faixa de domínio da rodovia é de 30 metros. Nesse perímetro, nenhuma estrutura pode ser construída. Quando os índios invadiram o local, o presidente da EGR, Luiz Carlos Bertotto, condenou a atitude. Ontem, a estatal não se posicionou sobre o tema. Além dos indígenas, outros comerciantes autônomos costumam utilizar a área para expor produtos.
No local até 2007
A maioria dos índios chegou a Lajeado oriunda de Nonoai, próximo à divisa com Santa Catarina. Em outubro de 2007, após negociação com o poder público, a tribo deixou a margem da rodovia. Uma pequena aldeia foi construída com recursos municipais, próximo a outro trecho da ERS-130, em frente à Arena Alvi Azul.
No local, uma tenda para comércio de produtos foi disponibilizada para os índios às margens da rodovia. Mas eles reclamam do pouco movimento, e exigem uma área no centro da cidade. Na aldeia, as escassas visitas da Funai evidenciam as más condições sanitárias em que vivem as 23 famílias indígenas.