TJE mantém condenação de 4 acusados

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TJE mantém condenação de 4 acusados

Antes do recesso do Judiciário, 4ª Câmara Criminal recusa apelos da defesa e do MP

Lajeado – A autoria do suposto esquema para desviar pneus, evidenciado em abril de 2005, se restringe aos empresários Osório Storck, Emir Bagatini e aos borracheiros Valdemar Berstein e Sérgio Dietter. Para a Justiça, os oito servidores municipais atrelados ao caso são inocentes.

O Tribunal de Justiça do Estado (TJE), no dia 19 de dezembro, manteve a decisão em primeira instância, quando o juiz Rodrigo de Azevedo Bortoli condenou o quarteto pelo crime de peculato. Cabe recurso. A pena: reclusão em regime semiaberto de quatro anos e oito meses além de 20 dias multa.

01A denúncia ao Judiciário ocorreu após auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE), em maio de 2005. Pelo levantamento, sumiram 42 pneus, 31 câmaras de ar e 12 protetores de aro. Um prejuízo aos cofres públicos estimado em mais de R$ 45 mil.

Na época secretário de Obras e Serviços Urbanos, Mozart Lopes, registrou ocorrência policial. Na investigação, se comprovaram falhas do município no controle de entradas e saídas do almoxarifado do Parque de Máquinas.

No acórdão do tribunal, o relator, o desembargador Rogério Gesta Leal, definiu que Berstein se aproveitou da informalidade com que era tratada a prestação de serviço da sua borracharia ao município para retirar os itens e transferir para os demais co-réus.

Absolvição dos servidores

Um dos envolvimentos controversos surgidos na investigação foi o de Jatir Schaffer. Na época, cargo de confiança na Secretaria de Agricultura. No depoimento de uma testemunha, ele foi citado como suspeito por ter contato com um dos acusados e frequentar o estabelecimento dele. Pelo relato, o ex-servidor municipal teria tentado colocar em seu veículo pneus da administração.

No julgamento, a fala da testemunha foi considerada inverossímil. Conforme o acórdão, o depoimento foi permeado de incongruências, sem qualquer comprovação de envolvimento no crime.

Para o advogado de Schaffer, Ney Fensterseifer, a entrada do ex-servidor na investigação teve questões políticas como mote. “Havia uma indisposição entre o delegado e o governo.”

Segundo o advogado, a função de Schaffer não tinha qualquer relação com a Secretaria de Obras, ou acesso ao Parque de Máquinas.

Conforme a decisão, “[…] tendo em vista que as provas produzidas tanto na fase inquisitorial como na judicial não atestaram, nem mesmo superficialmente, a ocorrência das condutas imputadas ao acusado Jatir Schaffer na denúncia, apenas havendo demonstração do seu comparecimento junto ao empreendimento de outro acusado, o que isoladamente considerado, não se presta a indicar a sua participação no ilícito, a absolvição de Jatir é medida imperiosa. […]”

Os outros sete absolvidos são Edio Dorr, Valdecir Carlos Pallaoro, Pedro Bento Soares Siebra, Wilson José da Rocha, Luis Irineu Kich, Pedro Albino Schuhl e Luciano da Silva.

Município aguarda resposta da Justiça

Em dezembro de 2013, o governo recebeu a informação do paradeiro dos pneus furtados. O filho do fiel depositário nomeado pela 4ª Câmara Criminal do TJE procurou o Executivo para tentar devolver os itens.

Depois disso, a assessoria jurídica da administração municipal ingressou com pedido na Justiça para reaver os pneus. Conforme o secretário de Governo, Auri Heisser, por enquanto, não houve resposta do TJE.

Após o possível aval, o governo pretende reutilizar os pneus. Para tanto, fará uma avaliação das condições dos produtos, a data de validade, o grau de desgaste e a possibilidade de colocá-los nos veículos. Aqueles fora de condições serão vendidos.

Zen afirma que pneus não pertencem ao município

Ex-vice-prefeito, Sidnei Zen, atesta que os pneus guardados pelo depositário não são aqueles comprados pela administração municipal passada. Segundo ele, o material estocado pelo depositário é fruto de apreensão devido à falta de notas fiscais.

Os produtos, conforme ele, pertencem a Emir Bagatini. Em 2010, conta Zen, com autorização do MP, o governo havia recuperado oito pneus, identificados como de propriedade do município. De acordo com o ex-gestor, há documentos na prefeitura comprovando o fato. “O atual governo desconhece isso pois não procuraram.”

Zen supõe que o retorno do caso é uma tentativa do Executivo em criar situações para desviar a atenção da comunidade. “Eles têm histórias mal explicadas e querem retomar um assunto superado, em que se comprovou não haver envolvimento do governo da época.”

O secretário de Governo, Auri Heisser, garante que os pneus encontrados estão na lista do furto. “Temos essa informação da Justiça”. Para ele, os questionamentos levantados pelo ex-vice-prefeito não condizem com a verdade.

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