Lajeado – A primeira reunião da nova diretoria da Uambla com os funcionários foi tumultuada. Os cobradores receberam a informação de que o salário de dezembro não será depositado na segunda-feira, assim como o pagamento pelas férias. Além disso, a entidade atrasa o deposito do Fundo de Garantia dos trabalhadores. Novo encontro foi marcado para o dia 10.
O novo presidente, Marcos Salvatori, afirma não ter recebido todos os documentos referentes as contas da entidade. Ele pretende juntar todo o material para só então solicitar auxílio financeiro. A dívida atual é próxima de R$ 100 mil, mas deverá chegar a R$ 240 mil com os passivos trabalhistas.
Há empréstimos bancários que não foram quitados pela gestão anterior, e o saldo do cheque especial está negativo. “Hoje de manhã me informaram que a conta bancária no Sicredi “estourou” após os juros serem debitados.” Dívidas com o contador e com a assessoria jurídica também atrapalham a nova diretoria.
Créditos adquiridos
A Uambla precisa devolver ainda R$ 26 mil em créditos já adquiridos por empresas. A expectativa é somar o montante da dívida nas próximas semanas. A partir disso, encontros com empresários serão agendados para tentar angariar recursos. “Precisamos de ajuda. Nossa maior preocupação é quitar os débitos com os funcionários.” Um pedido oficial ao Executivo deve ocorrer ainda em janeiro.
De acordo com o secretário de Governo, Auri Heisser, a administração municipal já trabalha para auxiliar nas indenizações. “Embora seja privada, a Uambla prestava um serviço público. O trabalhador não tem culpa dessa confusão, por isso é nossa obrigação ajudar.” Ele lembra que o mesmo foi feito com funcionários demitidos após o fechamento da Obra Social São Cristóvão.
O Executivo deverá auxiliar também na manutenção da entidade. Custeio de aluguel, de água e luz, e até salário de funcionários poderão ser quitados com recursos públicos. “Mas tudo isso será avaliado, para que ocorra dentro da legalidade. É importante que a entidade se mantenha.” Segundo Heisser, a empresa que assumir o estacionamento rotativo será orientada a recontratar os cobradores.
Antes do fim do convênio com a administração municipal, que garantia os direitos pela cobrança do estacionamento rotativo, 23 cobradores atuavam na área central de Lajeado. Outros dois estão encostados, e quatro funcionárias estão grávidas. Todos serão demitidos.
Ex-direção não concedeu aviso prévio
A gestão anterior não concedeu aviso prévio aos funcionários no fim de novembro. “Acho que terei que pagar salário de janeiro em função disso. Bastava a outra gestão ter concedido o aviso prévio e o problema seria menor”, lamenta Salvatori.
Duas cobradoras ameaçam ingressar na Justiça caso não recebam os valores devidos. Uma delas, que atua desde 2007 com carteira assinada, reclama de falta de transparência da gestão anterior. Ela recebia R$ 770 mensais de salário bruto e também cobra duas férias que não foram pagas pela entidade. “Neguei propostas de emprego porque me garantiram que haveria serviço para nós.”
Outra funcionária reclama da disparidade de tratamento entre os funcionários. Isso porque uma ex-secretária, cujo salário estava entre os mais altos da empresa, recebeu aviso prévio em novembro e foi demitida no dia 30 de dezembro. Ela teria recebido todos os passivos trabalhistas e, mesmo após a demissão, trabalhou no fechamento das contas na última quinta-feira. “Por que só ela recebeu esse tratamento?”, questiona.
O ex-presidente, Darci Pólis, afirma que foi a ex-secretária que solicitou a demissão. Sobre o aviso prévio aos cobradores, diz que “não havia sido informado oficialmente sobre o fim do convênio com a administração.” No entanto, o encerramento das cobranças por parte da Uambla estava pré-determinado no contrato assinado por ele em janeiro, e foi amplamente divulgado pela imprensa e pelo próprio Executivo.