Chuva cessa, mas retorna na terça-feira

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Chuva cessa, mas retorna na terça-feira

Precipitação registrada nesta semana foi tardia para evitar prejuízos nas lavouras

Vale do Taquari – Depois de uma semana chuvosa, com queda na temperatura, o sol volta a predominar neste sábado e domingo. A precipitação acumulada desde segunda-feira na região chega a 99,4 milímetros (veja tabela), causando alento a muitos produtores rurais. Apesar da chuva, lavouras contabilizam prejuízos de até 50% devido ao calor intenso de dezembro.

3Conforme o Centro de Informações Hidrometeorológicas (CIH) da Univates, de Lajeado, o tempo melhora a partir da manhã deste sábado. A mudança se deve pelo ingresso de uma massa de ar seco no Estado. De acordo com a técnica Juliana Tomasini, o dia pode começar com maior quantidade de nuvens, mas o sol retorna no decorrer do período.

Pela manhã, as temperaturas ficam mais baixas em relação aos últimos dias. Segundo estimativa, devem estar em 17ºC ao amanhecer e à tarde por volta de 28ºC. No domingo, o tempo permanece firme, com predomínio do sol ao longo do dia. De manhã fica ameno com mínimas ao redor dos 16°C. À tarde, as máximas podem alcançar 32ºC.

A precipitação registrada na semana, conforme Juliana, se deve à atuação de um frente fria sobre o Estado. Ao se encontrar com uma massa de ar quente e úmida, a frente propiciou fortes áreas de instabilidade, sobretudo na quinta-feira, quando choveu 32,3mm.

No fim de semana, a onda segue em direção a Santa Catarina e Paraná. De acordo com previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as condições são favoráveis à ocorrência de chuva, moderada a forte com trovoadas e possibilidade de queda de granizo e rajadas de vento nos dois Estados.

Ela retorna ao Rio Grande do Sul a partir da segunda-feira, com maior probabilidade de influência sobre o Vale do Taquari na terça. Para a quarta, são previstos 24mm com pancadas em áreas isoladas da região.

Alento no campo

De acordo com o gerente da Emater Regional de Lajeado, Luiz Henrique Bernardi, as chuvas desta semana tranquilizam produtores do Vale. Muitas lavouras, segundo ele, estavam em situação crítica, sobretudo as de milho. A cultura, cultivada em 50,5 mil hectares, está em período de floração e enchimento de grãos, e diversos agricultores registraram prejuízos.

Alguns chegaram a acionar o seguro Pro Agro. A maioria, pela queima das folhas do milho devido ao calor intenso registrado em dezembro, quando os termômetros chegaram a 39,7ºC em Lajeado. Com isso, as plantas deixam de formar a espiga e secam. A falta de chuva foi mais acentuada entre o fim de novembro e a última semana de dezembro.

A soja ocupa 12,5 mil hectares no Vale. Conforme Bernardi, a cultura começava a ser prejudicada pelo calor. Na produção de leite, a queda pode chegar a 15%. Principal redução ocorre com a raça holandesa. Os animais são o que mais sentem a influência da alta temperatura. “Essa precipitação afasta o risco, mas o verão promete muito calor. Temos que ficar atentos.”

Cuidados à saúde

Diversas pessoas tiveram problemas de saúde devido à onda de calor registrada nas últimas semanas. Altas temperaturas, tempo abafado e baixa umidade do ar ocasionaram, na maioria dos casos, quadros de diarreia e desidratação.

Para evitar danos ao organismo especialistas indicam a ingestão de muito líquido, pelo menos dois litros por dia, dando preferência para a água. Orientam lavar seguidamente as mãos e evitar conservar alimentos na geladeira, sobretudo de origem animal, o que pode ocasionar intoxicação alimentar.

De acordo com os profissionais, o tempo seco, além do incômodo ao corpo, agrava problemas de saúde como rinite, bronquite e asma. Perdas na produtividade também são consideráveis.

Acúmulo de chuva

Segunda – 38,4 mm

Terça – 8,4 mm

Quarta – 1,3 mm

Quinta – 32,3 mm

Sexta – 19 mm

Metade da lavoura arruinada

Apesar do volume registrado durante a semana, a chuva foi tardia para muitas propriedades. Canísio Telöken, 53, de Lajeado, avalia perda de 50% na plantação de milho devido á estiagem. Além da falta de água nas últimas semanas, o sol forte queimou folhas da planta.

Para evitar maiores prejuízos, o agricultor fará silagem com a colheita, em vez de vender os grãos, como era habitual. Nos próximos dias, replantará a área para tentar um segunda safra durante o verão. “Tenho que rezar para que chova, do contrário, terei muitos prejuízos.”

O agricultor Luiz Frederico Horgemoeller, 35, registrou perda de cerca de 30% da lavoura de milho devido à estiagem. Com lavoura em Boa Vista, interior de Teutônia, ele plantou 70 hectares. “A chuva veio um pouco atrasada, porém em um bom momento”, avalia.

Para ele, a precipitação desta sexta-feira permitirá a recuperação dos pés e o término do processo nos que estão em maturação, Conforme o agricultor, o forte calor queimou a planta de cima para baixo. “Nunca tinha visto algo assim, porque o processo normal é ela secar de baixo para cima”, explica.

Os cerca de 25 dias sem chuva também prejudicaram a plantação de soja. A estiagem atrapalhou o crescimento da planta nos 50 hectares da propriedade destinado para o cereal. “Visualmente não tivemos perdas, mas sentiremos o impacto na hora de colheita”.

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