Vale do Taquari – A região detém uma das maiores concentrações de campings no Estado. São pelo menos 20 balneários. Um dos mais tradicionais é administrado por Germano Eldo Hepp, 67, em Marques de Souza, às margens do Rio Forqueta. Está aberto desde o veraneio de 1980. A cidade, inclusive, leva o título de Capital Gaúcha dos Campings.
Foi o primeiro do ramo no município. A motivação surgiu depois de o vizinho Ireneu Rochembach liberar a propriedade para amigos aproveitarem a água. “Vi toda aquela gente. Fiquei motivado e decidi apostar.”
Nas semanas seguintes, Hepp construiu parte da estrutura. No primeiro fim de semana de funcionamento, diversos visitantes apareceram. A maior parcela era de moradores da comunidade acostumados a se banhar nas águas do rio local.
Devido à grande aceitação dos banhistas, decidiu investir na construção de moradias. Foram feitas 49 casas, quiosque, banheiros e áreas esportivas. Cada residência era alugada a uma família, que a mantinha durante o ano e podia frequentar o local sem restrições. No entanto, quase tudo foi destruído por uma enchente dia 4 de janeiro de 2010. Permaneceram apenas sete construções.
Persistente, a família Hepp decidiu manter a atividade. Foram investidos R$ 900 mil para recuperar boa parte da estrutura. Houve, inclusive, intervenção do Judiciário que proibiu a construção de casas. Então, foram feitas 14 cabanas e oito barracas. “A força do rio é incrível. Três décadas destruídas em uma hora de enxurrada.”
A correnteza não só arruinou o camping. Deixou incontáveis escombros na água e nas margens do Forqueta. Hepp levou meses para limpar a área. Mas se diz com sorte, pois a maioria dos entulhos ficou no barranco, permitindo que as pessoas pudessem voltar logo para o rio. “Adoramos isso, mas tem seu lado negativo. Nunca tiramos férias, sempre fizemos a dos outros.”
Outro ponto muito conhecido na região é o Camping Schedler, de Forquetinha. São 60 moradias fixas, com opção de instalar barracas ao longo dos 6,2 hectares do balneário. Em média, mil pessoas circulam por fim de semana no local.
O número representa mais de um terço da população da cidade, que é de 2,7 mil habitantes. O camping existe há 31 anos e a família Schedler o administra desde 2007. Antes, o balneário era conhecido como Romeu.
Escassez de salva-vidas
Hepp, assim como a maioria dos proprietários de campings da região, iniciou a temporada em novembro (confira boxe) encerrando-a em março. No entanto, a principal movimentação começa a partir das comemorações de fim de ano. Por fim de semana, em média, cerca de 400 pessoas frequentam o local.
Mas esta temporada apresenta dificuldades. Empreendedores alegam não conseguir contratar salva-vidas. “Procurei por tudo e não acho. Quando eu conseguia um, saía por mais de R$ 200 o fim de semana.”
Um dos motivos apontados pelo empresário para não conseguir contratar socorristas é a suspensão do curso de treinamento oferecido pelo Corpo de Bombeiros. Mesmo assim, exige que crianças coloquem coletes salva-vidas ao entrar na água. Todo o local está delimitado por placas.
O índice de mortes por afogamento em rios e arroios da região motivou a criação de um projeto do Corpo de Bombeiros. Há pelo menos dez anos, o grupo promove curso de formação de salva-vidas. No entanto, este ano o serviço não ocorre por falta de recursos.
Lei existe, mas não está regulamentada
Deputados gaúchos aprovaram, em 3 de janeiro deste ano, legislação que regra sobre a segurança aquática em águas internas – rios, arroios e açudes – de estabelecimentos comerciais do Estado. No entanto, a norma depende de regulamentação para entrar em vigor.
Pelo documento, empreendedores de locais para recreação ou competição seriam obrigados a ter um socorrista para cada 150 metros de orla. A responsabilidade pela contratação dos profissionais seria do proprietário.
Também exigiria dispor dos equipamentos necessários para primeiros socorros e salvamento aquático. Delimitar local de banho e promover a sinalização respectiva. “É uma pena, pois hoje não temos lei que discipline a atividade”, destaca o tenente do Corpo de Bombeiros de Estrela, André Rodrigues de Oliveira, 41.
Banho é restrito em Roca Sales
Na semana passada, o Parque Náutico, de Roca Sales, recebeu cinco placas indicando perigo. O local situado no centro e às margens do Rio Taquari é um dos principais pontos de lazer da cidade, atraindo banhistas e pescadores durante todo o ano.
A aparência rasa do trecho, mostrando cascalhos e pilares da ponte de acesso ao município, engana. Há trechos de mais de dez metros de profundidade. Espaço onde houve dois afogamentos em menos de duas semanas.
O primeiro aconteceu no dia 20 de novembro. Luan Rodrigues Menezes, 16, se banhava na companhia de amigos, quando se afogou. Jéferson André Paranhos, 22, morreu 12 dias depois, no mesmo trecho.
Ex-moradores, como o pedreiro Carlos da Silva, relatam a insegurança. Mesmo morando em Dois Lajeados, costuma retornar à cidade com a família para acampar e pescar. “Banho (no rio) não tomo. É perigoso.”
“Proprietários são os responsáveis”
Mesmo que inexista legislação específica sobre o funcionamento de campings, proprietários dos estabelecimentos respondem de forma cível pelos eventos ocorridos no local. Segundo o tenente Oliveira, caso alguém morra afogado e o balneário não tiver sinalização ou oferecer suporte necessário, o empresário responderá na Justiça. “Eles são responsáveis e a punição é severa.”
De acordo com o oficial, 75% dos casos de afogamento poderiam ser evitados se houvesse maior orientação. Indica aos empresários orientar os banhistas, sinalizando as áreas de banho com placas e boias. Se possível, colocar um socorrista habilitado.
Aos banhistas, Oliveira aconselha não se banharem após ingerir bebidas alcoólicas; esperar duas horas depois da refeição; conhecer local antes de mergulhar; quando estiver em embarcação, utilizar colete; e ficar sempre atento às crianças.
Programe-se para a temporada
Arroio do Meio
Ireneu – Aberto entre outubro e março. Está situado em Rui Barbosa/Travesseiro, a 11 quilômetros da ERS-130.
Golmapas – Funciona de dezembro a março. Localizado nas imediações do Clube Travesseirense.
Cruzeiro do Sul
Cascalheira – Abre o ano todo. Situa-se na ERS-130, localidade de Santarém.
Figueira – De setembro a junho. Está a três quilômetros depois do trevo da cidade, em Linha Primavera.
Bonifácio – Aberto o ano todo. Fica em Linha Sítio.
Crispim – Atende de dezembro a fevereiro. Está localizado em Linha Sítio.
Encantado
Campings do Guizzo e do Pretto, ambos em Jacarezinho. Com cabanas alugadas durante o ano todo, oferecem estrutura na parte de churrasqueiras e banheiros.
Estrela
Recanto Verde – Atende de dezembro a março. Situa-se em Delfina, a sete quilômetros do centro.
Lajeado
Cascalheira – Abre de dezembro até o fim de março. Se localiza no bairro Olarias.
Encontro das Águas – Atende de dezembro a março. Fica no quilômetro 338 da BR-386.
Marques de Souza
Germano – De novembro a março. Localiza-se em Linha Perau, no KM 333 da BR-386.
Riacho Doce – Abre de novembro a março. Fica em Linha Perau, no KM 332 da rodovia.
Da Pedra – Aberto de outubro a março. Situa-se em Picada May, no KM 311 da rodovia.
Do Stackão – De novembro até março. Está no KM 323 da BR-386, no trevo do município.
Santa Clara do Sul
Mallmann – Atende de dezembro a março. Está na estrada geral de Nova Santa Cruz, nas imediações do campo de futebol do São José.
Sério
Decker – De novembro a março. Situa-se próximo à Associação de Leituras, Canto e Jovialidade de Linha Andréas.
Travesseiro
Irio – Funciona de novembro a março. Situado logo após a ponte sobre o Rio Forqueta, a 1,2 quilômetro da BR-386.