Lajeado – A Secretaria de Planejamento (Seplan) registra uma diminuição de 20% no número de pedidos para novas obras privadas em 2013. Foram 1.187 solicitações encaminhadas até o início desta semana, contra 1.475 durante todo o ano passado. Menos construtores, atrasos na liberação de alvarás e mudanças de estilo nos imóveis são alguns motivos.
Houve queda também na liberação de alvarás para novas construções. Foram 1.603 no ano anterior, o que representa 384 a mais em relação a 2013. De acordo com os dados repassados pela Seplan, foi registrada ainda uma diminuição no número de Habite-se concedidos neste ano. São 2. 246 contra 2.429 de 2012.
Os números são menores também se comparados a outros anos. Em 2009, por exemplo, foram 1.213 pedidos para novas obras em 12 meses. Para alguns construtores, a queda se deve ao fato de muitos profissionais – chamados de “aventureiros” – terem saído do mercado. “Com novas normas que dificultam as construções, muitos mudaram de ramo”, avisa um empresário do setor.
A administração municipal não soube precisar o número de construtores cadastrados hoje na Secretaria da Fazenda. Em junho, eram 323. A estimativa é que ainda existam mais de 200 profissionais aptos.
O número de construtores registrados no setor é considerado alto por empresários da região. Muitos acreditam em uma redução superior a 50% a partir de 2014, e criticam as facilidades garantidas a pessoas que entraram no ramo na década passada. A entrada de investidores no ramo da construção civil teve seu auge entre 2007 e 2011.
“Só ficarão aqueles que se capitalizaram. Apenas as empresas consolidadas devem permanecer no mercado”, avisa um gerente de uma incorporadora. Com a redução no número de profissionais habilitados, a expectativa é pela melhora na qualidade dos produtos entregues e pela moralização da mão de obra. “Esses aventureiros sustentam os empregos frios.”
Liberação demora 60 dias
As reclamações pela demora na liberação de alvarás e licenças para novas obras persiste. Do total de 1.187 solicitações em 2013, 873 foram aprovadas até o início desta semana. A equipe da Seplan responsável pela análise dos projetos é composta por cinco arquitetos e três estagiárias. Para a secretária, Marta Peixoto, o número está aquém do necessário.
“É fato que precisamos aumentar a equipe, mas isso não mudaria muito. A demanda é muito grande e existem também outros projetos de anos anteriores sendo analisados.” Ela afirma que a Seplan tem demorado, em média, 60 dias para liberar os alvarás.
Marta reclama que muitos construtores iniciam as obras antes de solicitarem autorização, ou fazem o requerimento com a obra já pela metade. Outros cometem erros por falta de atenção ou até por desinformação. “Antes de assumir a Seplan, achava que eram apenas erros que causavam os atrasos. No entanto é mais complexo e é importante que o empresário se atente aos detalhes.”
Ela cita como exemplo um expediente que chegou ao setor em 2004. O alvará foi liberado só nesta semana, quase dez anos depois. O proprietário, inicialmente, extrapolou a taxa de ocupação. Depois, houve demora na aquisição de um terreno vizinho. Outros entraves atrasaram ainda mais a concessão do alvará. “Tem empresários que desistem do projeto e esquecem de cancelar”, avisa.
Obras maiores refletem nos números
Para a secretária, a mudança na estrutura de algumas obras novas refletiu na queda de pedidos encaminhados à Seplan. Segundo ela, há mais pedidos para prédios acima de dez andares. “Em anos anteriores, a grande maioria dos pedidos era para imóveis de até quatro andares. Hoje, chegam a 20.”
O crescimento dos conjuntos habitacionais é outro motivo citado por ela. Conforme Marta, houve aumento significativo de pedidos para esse tipo de construção nos últimos meses. “O expediente que servia para só um prédio hoje vale para quatro ou cinco. São menos projetos, mas são maiores”, explica.
Amanda Demiquei Pohl, que atua na Construtora Imojel, reitera a posição da secretária, de que as novas tendências de construção refletem na queda acentuada de solicitações na Seplan. A construção de conjuntos habitacionais se tornou o novo nicho de mercado para a empresa.
No mês passado, a empresa inaugurou um condomínio residencial com seis prédios e 96 apartamentos no bairro Jardim do Cedro. Toda obra foi solicitada por meio de um expediente na secretaria. “Nossa empresa não se enquadra nessa realidade, pelo contrário. O número de obras está aumentando, muito por estarmos investindo em conjuntos habitacionais.”
Diferenças em outros municípios
Diferente da realidade lajeadense, municípios vizinhos registraram alta no número de solicitações para novas obras. Em Arroio do Meio, por exemplo, foram encaminhados 307 projetos para o Setor de Planejamento em 2012. Neste ano, aumentou para 325, dos quais 298 já foram aprovados.
Em Teutônia houve aumento no número de alvarás concedidos para obras privadas. Com uma equipe formada por um arquiteto e dois engenheiros, foram liberados 775 novas construções em 2013 contra 692 registradas em 2012.
Obras particulares
2013
Processos encaminhados: 1.187
Processos liberados: 1.219
Habite-se liberados: 2.246
2012
Processos encaminhados: 1.475
Alvarás de obras liberados: 1.603
Habite-se liberados: 2.429