Índios acampam às margens da ERS-129

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Índios acampam às margens da ERS-129

Pelo menos quatro famílias estão no local para comercializar produtos artesanais

Encantado – A polêmica envolvendo atividades indígenas em margens de rodovias chega à ERS-129. Há uma semana, 15 caingangues acampam de forma precária na faixa de domínio, onde produzem e comercializam produtos artesanais próximo ao intenso fluxo de veículos. Administração municipal presta assistência básica à tribo.

Os índios vieram de Lagoa Vermelha. Ocupam uma área com pouco mais de 20 metros quadrados. Há três barracões improvisados, sem água encanada ou energia elétrica. Sujeira e odores desagradáveis comprovam a falta de higiene. Existem crianças menores de idade, que brincam muito próximas da rodovia.

3No improvisado acampamento, os índios produzem pequenos balaios, vendidos entre R$ 20 e R$ 30. Muitos são comercializados ali mesmo, no acostamento da rodovia estadual. Outros produtos são levados ao centro da cidade para serem oferecidos pelo mesmo preço.

Ao lado da tribo há uma escadaria para pedestres acessarem a rodovia. No caminho, há colchões sujos e restos de comida. Apesar disso, a vizinhança se mostra solidária aos índios. Uma senhora, que vive há quase 30 anos próximo ao local, permite que os caingangues utilizem a torneira instalada em frente à casa para abastecer a tribo. “Eles não têm culpa de viver assim.”

O índio Marcos Lepoldino confirma a precariedade do local, mas demonstra tranquilidade. “A gente está acostumado. E cuidamos para que as crianças não invadam a rodovia.” Afirma que houve ajuda da Assistência Social do município, que doou roupas e alimentos.

A secretária de Assistência Social, Valéria de Castro Caldas, confirma o auxílio. “Acreditamos que eles deixem o local após o Natal. Auxiliamos com roupa e alimento, e vamos dar as passagens para que possam voltar à cidade de origem.” Ela reitera que inexiste qualquer possibilidade de proibir o acampamento, e demonstra preocupação com a saúde e integridade física das crianças.

Promessa é sair até o Natal

De acordo com Leopoldino, a tribo não pretende se instalar no local. A previsão é deixar o acampamento até a próxima semana. “Viemos só comercializar, aqui tem bons clientes e com a proximidade do Natal os negócios melhoram.” Ele lamenta a falta de um local adequado para a comercialização dos produtos.

Avisada pela reportagem sobre o acampamento, a direção da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) afirmou que averiguará o fato da mesma forma como analisa outros casos semelhantes, como a invasão da ERS-130 em Lajeado.

Impasse em lajeado

O impasse envolvendo índios caingangues da tribo Foxá, que invadiram área da ERS-130 na semana passada, deve ter uma solução breve. Conforme a secretária de Trabalho e Assistência Social (Sthas), Neca Dalmoro, a administração construirá um quiosque na área central para o comércio de artesanato.

Segundo Neca, já existe um imóvel de propriedade do Estado que deverá ser utilizado para a construção do quiosque. O local não foi divulgado, mas fica próximo ao Parque dos Dick. Hoje, uma entidade pública utiliza a área. “Será possível construir o quiosque sem prejudicar outros serviços naquele local.”

Neca salienta que a tribo precisa respeitar normas básicas para atuar no quiosque. Higiene e limpeza serão cobradas, assim como a proibição do trabalho infantil. “Vamos garantir o local. E se voltarem a invadir a ERS-130, haverá argumentos para retirá-los.” A previsão, de acordo com a secretária, é iniciar as obras na segunda quinzena de janeiro.

A tribo cobra uma promessa de 2007, quando ainda estava acampada próximo ao presídio estadual. Naquela época, a administração municipal construiu uma aldeia próxima ao bairro Santo Antônio para realocá-los, em uma área às margens da ERS-130.

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