Estrela – Fornecedores, produtores de leite, ex-funcionários e instituições financeiras avaliaram o plano de recuperação judicial da VRS Laticínios, fabricante do leite Latvida. A assembleia ocorreu na manhã de ontem, na sede da indústria. Os credores aceitaram a proposta ofertada.
A partir disso, a indústria que arrendou a planta da firma espera parecer da Secretaria da Agricultura do Estado, por meio do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), para iniciar as atividades.
Na reunião de ontem, o plano da Latvida foi aceito por 100% dos credores trabalhistas presentes. Aqueles com garantia real também foram favoráveis e 84% dos sem garantias, chamados de quirografários, aderiram à proposta.
Para cada um dos grupos, há uma forma de pagamento. Os ex-funcionários devem receber as dívidas trabalhistas em até um ano. Para os credores com garantias, o pagamento ocorre em até dez anos. Por fim, o pagamento dos quirografários alcançará 50% da dívida também no período de uma década.
Os recursos para o pagamento virão do aluguel de bens móveis e imóveis da VRS. Em agosto, com o início da recuperação judicial, um grupo de quatro empresários mostrou interesse em comprar a fábrica. A dívida da empresa supera R$ 33 milhões. Com o arrendamento da unidade fabril para a Santa Rita Laticínios, a Latvida espera arrecadar até R$ 3,6 milhões por ano, dependendo do faturamento da nova indústria. Caso fique abaixo do teto estabelecido em contrato, o valor do aluguel será de 3% da receita.
Histórico de problemas
Fechada desde o dia 21 de agosto, a diretoria da Latvida teve um ano conturbado. Tudo começou com a operação Leite Compen$ado. O Dipoa suspendeu a venda das linhas de leite UHT (integral, semidesnatado e desnatado) beneficiadas e envasadas pela Latvida no dia 1º de abril, em virtude da verificação do formaldeído na amostra levada à análise.
Frente a isso, em ação conjunta com o MP, realizaram vistorias na empresa. No dia 23 de abril, constataram problemas na estrutura, higiênico-sanitárias. Isso propiciava a contaminação dos produtos, representando risco à saúde dos consumidores.
Em 8 de maio, a Latvida foi impedida de produzir e comerciar produtos lácteos. Outras três vistorias foram feitas. Em julho, o secretário de Agricultura do Estado, Luiz Fernando Mainardi participou de evento na prefeitura de Estrela.
Na ocasião, o diretor da empresa Rui Sulzbach assinou a adesão ao programa estadual de coleta a granel. A norma regulamenta a coleta de leite cru refrigerado e o transporte até a indústria. Em seguida, a Latvida reiniciou as atividades.
Antes da paralisação, a empresa tinha cerca de 300 funcionários e outros cem empregos indiretos. Industrializava 300 mil litros de leite por dia. Eram 1,6 mil produtores credenciados. A Latvida foi a sexta em arrecadação para o município, em 2012.
Em agosto, o Dipoa entrou com processo para anular o registro da fábrica. Suposta contaminação com formol, problemas de limpeza e higiene nos depósitos e possível reutilização de produtos vencidos foram os motivos apontados pelo órgão.
Conforme o departamento estadual, desde 2003 a indústria de Estrela apresentava problemas envolvendo condições sanitárias.