Vale do Taquari – O modelo administrativo da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) promete corrigir déficits deixados desde 1998, período de concessão da Univias. Principal reflexo da estatal, o diálogo com entidades e líderes regionais praticamente inexistiu nos últimos 15 anos. Ontem, a direção da autarquia se reuniu com o Conselho Comunitário das Regiões das Rodovias Pedagiadas (Corepe), em Lajeado, para debater investimentos prioritários para o Vale do Taquari.
Formado para fiscalizar as ações da empresa, o conselho poderá ajudar a decidir sobre o destino do dinheiro arrecadado nas três praças de pedágio da região. No encontro, a diretoria do grupo se prontificou a listar as principais demandas rodoviárias do Vale e apresentá-las ao presidente da entidade no próximo dia 18, às 15h, em reunião na Univates.
A vice-presidente do Corepe e presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), Cíntia Agostini, fará compilação das reivindicações. Parte delas será extraída de documento encaminhado ao governo estadual, para duplicação da ERS-130. Até o próximo encontro, cada prefeitura deve encaminhar seu pedido à coordenadora.
Presidente do conselho, vereador encantadense Luciano Moresco, cobra agilidade na elaboração dos projetos. Contestou a proposta do responsável pela EGR, Luiz Carlos Bertotto, de marcar a próxima reunião para três meses. “Precisamos intervenção imediata em trechos mais críticos, afinal, ficamos estagnados por 15 anos.”
Situação da estatal
Encontros entre a estatal e o Corepe devem ocorrer a cada três meses. De acordo com Bertotto, o conselho não tem poder deliberativo, mas todas as obras feitas no trecho serão decididas nas reuniões.
Informou que, conforme a legislação, o dinheiro arrecadado em cada praça deveria ser investido na área de abrangência dela. Mas como o Vale tem três pedágios, o dinheiro poderá ser remanejado dentro da região para conseguir implementar serviços com mais agilidade.
Comparou o modelo do Daer e Dnit à EGR. Segundo ele, os departamentos fazem licitações por meio do Crema, no qual uma empresa fica responsável por reformar todos os segmentos da rodovia por diversos anos.
No caso da empresa gaúcha, destaca, a licitação é feita separada, permitindo a execução de obras em menor prazo e com custos inferiores. Exemplificou o dinheiro gasto pelo Daer para a pintura de faixas amarelas. O metro pago pelo departamento fica entre R$ 18, enquanto para a EGR custa R$ 9,75.
Conforme Bertotto, 30% das estradas repassadas por concessionárias de pedágio necessitam de reparos imediatos. Outros 53% precisam de reformas de três a cinco anos e o restante está sem condições de trafegabilidade e precisa ser refeito de forma imediata.
Estatal sob pressão
Depois de Bertotto apresentar avanços e dificuldades da estatal desde a implantação, prefeitos e líderes regionais concentraram críticas e exigências. Gestor de Encantado, Paulo Costi, reclamou que nos últimos anos pouco foi feito nas parte alta do Vale. “Pagamos as reformas de outros trechos enquanto ficamos com migalhas.”
Representante da Acil, Leandro Eckert, criticou trevos mal sinalizados, falta de balanças nas rodovias e cobrou médicos para atender ambulâncias nos bombeiros. Também exigiu planejamento de acostamentos, definindo faixas exclusivas para pedestres.
José Luís Reges de Sene, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação de Lajeado e Região, enfatizou a necessidade de mudanças na rótula em frente à BR Foods, na ERS-130, em Lajeado. Destacou que nos três frigoríficos instalados nas proximidades, trabalham quase seis mil pessoas.
Marco Wermann pediu urgência para resolver problemas de infraestrutura no bairro Boa União, em Estrela. Destacou que centenas de pessoas passam pelo local todos os dias, entre elas 1,3 mil crianças que estudam nas proximidades.
Em Cruzeiro do Sul, foi solicitada a construção de uma rótula no acesso à rua Germano Hendkes. Moradores também têm dificuldades de conseguir isenção do pagamento e Bertotto se comprometeu a resolver o problema.
Guincho e ambulância garantidos
O presidente da EGR informou que desde o final de outubro a empresa disponibiliza guincho e ambulância em todas as praças de pedágio. O serviço abrange casos de pane mecânica, quebra de veículo, acidente na rodovia e problemas ocasionados nas estradas. “Todos esses serviços serão gratuitos. Se alguém cobrar, devemos ser informados.”
Para conseguir implantar os atendimentos, foram feitos convênios. No caso do guincho, o acordo foi firmado com o Detran. Para ter acesso ao serviço, usuários precisam ligar para o número 198 e acionar a Polícia Rodoviária Estadual (PRE).
Pelo convênio, serão usados 205 guinchos de Centros de Remoção e Depósito credenciados para prestar socorro nas rodovias administradas pela entidade. Com a Univias, o Estado teria 14 veículos, destaca Bertotto. O custo mensal para manter o serviço é de R$ 300 mil.
No caso das ambulâncias, o acordo ocorreu com o Corpo de Bombeiros e tem validade de dois anos. Para conseguir o convênio, a EGR se comprometeu a pagar R$ 600 mil mensais e repassar 31 ambulâncias ao órgão. No Vale, serão quatro: Lajeado, Estrela, Encantado e Venâncio Aires. O serviço pode ser solicitado pelo número 193.