Recuperação da orla acumula projetos

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Recuperação da orla acumula projetos

Desde 2008, são pelo menos cinco propostas de melhorias no local. Nenhuma saiu do papel

Lajeado – Há pelo menos cinco anos, os gestores públicos discutem possíveis melhorias na região próxima a orla do rio Taquari, no centro da cidade. Construção de complexo esportivo, instalação de uma marina, abertura do canal do arroio Engenho, estacionamento público e ligação da av. Décio Martins Costa com a rua Osvaldo Aranha são algumas das propostas que custam a se concretizar.

Nesta semana, uma reunião envolvendo Secretaria de Planejamento e alunos do curso de Arquitetura da Univates tratou sobre o assunto. Um convênio foi assinado entre município e o Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo da Univates (Emau), para projetar trabalhos urbanísticos dentro da cidade. A remodelação da orla é um dos projetos previstos.

Os estudantes vão utilizar dois projetos urbanísticos para aquela região como parâmetros. “Vamos propor diretrizes, respeitando questões envolvendo trânsito, meio ambiente, e questões sociais. Ainda é muito prematuro o nosso estudo”, explica a arquiteta Ivana Lazzaron Pereira.

3Um dos projetos entregues aos estudantes foi idealizado pelo publicitário José Matheus Weimer Pacheco dos Santos. A proposta prevê uma série de modificações na área de terra localizada entre a av. Décio Martins Costa e a rua Osvaldo Aranha. O terreno, com aproximadamente três hectares, cruza os fundos da Igreja Matriz e do Colégio Estadual Castelo Branco.

Santos, que mora próximo a área, tem como objetivo fomentar o turismo e movimentar a região próxima ao Porto dos Bruder. Hoje existe apenas uma pequena rampa para veículos descarregarem as lanchas no local, interligada com a ciclovia da rua Osvaldo Aranha. É comum pessoas se banharem naquele trecho do rio. Apesar disso, pelo insegurança, muitos costumam evitar o lugar.

O projeto do publicitário prevê construção de quadras esportivas de mini-futebol, futsal, paddle, vólei e basquete. Também vislumbra pistas de skate, atletismo, corrida e ciclovia. Brinquedos para crianças, vestiários com banheiros e quiosque central completariam o complexo de lazer. “Não adianta só iluminar e colocar polícia. Tem que movimentar e criar vida, como era antigamente.”

A proposta principal é a instalação de uma marina para fomentar a prática de esportes náuticos na região. Para tal, seria necessário o alargamento do canal do arroio do Engenho para o acesso de pequenas embarcações. Naquele local, seria construído o atracadouro para as lanchas. Próximo dali, haveria um pavilhão para guardar os pequenos barcos. Trapiches também estão previstos.

Muitas cidades dariam tudo para ter um local como esse. Precisamos aproveitar a natureza de forma inteligente e sustentável.” O complexo esportivo e de lazer, assim como o Parque dos Dick, não teria cercas ou muros.

Projeto Parque Beira Rio está pronto

O ex-secretário de Planejamento, João Alberto Fluck, também realizou projeto urbanístico e paisagístico para ocupação daquele terreno. Conforme a proposta, Além da nova arborização, o Parque Beira-Rio receberia dois campos de futebol sete, um campo de areia, quatro quadras de tênis, duas de vôlei e uma de futsal.

Estava prevista ainda a construção de prédios para eventos, e áreas para convivências. A proposta foi finalizada em fevereiro deste ano, e não possui orçamento previsto. Ambas as ideias possuem na retaguarda os componentes do Comitê Gestor do Plano de Revitalização do Centro Antigo de Lajeado.

“Precisamos incentivar e buscar apoiadores financeiros para essas propostas. Se deixarmos na ociosidade, o vandalismo e a drogadição tomam conta do local”, comenta o presidente do comitê, Ítalo Reali.

Prolongamento da Av. Décio Martins Costa

Assim como os demais projetos envolvendo aquela região, a proposta apresentada pelo publicitário prevê o prolongamento da av. Décio Martins Costa, interligando a via com a rua Osvaldo Aranha. A ideia é utilizar a avenida para o acesso dos veículos que transportam pequenas embarcações.

3aUma nova rua seria aberta próxima ao terreno da sede dos Irmãos Maristas, interligando a rua Bento Gonçalves com a Bento Rosa – próximo ao viaduto com a BR-386 -, cruzando pelo novo trecho da av. Décio Martins Costa. Com isso, a Osvaldo Aranha seria exclusiva para ciclistas e pedestres.

A tentativa de prolongar a avenida perdura desde a gestão passada. Segundo o ex-secretário de Obras, Mozart Lopes, um projeto orçado em R$ 2 milhões foi finalizado em 2012 e entregue neste ano para a mesa diretora da câmara de vereadores. A ideia era construir um anel viário interligando a avenida com as ruas Osvaldo Aranha e Bento Rosa.

“Seria uma nova entrada para a cidade.” Conforme Lopes, todo trecho seria construído com bloquetos de concreto. A avenida seria prolongada em 350 metros, e teria 30 de largura. A ligação da rua Osvaldo Aranha com a Bento Rosa, nas proximidades do viaduto da BR-386, compreenderia mais 450 metros de obras.

Havia concordância dos quatro proprietários de áreas envolvidas. Mas, não deu tempo de fazer.” A obra envolveria terrenos pertencentes a particulares, e também de propriedade do Colégio Estadual Castelo Branco e da Igreja Matriz.

Outras propostas travadas

Pelo menos outras duas ideias lançadas na gestão da prefeita Carmen Regina Cardoso previam melhorias. Em março de 2008, foi anunciado um projeto de recuperação de uma área verde localizada na av. Décio Martins Costa, no mesmo local onde a atual administração finaliza um estacionamento público.

A intenção era proporcionar mais opções de lazer no terreno localizado nas proximidades das ruas Rodolfo Hexsel e Leopoldo Heineck. A principal obra seria a construção de uma pista de bicicross, cujo projeto chegou a ser entregue pelo então secretário de Planejamento, João Fluck. A pista, que teria 350 metros de extensão, nunca saiu do papel.

Outro projeto engavetado tinha como objetivo conter os alagamentos naquela região. Em agosto de 2011, o ex-secretário Mozart Lopes anunciava obras para alargamento do canal do arroio Engenho. A previsão era desfazer o estreitamento do leito que, em alguns trechos, transbordava quando o rio Taquari atingia 22 metros de altura.

Administração mantém cautela

Apesar da empolgação dos proponentes, o Executivo mantém cautela em relação às propostas. De acordo com a secretária de Planejamento, Marta Peixoto, não há previsão ou consenso sobre obras possíveis naquela região. “São apenas estudos primários, e nesta semana tivemos a primeira reunião. Vamos avaliar todas as propostas junto com a Univates.”

Conforme o diretor de Trânsito, Euclides Rodrigues, as propostas particulares e o projeto urbanístico conveniado com a equipe da Univates farão parte do estudo para o Plano Geral de Mobilidade Urbana. “Precisamos entregá-lo até o fim de 2014. Mas é possível que o prolongamento da av. Décio Martins Costa ocorra antes disso.” Segundo ele, até junho do próximo ano, o Executivo pretende contratar a empresa responsável pelo estudo técnico do trânsito.

Propostas para o local

– Prática e competição de esportes náuticos, com lanchas, jet sky, banana boat, sky aquático, canoagem, entre outros.;

– Passeios de barco turístico pelo rio Taquari.

– Prática de esportes em geral, incluindo skate, mini-futebol, futsal, basquete, vôlei, paddle e atletismo;

– Prática de pesca esportiva ou de subsistência;

– Prática de caminhadas e corridas às margens do rio Taquari;

– Instalação de novos restaurantes na rua Osvaldo Aranha;

– Retomada dos eventos noturnos naquela região, com música ao vivo e gastronomia;

– Construção de um pequeno hotel ou de uma pousada, nas imediações do parque, fora das áreas alagáveis.

Possíveis entraves

– Dificuldade para compra ou desapropriação do terreno pela administração municipal;

– Parte do terreno se localiza em Área de Proteção Permanente (APP), o que pode invaiabilizar parte dos projetos;

– Retirada de pelo menos cinco famílias que moram às margens do rio Taquari, próximo ao Porto dos Bruder;

– Contratação de salva-vidas para garantir segurança dos banhistas;

– Poluição do arroio Engenho;

– Estragos com recorrentes alagamentos em alguns locais;

– Negociação com Ministério Público (MP), responsável pela implantação do projeto Corredor Ecológico.

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