Poço das Antas – A Cooperativa Languiru trará 44 haitianos para trabalhar no Frigorífico de Suínos de Poço das Antas. A vinda está programada para a próxima quinta-feira, dia 5. Eles atuarão nos setores de abate, desossa e industrializados. Além do transporte, o entidade custeará a moradia por meio ano. Depois deste período, os haitianos deverão alugar residências.
Uma equipe de profissionais da fábrica viajou para o Acre nesta semana, de onde virão os trabalhadores. Apresentaram a proposta de emprego, características da região e conheceram os estrangeiros.
Conforme o coordenador administrativo do frigorífico, Jair Schneider, haverá adaptação dos funcionários por um mês. A intenção é preparar os trabalhadores para aumentar a produção de embutidos e defumados.
A meta de crescimento dependerá da capacidade de produção, depois da adaptação dos haitianos. “Existe um receio sobre como eles se comportarão, mas todos são sabedores da falta de mão de obra, temos que arriscar”, ressalta Schneider.
Executivo cede moradia
A administração municipal disponibilizará uma ala do prédio do hospital desativado para os haitianos morarem. Adquirido pelo município recentemente, o imóvel possui duas alas que abrigarão setores da saúde e educação.
Uma delas com 22 quartos, salas, banheiro e cozinha ficará por meio ano à disposição dos trabalhadores da cooperativa. O espaço foi reformado, um investimento de cerca de R$ 100 mil, custeado pela cooperativa. O prédio fica localizado no centro, a 100 metros da prefeitura.
O prefeito de Poço das Antas, Glicério Ivo Junges, vê a vinda dos estrangeiros com apreensão. “Sabemos que em alguns municípios deu certo e em outros não, torcemos pelo melhor”, acrescenta Junges.
Conforme ele, a instalação do frigorífico gerou demandas na educação e na saúde, mas também atraiu investimentos para o município. A indústria de Poço das Antas terá isenção fiscal por cinco anos.
Problema desde a inauguração
O Frigorífico de Suínos da Cooperativa Languiru foi inaugurado em abril deste ano. O número de funcionários chega a 450, insuficiente para atender a demanda e ampliar o processamento da matéria-prima exigida pelo mercado.
Do total, apenas 80 são do município. Os demais vêm de Brochier, Maratá, Montenegro, Lajeado, Cruzeiro do Sul, Taquari, Lajeado, Teutônia e Bom Retiro do Sul. Uma das alternativas da direção para suprir a falta de mão de obra é transferir mulheres para cargos braçais, normalmente ocupados por homens.
Nos próximos três anos, segundo o presidente Dirceu Bayer, a intenção é dobrar o número de suínos abatidos. O abate é de 1,1 mil suínos por dia, produção de 30 toneladas de alimentos industrializados e desossa 700 animais.
Haitianos na região
Milhares de haitianos ingressaram no país principalmente depois de 2010, à procura de trabalho e moradia. A entrada é feita principalmente pelos estados do Amazonas, Acre e Rondônia.
No Estado são 200, muitos instalados no Vale do Taquari.
Empresas de Santa Clara, Arroio do Meio e Lajeado já buscaram estes trabalhadores devido à dificuldade de encontrar profissionais na região.
