Vale do Taquari – A expansão dos centros urbanos, somada ao desenvolvimento do setor primário, leva concessionárias de energia elétrica a investir em ações que garantam o abastecimento regular. Ontem, a AES Sul anunciou a conclusão da Subestação Lajeado 1, com incremento de 40% na oferta de energia elétrica para 10,4 mil clientes em Lajeado e Arroio do Meio.
Em funcionamento, a potência da estação passa de 25 megavolt-ampere (MVA) para 35 MVA. Para que a energia possa chegar às redes de distribuição, a concessionária também construiu circuito de dez quilômetros de extensão. A rede tem 13,8 mil volts. Juntas, as obras totalizam investimento de R$ 1,6 milhão.
No Vale do Taquari, a concessionária fornece mais de mil gigawatt/hora (GWh) de energia para 87 mil consumidores em 21 municípios. Destes, 64,7 mil são residenciais. As melhorias surgiram após manifestações regionais reclamando da qualidade do serviço oferecido à comunidade. Em fevereiro do ano passado, prefeitos da Amvat conheceram os projetos da entidade: R$ 17 milhões para a ampliação do serviço. Em 2011 foram investidos R$ 11 milhões na região – valor 35% maior do que em 2010.
Em áreas atendidas pela companhia, frequentes oscilações de luz, quedas de postes e rompimentos de fios de alta tensão, causam prejuízos a moradores e empresários. Até o último verão, pelo menos, era comum a mortandade de frangos em função de cortes no abastecimento.
A partir dos investimentos, diminuíram as reclamações. No entanto, alguns clientes continuam com problemas. Proprietária de uma padaria em Arroio do Meio, Rejane Pedrotti, 53, teve prejuízo de R$ 5 mil no fim de semana retrasado. A queda de energia durou quase 17 horas. “Se a luz caísse uma vez até aceitaríamos, mas acontece toda hora.”
Novo corte aconteceu ontem à tarde. Funcionários foram dispensados do serviço para evitar maiores despesas. Rejane também se queixa da demora no atendimento. Ela pretende entrar com uma ação cobrando indenização da AES Sul.
Consumo maior no verão
Equipamentos de climatização, que funcionam sem interrupções durante o verão são os principais responsáveis pelo aumento de consumo. Em comparação com o inverno, a demanda de energia é 15% maior nos períodos de calor.
Em Lajeado e Arroio do Meio, há uma variação dos meses de inverno para o verão em torno de 20% de aumento do consumo de energia elétrica. Mesmo com esse crescimento, o consumo está dentro da capacidade instalada para fornecimento de energia na região, informa a AES Sul.
Pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio) aponta que a venda de climatizadores e ventiladores aumenta, em média, 30% no verão. Além do consumo, sobe a conta mensal de luz: a utilização diária por oito horas de um Split 9 mil BTUS, em sua potência máxima, eleva o custo em R$ 40.
Toda vez que um aparelho eletrodoméstico é instalado, as concessionárias devem ser avisadas por meio de um formulário, para que aumentem a quantidade de energia repassada ao endereço. Desta forma, serão minimizadas as chances de queda de luz ou oscilações na potência.
Saiba como cobrar indenização
1) Toda vez que houve queda de luz, informar a AES Sul pelo telefone 0800-707-7272 e registrar o caso. Deve ser informado o código do cliente.
2) Equipamentos estragados precisam ser vistoriados por uma assistência técnica autorizada. O técnico deve elaborar um laudo, atestando que a falta de luz ocasionou o problema. O cliente deve pagar o conserto e guardar a nota fiscal.
3) Juntar todos os protocolos e as notas fiscais. Caso a AES Sul não queira indenizar, o cliente pode entrar com uma ação judicial. A Justiça tem decidido em favor dos prejudicados.
Histórico de problemas
No último verão, prejuízos em virtude do mau estado das redes de energia se acumularam. Em janeiro, a queda de luz causou a morte de 21 mil frangos em Cruzeiro do Sul e Arroio do Meio. Prejuízos chegaram a R$ 42 mil. Os agricultores acionaram a Justiça para reaver as perdas.
Um mês antes, municípios atendidos pela AES Sul acumularam problemas. Diversas ruas, residências e estabelecimentos comerciais das maiores cidades ficaram sem luz por muitas horas. Com isso, aparelhos elétricos queimaram e empresários se queixaram de perdas de mercadorias resfriadas.
