Teutônia – Um jacaré foi encontrado por volta das 18h desse domingo, na propriedade rural de Bertoldo Schaeffer, em Linha Gamela. Com aproximadamente 40 quilos e 1,70m de comprimento, o réptil foi capturado com ajuda dos bombeiros. As suspeitas são de que tenha fugido de um criadouro irregular ou tenha sido abandonado no local.
Os agentes utilizaram um cambão (enforcador), geralmente empregado para imobilizar cachorros, para capturar o animal. Fita isolante serviu para amordaçar a boca e vendar os olhos. O animal foi levado para sede da corporação, onde permaneceu até esta segunda-feira.
O Grupo de Patrulhamento Ambiental da BM (GPA) recolheu para dar o encaminhamento correto. Segundo o sargento Dari Júlio Scherer, ele será levado para Triunfo e solto em uma área de preservação, com acompanhamento de especialistas.
Ocorrência inusitada
O comandante Maiquel Roberto Wermeir pensou que fosse um trote quando atendeu o telefonema. Agente há 12 anos no município, ele conta que foi chamado para capturar lagartos, corujas, gaviões, mas nunca jacaré. Com ajuda do bombeiro Felipe Henemann, precisaram cerca de 40 minutos para imobilizar o réptil.
Conforme relatos dos moradores aos bombeiros, o animal seguia pela estrada da localidade quando foi avistado. Uma festa ocorria no ginásio da comunidade e muitas pessoas circulavam pelo local. Assustado, o jacaré se refugiou em um córrego existente no potreiro da propriedade de Schaeffer.
Investigação
Por ser incomum o aparecimento de jacarés na região, o GPA investigará a origem. Segundo Scherer, a prisão para quem mantém animais silvestres em cativeiro sem autorização é de seis meses a um ano e multa.
A Polícia Civil não possui registros ou investigações sobre tráfico ou criadores no município. Conforme o delegado Mauro Mallmann, foram apreendidos pássaros e fechados rinhadeiros na região, mas nada relacionado ao réptil capturado. A GPA, da mesma forma, não tinha, até então, informações de jacarés no Vale do Taquari.
Espécie papo-amarelo
O jacaré encontrado é da espécie papo-amarelo. Ameaçado de extinção, ele tem valor comercial pelo seu couro e carne. O biólogo da Univates, Hamilton Grillo, ficou surpreso com a aparição dele em Teutônia, pois desde a década de 50 eles praticamente desapareceram em função da caça.
Nativos do Rio Grande do Sul, hoje se tem registros da espécie em áreas de banhado do Taim, no sul do Estado, e lagoas costeiras. Para Grillo, as entidades ambientais devem ficar atentas para o aparecimento de outros. Porém, a população não deve se preocupar.
Pela avaliação do profissional, o tamanho do jacaré encontrado indica que se trata de um filhote com cerca de dois anos de idade. Segundo ele, a espécie chega, no máximo, a três metros de comprimento.