Colinas – Cidade destaque na região pelos atrativos turísticos e receptividade das famílias, Colinas passa por momento conturbado em função da disputa eleitoral. Desde a cassação do ex-prefeito Gilberto Keller (PMDB) a rixa política divide a comunidade. Anúncios partidários desta semana mostram o interesse dos partidos políticos em diminuir a animosidade.
Na tarde de quinta-feira, a coligação Por Amor A Colinas, composta pelo PP, PSDB, DEM e PTB, surpreendeu moradores e líderes locais ao desistir da candidatura de Ary Herrmann e Airton Lansing, para prefeito e vice, respectivamente. Em comunicado à imprensa, informou que a atitude busca “restabelecer a união e a paz na comunidade”.
Pelo documento, a coligação pede à atual administração municipal que reconsidere certos atos tomados em prejuízo do povo colinense, nas áreas da saúde, assistência social e setor agropecuário. Aponta, também, que vereadores e partidários da oposição foram coagidos e culpados pela cassação de Keller.
O comunicado se encerra com ênfase de que a coligação não tem pretensão, nem necessidade, de buscar o poder político a qualquer preço. Para os partidos, a política deve ser um instrumento de servir as pessoas e não dela se servir.
Durante a semana, os oposicionistas disseram ter se colocado à disposição do grupo na convenção partidária para amenizar a situação no município. “Alguém com a cabeça no lugar tem que tomar uma iniciativa para diminuir essa animosidade terrível. Conheço Colinas há 50 anos e nunca se viveu isso”, observou Herrmann. Caso efetivasse sua candidatura, havia prometido deixar as aspirações pessoais de lado.
Uma das propostas que a coligação levaria aos eleitores era diversificar a economia, sobretudo abrindo as atividades turísticas para a participação da comunidade. No ponto de vista dos ex-candidatos, o município tem bons projetos, mas necessita oferecer capacidade para novos empreendedores no setor. “Hoje tudo está nas mãos da municipalidade.”
Sem adversários
Com a retirada da candidatura, haverá apenas uma chapa na eleição prevista para o dia 1º de dezembro.
A situação, formada pelo PMDB, PT, PDT e PHS, registrou os nomes do ex-secretário da Educação, Irineu Horst, para prefeito, e do presidente da câmara de vereadores, Ademar Rieger, como vice-prefeito.
Ambos garantem somar esforços para unir a comunidade, indiferente de não ter adversários na disputa. Para eles, é fundamental pensar no coletivo. “Quem vive aqui são nossos filhos, nossas famílias. Precisam de um lugar bom pra viver. Hoje somos candidatos. Amanhã pode ser outro. Queremos que as coisas voltem a ser o que eram.”
Conforme resolução do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sobre as eleições, a campanha é permitida desde quinta-feira. A coligação prima pelo contato pessoal com os eleitores, em visita às residências. Comícios, placas de propaganda e som automotivo não devem ser utilizados por dois fatores: custo e pouco tempo para organização.
O plano de governo é quase idêntico ao utilizado pela atual administração municipal. De acordo com ambos, as propostas funcionaram no primeiro ano de governo. Até porque, segundo eles, foi algo montado por toda a equipe, inclusive por eles.
Em relação à economia, o setor primário será o mais incentivado. No turismo, prometem acentuar os projetos para que os moradores se envolvam cada vez mais. Conforme Horst, isto é trabalhado há anos na comunidade, sobretudo nas escolas.
TSE rejeita recurso de Keller
O recurso especial encaminhado pela defesa do ex-prefeito Keller, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi rejeitado na quinta-feira pela desembargadora Elaine Harzheim Macedo. Na decisão, apontou que as provas são claras, eloquentes e suficientes para reconhecer a prática de compra de votos, condutas vedadas e abuso de poder.
De acordo com a sentença, para rever o entendimento da decisão no TRE, seria necessário examinar o conjunto da comprovação dos fatos.
A defesa estuda ingressar com um agravo de instrumento, pedindo para que o processo seja analisado pela instância superior. “Acharam não ser mérito deles analisar a matéria, mas entendemos que seja.”
Perfil dos candidatos
Irineu Horst – 55 anos (prefeito)
Natural de Linha Ano Bom, trabalhou na agricultura até os 25 anos. Depois disso, começou a lecionar para séries iniciais. Entre 1984/87, cursou licenciatura de Estudos Sociais pela Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Ao terminar o estudo, lecionou por dois anos em Imigrante. De 1990 a 2000, deu aula na escola estadual de Colinas. Neste período, também foi diretor da entidade. Em 2001, assumiu a Secretaria da Educação do município, função que exerceu até a última segunda-feira. Neste período, fez pós graduação em Gestão Educacional e licenciatura em História.
Ademar Rieger – 49 anos (vice-prefeito)
Nasceu em Linha 31 de Outubro. Até os 18 anos trabalhou na agricultura. Atuou durante três anos em uma fábrica de calçados e há 28 anos começou na construção civil, setor no qual tem empresa própria há dez anos. É presidente da câmara de vereadores, pelo segundo mandato consecutivo. No último pleito, teve o segundo maior respaldo da comunidade: 178 votos.
