Mercado literário está em ascensão

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Mercado literário está em ascensão

A cultura se dissipa entre diferentes classes sociais e faixas etárias. Prova disso é o crescimento de 12,3% no mercado de livros entre o primeiro semestre de 2012 e o mesmo período deste ano. Para escritores, o índice está atrelado ao maior incentivo no hábito de ler das crianças. Grandes motivadores são as feiras: 126 anuais no estado. Na região, serão seis apenas neste mês. A maior delas segue de hoje a domingo, em Lajeado.

Vale do Taquari – A escritora Ana Cecília Togni, 62, de Lajeado, representa o modelo de como deveria ser um leitor – conforme opinião de especialistas, como a do patrono da feira lajeadense, Mario Pirata.

Na infância, ao lado de sete irmãos, era estimulada pelos pais, que lhe contavam histórias todos os dias. “Eu imaginava os personagens e aos poucos começava a criar meus próprios contos na cabeça.”

lAo ser alfabetizada, ganhou da família diversos livros, como O Pequeno Príncipe e Alice no País das Maravilhas. Na escola, recebia o incentivo dos professores. Era comum, na época, ficar horas ouvindo os educadores falando de viagens imaginárias. Criou hábito de ler todos os dias. Apegada aos contos, repassava as histórias para os amigos, até mesmo com alguns detalhes a mais.

O gosto pela literatura foi tamanho que Ana Cecília decidiu ser professora. Lecionou, entre escolas públicas e privadas, por mais de 38 anos. À frente do ensino notou diversas carências dos estudantes. A maioria delas pela falta de prática em raciocinar problemas matemáticos. “O aprendizado é uma sequência de coisas. O principal é o Português.”

Para ela, pais deveriam estimular mais os filhos a ler. Deixar à vista das crianças livros, jornais e revistas. Uma de suas principais lembranças da infância é do pai lendo reportagens do periódico Correio do Povo. Lembra que, mesmo sem gostar de noticiários, folheava as páginas e acabava se interessando por algum conteúdo.

Em 2005, fundou, como primeira presidente, a Academia Literária do Vale do Taquari (Alivat). Estima que a região tenha cerca de 250 escritores, mas apenas 25 são acadêmicos da entidade.

Ana Cecília é autora de 11 livros: oito infantis, um de matemática, outro sobre a família italiana em Lajeado e também um referente a Bacia Taquari/Antas.

Feira como potencial

A 8º Feira do Livro de Lajeado também traz o primeiro festival literário infantil da cidade. Tem como lema “A leitura como fonte de prazer”. O patrono Mário Pirata enaltece a importância de estimular jovens ao hábito de ler. Desde que escreveu seu primeiro livro, ainda na escola, perdeu as contas de quantas feiras participou no país. A maioria voltada ao público infantil.

Acredita ser essencial explorar o imaginário das pessoas. Segundo o escritor, a leitura é um exercício que se cria ao longo da vida, proporcionando ao leitor “viajar em sua imaginação, sem tirar os pés do chão”.

Para ele, quanto mais cedo começar a ler melhor, pois os neurônios linguísticos das pessoas se formam nos primeiros sete anos de idade.

O lançamento da feira – organizada pelo município e Sesc – ocorre às 19h no Parque Histórico. Atrações variadas, como teatros, encontros com escritores, palestras, entre outras atividades culturais fazem parte da programação. Seis livrarias estão presentes com 18 mil obras no total. São esperados dez mil visitantes.

Conforme a secretária municipal da Educação, Eloede Maria Conzatti, optou-se em criar o festival literário para estimular as crianças. “Queremos mostrar os livros como fonte de conhecimento e prazer.”

Índice de ensino na contramão

De acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) deste ano, a educação continua sendo o principal entrave para o desenvolvimento do país. Apesar de ter apresentado progresso, está abaixo do marcador de saúde (expectativa de vida) e do de rende – outros dois subíndices que compõem o indicador.

O país está na penúltima posição em um índice comparativo de desempenho educacionais feito com dados de 40 federações. O ranking, divulgado pela Pearson Internacional, mede os resultados de três testes internacionais aplicados em alunos do 5º e do 9º ano do ensino fundamental. Finlândia e a Coreia do Sul ficaram com os dois primeiros lugares. O Brasil só ficou à frente da Indonésia.

Para profissionais, como Pirata e Ana Cecília, o ensino depende de política públicas bem consolidadas. De governantes que invistam em escolas estruturadas, bibliotecas e capacitação dos professores. “É um absurdo um vereador ganhar mais que um educador”, acentua Pirata.

Mais leitores e vendas

De acordo com pesquisa divulgada pelo instituto GfK – quarto mais bem conceituado do mundo – o número de leitores habituais cresceu 11,7% entre o primeiro semestre do ano passado e o mesmo período de 2013. Enquanto isso, o mercado evoluiu 0,5% a mais, chegando a 3.481 livrarias em 5,5 municípios brasileiros.

O número de potenciais compradores de livros cresce com o aumento no número de alunos em cursos superiores, informa o consultor do mercado editorial Gerson Ramos. Apesar disso, os cidadãos leem, em média, quatro livros por ano. Enquanto que nos Estados Unidos e Espanha, a estimativa sobe para dez.

Durante a 23ª Convenção Nacional de Livrarias, ocorrida dia 23 de agosto, no Rio de Janeiro, a GfK apresentou índices sobre o mercado no país. De acordo com a entidade, o primeiro trimestre de 2012 concentrou 26% das vendas do setor, com foco em livros didáticos e técnicos – sobretudo os adotados em universidades e com preço médio mais elevado, na casa dos R$ 44,94.

No segundo trimestre, a concentração de 21% das vendas foi impulsionada pela literatura estrangeira e títulos religiosos, com preço na faixa de R$ 37,45.

Na primeira metade do segundo semestre, a literatura infantil e juvenil ganhou força, respondendo por 23% das vendas do ano a um preço de R$ 37,33. No quarto trimestre o destaque fica com a literatura estrangeira, concentrando 30% das vendas do ano e tendo como auge o Natal, data em que o exemplar custa em torno de R$ 36,16.

Programação

– Hoje

Abertura às 19h. Uma hora depois tem apresentação cultural com o Teatro O Natal da Família Strawisnki, da Univates, no Lonão Principal.

– Amanhã

Começa às 8h30min, com encontro entre Mário Pirata e o público (repete às 14h). Pelas 10h ocorre o Sesc Mais Leitura (repete às 15h30min e às 19h30min). Às 19h, tem apresentação da Orquestra do Colégio Sinodal Gustavo Adolfo.

– Quinta-feira

A partir das 8h30min ocorre Sesc Mais Leitura. Às 10h e 15h30min tem encontro com o escritor Walmor Santos e às 14h com Ismael Canapelle. É realizado pelas 17h45min, no miniauditório, “A Evolução da Mulher”, com Suzana Fochesato Minuzzo. Tem lançamento de livros de escritores regionais às 19h, do Projeto Jovens Poetas. A noite se encerra com apresentação da Orquestra de sopros da Funarte.

– Sexta-feira

O escritor Hermes Bernardi Junior promove encontro às 8h3,0min e 14h. Às 10h e 14h, a equipe técnica da Unimed VTRP realiza o Programa Adolescer. Pelas 10h e 15h30min há animação cultural com o patrono da feira, no Lonão Principal. Na praça de alimentação, às 18h30min, ocorre Happy Hour Cultural com Lucas Brolese. Airton Ortiz fecha a programação com palestra no Lonão Principal, às 20h.

– Sábado

Às 14h inicia Abracadabra, com o ilusionista Lúcio Alves. Uma hora depois tem apresentação com Os Mensageiros. Pelas 16h ocorre O mundo de Camila. O Coral Vocalize se apresenta duas horas mais tarde. Às 20h tem Vitor Ramil.

– Domingo

O último dia conta com o Show Poético Musical do cantor e compositor Samuel Sodré, a partir das 14h. Às 16h, o Coro de Queixas de Teutônia se apresenta no Lonão Principal, seguido pela Orquestra de Concertos de Lajeado (Oclaje), às 17h. Encerramento oficial é às 20h.

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