Efeito imediato: EGR tapa buracos na RSC

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Efeito imediato: EGR tapa buracos na RSC

Após protesto de motorista, estatal recupera asfalto da rodovia nessa quinta-feira

Vale do Taquari – Menos de 24 horas depois de Deonir Gerhardt, morador de Arroio do Meio, pintar buracos na RSC-453, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) fez a manutenção no trecho. Entre Lajeado até Mato Leitão, os locais demarcados pelo motorista foram cobertos.

Diante dos trâmites obrigatórios da empresa pública, como a exigência de licitação para contratação de serviços, crescem as críticas contra a autarquia. Por mais que as concessionárias tenham feito pouco nos 15 anos, a ânsia da população por receber um serviço de acordo com os impostos que paga aumenta.

A ação de Gerhardt ganhou a simpatia dos motoristas. Tanto que ele pretende manter a pintura dos buracos nas próximas semanas. “Meu intuito é ajudar. Não cobrar do governo, mas avisar os motoristas dos buracos”, garante.

Nessa sexta-feira, junto com a filha, foi até a ERS-130, entre Lajeado a Cruzeiro do Sul. Enquanto demarcava os problemas na pista, condutores cumprimentavam, buzinavam e faziam sinais de aprovação ao manifestante.

A manifestação começou pelas redes sociais. Na conta do Facebook, Gerhardt publicou a insatisfação pela demora nos serviços da EGR. “Brinquei que iria pintar os buracos. Um amigo disse dar a tinta e eu assumi.”

A ironia surgiu após avarias no automóvel dele. Um prejuízo próximo dos R$ 520, resultado da troca de pneus, danos no terminal do volante, no balanceamento e geometria.

Assim como Gerhardt, o empresário Luís Mallmann, de Lajeado, também teve de desembolsar. Após trocar os quatro pneus do carro, dois estouraram em buracos. Critica a falta dos serviços de resgate mecânico e socorro aos acidentados. “De que adianta pagar menos e não ter segurança?”, questiona.

Investimento no Vale chega a 30%

Até agosto, a arrecadação da EGR nas três praças da região superou R$ 5,4 milhões. Segundo a estatal, o investimento nos trechos chegou a 30%. Mas o que foi feito até agora, na avaliação dos integrantes do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), é pouco.

Para a secretária Executiva da entidade, Cíntia Agostini, a autarquia está atrasada com a apresentação dos cronogramas de obras e projetos para o Vale. “Conhecemos a burocracia do estado, mas isso não pode ser desculpa para deixar de atender a sociedade.”

Na opinião dela, houve tempo para o governo estruturar a EGR. Cita que alguns pedágios comunitários começaram em fevereiro e a ideia da criação da estatal vem desde o ano passado.

Apesar das críticas, Cíntia acredita que a mudança foi positiva por instituir a participação das comunidades.

Na região, o conselho de usuários segue em formação. Conforme a secretária, até o fim deste mês deve haver a nomeação dos integrantes.

Especialista adverte para oportunismo eleitoreiro

O cientista político Bruno Lima Rocha considera perigosa as críticas sobre a mudança imposta pelo governador Tarso Genro. Na avaliação dele, adversários políticos e militantes da oposição aproveitam os problemas das estradas para manchar o governo.

Para ele, quando as concessionárias atuavam, não havia uma vigia da sociedade diante dos serviços prestados. “As empresas arrecadavam muito, investiam pouco e as pessoas não cobravam.”

Diante do embate político, acredita que o modelo comunitário se aproxima do ideal. Rocha avalia os problemas da estrutura da EGR. Para ele, deixar de prestar serviços de guincho e ambulâncias é um erro.

Frisa que isso cria uma ideia de abandono, como se antes, com as concessionárias, as pessoas estivessem mais seguras, mesmo sabendo que os serviços eram insuficientes.

Desde quando assumiu as praças no Vale, a presidência da EGR afirmava esperar um levantamento do Daer para terceirizar o resgate.

Passados alguns meses, a proposta mudou. Agora, a diretoria da estatal diz ser melhor usar a estrutura do estado, fazer convênios com o Corpo de Bombeiros e Daer, repassando verbas para o atendimento.

Para o Codevat, a medida é falha, pois os órgãos sofrem com o baixo número de servidores e a pouca estrutura disponível.

Enquete

Qual sua opinião sobre a troca do modelo de pedágios no estado?

“A ideia do governo é boa. Deixar o dinheiro na região, como propuseram, é o certo. Só que a EGR não estava preparada para assumir. Esse foi o erro”, Nicanor Luiz de Almeida, 66, taxista de Lajeado

“Acredito ser muito cedo para dizer se é bom ou ruim. Sobre os pedágios, tudo bem pagar a tarifa, mas a via tem de estar em condição”, Jonas Brondani, 38, torneiro mecânico de Faxinal do Soturno

“Desde a mudança, as estradas pioraram. Na BR-386, onde não há mais cobrança, as incertezas preocupam, pois se depender do governo, vamos esperar para pouco ser feito”, Fabiano Fernandes de Siqueira, 30, motorista de Santa Clara do Sul

“Onde tem pedágio a estrada é melhor. Tem menos buracos. Acredito que vai melhorar com o governo assumindo a conservação das vias. Para mim, a maior preocupação é com o fim da cobrança nas federais”, Jair Campos, 40, caminhoneiro de Planalto

“Mudou pouco. Mas estou preocupado porque reduziram muito pouco a tarifa e não temos serviço de guincho e ambulância. Enquanto isso, a EGR está fazendo caixa e investindo pouco”, Ricardo Jahnn, 39, motorista de Lajeado

“Nesses primeiros meses, mudou para pior. O trecho das estaduais entre Guaporé e Lajeado está horrível. Hoje (sexta-feira) furou um pneu depois de passar por um buraco. A gente paga impostos, além da tarifa, temos pouco retorno”, Sérgio Tonini, 45, motorista de Serafina Corrêa

“Antes a condição do asfalto parecia melhor. Reduziram o preço da tarifa mas retiraram serviços de resgate. Para mim, não vale a pena. Prefiro pagar um pouco mais e ter segurança”, Fabrício Daniel Blau, 36, mestre de obras de Lajeado

“Não trouxe benefícios, só nos causou problemas. Mas precisamos associar as condições das estradas às frequentes chuvas. Isso danificou mais as pistas. A EGR teve um pouquinho de azar ao assumir assim”, Mauro Mallmann

49, empresário de Lajeado

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