Lajeado – A maior cidade do Vale sedia a 4ª Conferência Estadual de Cultura neste ano. O evento se iniciou ontem, 30, e se estende até quarta-feira, 2, visando selecionar projetos a serem enviados à conferência nacional.
A próxima etapa ocorre em Brasília, no fim de novembro, momento em que todos os estados apresentam planos de melhoria para o setor cultural do país. Lajeado levará à capital brasileira as necessidades do estado em relação à cultura.
Cerca de 500 representantes de diversas cidades compareceram à abertura oficial, ocorrida no Parque Histórico. Autoridades municipais, estaduais e federais prestigiaram a solenidade. Secretário de políticas culturais do país, Américo Córdula, pensa ser importante as cidades interioranas sediarem eventos de grande porte. “Ganham mais visibilidade em todos os setores.”
Com o tema “Uma política de Estado para a cultura: desafios dos sistemas estadual e nacional de cultura”, o evento anual reúne artistas de segmentos como corais, danças e artes cênicas.
Para o secretário municipal da Cultura e Turismo, Eduardo Müller, receber a conferência é oportunidade para movimentar a economia local. Segundo ele, a cidade foi escolhida por ser considerada como referência em gestão cultural pelo estado. “Construímos planos de carreira aos artistas.”
Dezoito instituições culturais se encontram no projeto municipal que garante incentivo ao setor. Müller comunica a impossibilidade de remoção do plano.
Os partidos não podem excluir planejamentos existentes na cultura, apenas ampliá-los. Isso corresponde à lei do Sistema Estadual de Cultura sancionada ontem pelo governador Tarso Genro. A legislação criada garante dez anos de políticas públicas continuadas para a cultura do estado.
Reconhecimento nacional
Os 280 corais do Vale são considerados hoje como Patrimônios Imateriais da Cultura Brasileira. Colocados em primeiro lugar no recebimento de verbas para incentivo à qualificação, os 7 mil cantores têm seu talento reconhecido como arte.
Cada coral recebe um plano de gestão própria para seguir. Os investimentos recebidos devem ser aplicados em viagens, apresentações e qualificações de cantores.
Presidente da Liga de Corais, Telma Merinha Kramer, 48, espera maior reconhecimento da atividade por pessoas da região. “Temos que reconstruir o olhar sobre o coral.” Segundo ela, o interesse de crianças e jovens pelo canto aumenta nos últimos anos e comprova o valor desta arte.
Viver de cultura
No segmento de artes cênicas, os integrantes do grupo municipal de teatro Kleber Vivian, 20, e Cristian Santos Souza, 38, encontram dificuldades para sobreviver do teatro no Vale.
Apostam na transformação da arte em trabalho formal e dispensam a ideia de abandonar os palcos. Precisamos ser vistos e ter oportunidades, diz Souza.
Chefe da tribo caingangue, cacique Francisco, comemora os projetos vigentes. Espera melhorias para a tribo no setor cultural e prevê modificações no comércio. De acordo com ele, permanecer em cidades maiores.