Dívida da Latvida passa de R$18 milhões

Você

Dívida da Latvida passa de R$18 milhões

Investidores querem anunciar compra até sexta. Negócio depende do MP e Dipoa

Vale do Taquari – Duas reuniões marcadas para esta semana definem a venda da VRS Laticínios, responsável pela marca Latvida, para um grupo de investidores.

Os empresários se reúnem hoje com representantes do Ministério Público do Estado (MPE) para discutir a recuperação judicial da empresa. Após, pretendem negociar com a Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) a reabertura da fábrica. Previsão é fechar o negócio até sexta-feira.

lA dívida da atual gestão com os credores ultrapassa R$ 18 milhões, e será toda quitada pelos novos empreendedores. O valor a ser pago pela estrutura e maquinários da empresa ao atual diretor, Rui Sulzbach, não foi divulgado.

Conforme o assessor contratado pelo grupo de empresários, Eduardo Miguel, os passivos judiciais recorrentes das operações da Promotoria de Defesa do Consumidor serão de responsabilidade do atual gestor, Rui Sulzbach.

De acordo com uma liminar concedida pela 16ª vara Cível de Porto Alegre, a empresa precisa pagar mais de R$ 3 milhões em indenizações morais pela suposta presença de formaldeído no produto e por outras irregularidades constatadas na fábrica.

Miguel garante a manutenção da marca Latvida. Segundo ele, pesquisa realizada na Região Metropolitana – destino de 80% da produção – demonstra pouca rejeição dos consumidores após as polêmicas envolvendo a empresa.

“O impacto foi maior aqui na região, onde as vendas não são muito significativas.” Nova embalagem e projetos de reestruturação serão as maiores mudanças.

Mesmo com o negócio em andamento, o grupo de investidores já contratou um novo gestor industrial. Com experiência em outras fábricas de laticínios, Francisco Abraão assumirá o comando da produção.

A novidade será utilizada para tentar sensibilizar os técnicos da Dipoa e garantir a liberação da fábrica. “Será uma gestão mais rígida com o controle sanitário. Cumpriremos todas as exigências.”

“Estrutura é suficiente”

O assessor enaltece a qualidade da estrutura instalada em Linha Santa Rita. Culpa a gestão atual pelas irregularidades denunciadas pela Dipoa e MPE.

Segundo ele, a industrialização diária de 300 mil litros deverá ser mantida. Para isso, diz ele, será preciso recuperar os mais de 600 fornecedores que passaram a abastecer outras fábricas da região.

Hoje, cerca de 30 desses 600 produtores ainda cobram valores referentes a entrega de leite nos meses de julho e agosto. Em recuperação judicial, a diretoria está impossibilitada de pagá-los.

“O pagamento de valores atrasados para os produtores é a principal prioridade da nova direção.” A negociação será finalizada após a assembleia dos credores, que deve ocorrer em no máximo 35 dias.

Em entrevista ao jornal A Hora na semana passada, Nestor Müller, um dos compradores da Latvida, também garantiu a manutenção da marca e elogiou a atual estrutura. Ele demonstrou confiança na recuperação da credibilidade perante os consumidores.

Ex-funcionários e produtores reclamam

Dos 39 funcionários demitidos em abril, cerca de 20 ainda aguardam valores referentes às rescisões contratuais. Os casos são acompanhados pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação de Estrela. O acordo realizado na época previa, para alguns casos, o parcelamento do valor em quatro prestações.

De acordo com o presidente do sindicato, Pedro Mallmann, o valor aproximado de R$ 100 mil deverá ser incluído na recuperação judicial da empresa.

Um dos funcionários reclama do atraso. Segundo ele, a negociação previa quatro parcelas de R$ 1,2 mil. Duas foram pagas, e a terceira está cinco dias atrasada. “Tenho receio de não receber esse dinheiro. E outras pessoas estão na mesma situação.”

Alguns produtores que abasteciam a Latvida ainda devem valores a fábricas de rações. Com o atraso nos pagamentos de julho e agosto por parte da empresa, a quitação ficou impossibilitada. Eles negociam a transferência de valores do crédito de leite para pagar a dívida.

A empresa chegou a ter quase 300 funcionários. Em julho, após as recorrentes polêmicas, o número já havia baixado para 210. Hoje, a empresa conta com 180 funcionários contratados. Destes, só 50 estão ativos na área administrativa. O restante, responsável pela produção, segue em férias. A produção está interditada desde o dia 23 de agosto.

Acompanhe
nossas
redes sociais