Na cidade das flores, o calçado predomina

Você

Na cidade das flores, o calçado predomina

O município aposta na beleza e perfume do símbolo municipal para atrair milhares de visitantes à Santa Flor até domingo. Chamarizes ao evento, as plantas ornamentais incluem o projeto de diversificação econômica, ainda liderado pela indústria calçadista. A feira, como define o prefeito Fabiano Immich, é uma vitrina do desenvolvimento de Santa Clara do Sul

Santa Clara do Sul – O setor da floricultura se iniciou em 2006 com seis empreendedores. A dificuldade de administrar uma nova atividade produtiva na região forçou desistências, limitando o desenvolvimento. Com pouco avanço, a representação econômica continua exígua.

Restam quatro produtores. O cultivo mensal chega a 40 mil vasos em 14 mil metros quadrados de estufas. A média de preço varia entre R$ 4 e R$ 6 por unidade. O setor emprega 25 pessoas e o valor adicionado anual chega a R$ 800 mil.

Gilberto Fröhlich, 53, é o principal floricultor da cidade. Tem três estufas e produz cerca de 16 mil vasos de flor por mês, a maioria da variedade crisântemos. No início da atividade, tinha uma estufa e produzia, em média, 300 vasos mensais. O maior entrave é a condição meteorológica. A variação de temperatura prejudica o desenvolvimento das plantas.

O principal mercado é a região metropolitana, mas nos últimos meses conseguiu expandir as vendas para demais áreas gaúchas e outros estados. Em função da demanda ser superior à oferta, projeta investir R$ 130 mil em 2014 na construção de uma nova estufa. Pretende aumentar a produção em 12 mil vasos por mês.

Enaltece o aumento no consumo de flores na cidade. Por ano, estima, cada morador gasta em média R$ 30. Há espaço e mercado para novos produtores. Hoje 82% das flores são importadas de outros estados, garante.

Com quase 900 hectares de área plantada, o estado é o segundo maior produtor de flores do país, atrás apenas de São Paulo. A atividade gera 18,5 mil empregos diretos e movimentou R$ 355,7 milhões no ano passado. Nos últimos dez anos, atividade teve crescimento anual entre 10% e 15%, superando a variação do PIB nacional, que oscilou entre -0,3% e 7,5%.

Líder econômico

A indústria de transformação predomina entre as atividades econômicas do município com 45,13% no valor adicionado previsto em 2012. No setor, a fabricação de calçados é destaque. A maior empresa é a Calçados Beira Rio, instalada na cidade desde 2010.

A direção da Beira Rio aproveitou a crise financeira da Calçados Andreza – maior indústria da cidade nas últimas quatro décadas e responsável pela maior parcela do desenvolvimento local. Na época, comprou um terço da estrutura física da outra indústria.

Mas a fábrica de calçados administrada pela família Piaccini (Andreza) mantém na cidade parte do setor de modelagem e de almoxarifado. No auge, há dez anos, a empresa representou 38% de todo o valor adicionado, com 1,2 mil funcionários.

Outras indústrias ganham espaço em Santa Clara do Sul, como a Lisi Calçados, dirigida por Edson Thomas. Fundada em 1993, a empresa começou com uma máquina de costura. Trabalhava com sandálias, chinelos e tamancos.

Em 1997, a produção diária era de 20 pares. Na época surgiu a proposta de confeccionar tênis esportivos. Pouco tempo depois, a média de calçados por dia chegou a 300. Há 12 anos a empresa começou a terceirizar serviços para a Nike. “Foi nossa grande ascensão. Temos 290 funcionários e média de oito mil pares por dia.”

O grande problema é a falta de mão de obra. Muito se deve, destaca Thomas, pela oferta de empregos na cidade. Destaca que há condições dos moradores em trabalhar tanto na agricultura, como na construção civil. “Mas a comunidade local entende de fazer calçados pelo histórico do município. Este é o nosso principal ponto positivo.”

Feira é ampliada

A área comercial da Santa Flor é um terço maior se comparada à primeira edição, realizada em 2011. Realizada no ginásio municipal de esportes e arredores, tem três pavilhões instalados no campo do Santa Clara FC. Um deles tem 900 metros quadrados e recebe quase 50 expositores. Toda a estrutura é coberta e, em função da previsão de chuva, também tabuada.

O prefeito Fabiano Immich enaltece o sucesso do evento. Segundo ele, a demanda de expositores foi maior que a oferta. São esperados mais de 40 mil visitantes. A abertura do evento ocorre hoje à noite e se encerra no domingo. A entrada é gratuita.

Em torno de 30 grupos representando escolas, sociedades, entidades culturais e esportivas participam do desfile cívico amanhã. A saída será às 14h30min, em frente ao Posto Gasóleo, na Avenida 28 de Maio. Além de evidenciar a Independência do Brasil e a Semana Farroupilha, o desfile será voltado às flores. O tema é “Florescendo Ideias, Cultivando Valores”. Cerca de cinco mil pessoas são aguardadas no evento.

Uma das novidades desta edição é o Cine 6D Farias, um cinema em seis dimensões que proporciona sensações como chuva, vento e aromas, além de simular movimentos. A atração combina a projeção de filmes 3D de curta duração que estimulam os sentidos e faz o espectador sentir que é parte do filme. Outro diferencial é a área de alimentação. Um pizzaria está instalada na feira.

No que se refere à programação, os destaques ficam por conta do show da banda Tchê Guri e da peça teatral Primeiro As Damas, além da apresentação de talentos locais, desfile cívico e atrações para todas as idades. Hoje à noite, antecedendo a abertura do evento, haverá reunião da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat). No sábado de manhã, ocorre encontro de vereadores da região no salão paroquial.

Rotina alterada

Em função da feira, o Executivo faz mudanças nos horários da administração municipal. O expediente de hoje na prefeitura é das 7h às 13h. O prefeito decretou o fechamento de ruas e mudanças no trânsito durante o evento.

Às 7h deste sábado, até as 12h de segunda-feira, a rua Pedro João Kreuz é ocupada desde a Capitão Nicolau Klein até o alinhamento final do ginásio municipal de esportes.

Nesta sexta-feira, das 12h às 16h, durante o desfile cívico, serão fechadas a Avenida 28 de Maio, no trecho compreendido entre as ruas 2 de Novembro e Carlos Schnorr, e a rua Capitão Nicolau Klein, no trajeto entre a Avenida Emancipação e a rua Loni Maria Weber.

E das 12h de quinta-feira até as 21h de domingo haverá o fechamento da rua Capitão Nicolau Klein, desde a Rua 9 de Fevereiro até a Rua Loni Maria Weber e da Rua Loni Maria Weber, desde a Avenida Paulo Décio Goergen até a Rua Capitão Nicolau Klein.

A rua Loni Maria Weber terá sentido único a partir da Avenida Paulo Décio Goergen em direção à Rua Guilherme Klein (acesso apenas para expositores). Não haverá acesso à rua Padre João Kreuz pela Avenida Paulo Décio Goergen (só para moradores). E a entrada à Capitão Nicolau Klein pela rua Padre João Kreuz também estará bloqueada.

Aposta na diversificação

A administração municipal esperar garantir o equilíbrio financeiro do Executivo por meio da diversificação de atividades econômicas. Conforme Immich, um frigorífico deve ser aberto às margens da ERS-413 nas próximas semanas.

O empreendimento terá capacidade para abater até 200 animais por dia. Com isso, acredita, a empresa se tornará a segundo maior fonte de arrecadação do município.

A criação de um distrito industrial dentro de três anos deve fomentar o setor. Desta forma, o prefeito espera atrair diferentes tipos de empresas para se tornar independente dos grandes empresários da cidade.

Na área da infraestrutura urbana, será lançado em dois meses uma nova Lei dos Loteamentos. A partir daí, todos os loteamentos novos deverão ter ruas asfaltadas ou calçadas. “Queremos crescer com qualidade e não em proporção.”

A agricultura é outro setor importante na economia local. Representa quase 30% do valor adicionado. Para aprimorar a área, deve ser implantado até o ano que vem um projeto de piscicultura.

Nele, o município, com apoio da Emater, construirá açudes e dará suporte técnico aos produtores. Immich garante criar um sistema de produção em escala, profissionalizado, no qual o trabalhador se comprometa a entregar a mercadoria.

Para o comércio, o município aposta na reformulação da Associação Comercial e Industrial de Santa Clara Sul (Acisc) e pretende reativá-la a partir do ano que vem.

Neste ano, a administração municipal destinou R$ 15 mil para campanhas de arrecadação. Pela proposta do Executivo, o percentual de crescimento do setor será repassado em aumento nas verbas de incentivo.

Com essas propostas, o prefeito espera tornar a vida no município sustentável: para morar e trabalhar na cidade, recebendo salário equiparado ao que ganharia em qualquer cidade vizinha.

Acompanhe
nossas
redes sociais