Estado quer fechar Latvida em Estrela

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Estado quer fechar Latvida em Estrela

Dipoa tenta anular o registro da fábrica envolvida em recentes casos de fraude

Vale do Taquari – A recorrência de irregularidades envolvendo a VRS Indústria de Laticínios poderá custar a cassação do registro da empresa junto a Secretaria Estadual de Agricultura (Seapa). Suposta contaminação com formol, problemas de limpeza e higiene nos depósitos e possível reutilização de produtos vencidos são as principais polêmicas nas quais a fábrica se envolveu desde abril de 2013.

Há três semanas, foi interditada a pedido dos técnicos da Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), órgão pertencente a Seapa. Numa operação com a Delegacia Estadual do Consumidor (Decon) e Polícia Civil de Estrela, foram apreendidas mais de mil embalagens com leite vencido. Há suspeita de que os produtos eram reutilizados na fabricação de derivados.

De acordo com a Dipoa, autuações envolvendo a Latvida – uma das marcas de propriedade da VRS Laticínios – ocorrem desde 2003. Agora, o órgão fiscalizador quer cassar o registro e fechar a indústria.

Para o diretor do Departamento de Defesa Agropecuária, Eraldo Leão Marques, é a única solução para encerrar as irregularidades recorrentes. “Perdemos a confiança na empresa, não podemos ficar lá de plantão todos os dias.”

Segundo Marques, a decisão técnica do Dipoa é definitiva. “Foram várias tentativas para adequar a empresa. Não podemos mais negociar a saúde pública.” Ele demonstra preocupação com o destino dos funcionários da empresa. Mas reitera que a sanidade dos produtos encaminhados aos consumidores precisa prevalecer.

A decisão precisa passar por análise do setor jurídico da Seapa e também da Procuradoria-Geral do Estado (PGE). Para o superintendente federal do Ministério da Agricultura (Mapa) no Estado, Francisco Natal Signor, a secretaria possui autonomia para interditar e até fechar a fábrica.

Mapa nega divergência com MP

monstra irritação quando questionado sobre possíveis divergências envolvendo Mapa e Ministério Público do Estado (MPE), conforme depoimento de promotores à imprensa. “Não há problemas. Essa crise é gratuita. Estamos aqui para trabalhar, não para aparecer na imprensa.”

A suposta crise estaria, inclusive, ameaçando o êxito da Operação Leite Compen$ado, que investiga fraudes na produção de laticínios no estado. Ao jornal A Hora, em reportagem publicada no dia 31 de agosto, Signor havia reclamado que informações de técnicos do Mapa estariam sendo repassadas ao MP de forma “precipitada”. “Precisamos apenas cuidar para não divulgar nada incorreto.”

Ele se referia ao caso envolvendo a Elegê, de Teutônia, quando no fim do mês passado foi divulgada a presença de álcool em alguns lotes de leite cru que chegaram até a empresa. O site do MP do estado divulgou que o produto foi oferecido para consumo.

A afirmação foi atribuída pela assessoria de comunicação ao Mapa. Signor nega o fato. “O produto não foi ao mercado. Houve erro na divulgação.”

Signor afirma receber todos os dias pedidos de informações do MP do estado e federal. Nega que o Mapa esteja impedindo, por exemplo, que membros do Ministério Público estejam proibidos de terem acesso aos laudos encaminhados ao Laboratório de Leite da Univates. “Eu não tenho atribuição para proibir promotores de terem acesso à informação. Qualquer um sabe disso.”

Segundo ele, ontem foram enviadas para a Promotoria de Defesa do Consumidor novas denúncias de fraude no leite envolvendo empresas do Vale. Ele não deu mais detalhes. Apenas confirma que os procedimentos envolvendo Mapa e MP são rotineiros.

Latvida divulga nota

“A VRS Indústria de Laticínios Ltda dada a solicitação de informações pela imprensa, vem apresentar nota de esclarecimento à comunidade. Primeiro, já demonstrou que o seu leite nunca teve formaldeído. Segundo, o armazenamento de leite embalado (em caixas longa vida) e com prazo de validade expirado no mesmo depósito (mas em lugar diverso) em que estava armazenado leite com prazo de validade vigente deveu-se a procedimento determinado e acompanhado pelo DIPOA (antigo CISPOA). Terceiro, a abertura de leite já embalado foi realizado conforme as determinações legais sobre a matéria. Leite com prazo de validade expirado foi destinado a alimentação animal, como é feito em todas as empresas de laticínios do Brasil. A empresa também demonstrará, a seu tempo que todos os produtos que fabricou sempre primaram pela qualidade. Quinto, a empresa está em recuperação judicial e está tomado medidas para sua reorganização societária e econômica. Por fim, a empresa espera que não seja objeto de represálias por defender seus direitos e por provar que nunca teve formaldeído nos produtos que fabricou.”

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