Estrela – O projeto de construir um acesso entre a ERS-452 (Rota do Sol) e a BR-386, pela rua João Fell, no bairro Pinheiros, desagrada moradores. Em julho, entregaram abaixo-assinado com 15 adesões ao Ministério Público (MP), refutando a alternativa de desvio do tráfego de caminhões que acessam o bairro Boa União.
Em maio, a obra foi apresentada como solução para os problemas no trânsito entre os quilômetros 38 e 39, local onde a rodovia estadual ingressa na rua João Lino Braun. Hoje, a ideia inicial mudou.
Conforme o prefeito Rafael Mallmann, a transferência do fluxo pesado depende de estudo de viabilidade da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). Ele espera receber o documento até novembro.
Na João Fell, o governo municipal assegura o asfaltamento dos 2,3 quilômetros da rua. A via mede cerca de 2,3 quilômetros e desemboca próximo de uma fábrica de lacticínios.
De acordo com o gestor, o interesse em investir na melhoria viária da rua leva em consideração a possibilidade da novos empreendimentos se instalarem no local. Um dos moradores da rua, Natalino Grimm, reside no local há 35 anos.
Para ele, transferir o trânsito dos caminhões ao local é um erro. Mesmo sem a confirmação de que o acesso à BR-386 seja feito no trecho, também mostra-se insatisfeito com o asfaltamento. “Depois de pronto é óbvio que os motoristas passarão por aqui.”
Segundo ele, a passagem de veículos pesados trará transtornos e prejuízos. Grimm participou de audiência com a administração municipal, MP e integrantes da EGR. “Desviar por aqui não resolverá o problema.”
O empresário cita a largura da rua como um impedimento. “São 11 metros. Se tiver um carro estacionado, dois caminhões em sentidos opostos não conseguem passar.”
Pelo Plano Diretor, a localidade onde está a rua João Fell é definida como área de expansão industrial. Há sete casas no trecho e algumas indústrias.
Trânsito caótico
Perto das 18h, o trânsito no acesso do bairro Boa União ao Centro é intenso. A rodovia estadual passa por dentro do bairro. Segundo moradores, engarrafamentos são constantes. Há dificuldades em ingressar nas ruas residenciais e em chegar na Rota do Sol.
Próximo do local funciona a escola Nicolau Müssnich, uma das maiores do município. A passagem de estudantes também contribui com o tumulto.
O MP abriu uma ação civil pública sobre o caso em abril de 2012. Cerca de 800 pessoas entregaram abaixo-assinado pedindo providências. Na época, foram apresentadas duas alternativa. A construção de uma rótula, entre os quilômetros 38 e 39 da Rota do Sol, e a ligação pela João Fell.
Conforme o prefeito Mallmann, não há projeto no Executivo sobre a primeira opção. “Temos um esboço. Nada confirmado.” Em 2012, o governo passado desapropriou uma área. O terreno fica junto à curva, após a lombada eletrônica. Foram gastos mais de R$ 500 mil. Hoje, o espaço serve de estacionamento.
Segundo o promotor Daniel Cozza Bruno, a função do MP no caso é verificar as medidas previstas pelo governo local. “Pelo que vemos, é um problema que se estende por anos e de difícil solução.”
Pelo traçado original da Rota do Sol, projeto da década de 70, a rodovia não passava pelo bairro. Há duas questões que teriam modificado o asfaltamento do trecho.
Pressão comunitária, pois naqueles anos se acreditava em benefícios da urbanização no município. A outra estaria ligado aos altos custos para realização da obra.
Empréstimo de R$ 8 mi para obras
No primeiro trimestre, ingressou com pedido de financiamento no Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). O Tesouro Nacional avalia a solicitação. Pelo contrato com o BNDES, o município terá 16 anos para pagar os R$ 8 milhões. Por ano, a taxa de juros é de 6% e a contrapartida foi estabelecida em R$ 500 mil.
Afora o asfaltamento da João Fell, também estão previstas recapeamentos das avenidas Coronel Müssnich, Rio Branco e Coronel Brito. A construção de uma anel viário no bairro das indústrias foi retirado das prioridades.
Pela norma, o investimento destes recursos devem ser feitos só em ruas existentes. É vedado o uso da verba para abertura de novas ruas ou desapropriações.