Vale do Taquari – A ação de ladrões de carro aumentou na região. Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) mostram que, nos primeiros seis meses deste ano, foram 243 registros de furtos ou roubos.
O número é 26,5% maior do que todo o ano de 2012, quando 192 casos chegaram à Polícia Civil (PC) e Brigada Militar (BM). A maior cidade da região lidera o ranking. Em 2013, o número de crimes ultrapassa 130. A maioria ocorre no centro de Lajeado. Até junho, foram 28 casos.
Para o comandante do 22º Batalhão de Polícia Militar (BPM), major Ivan Urquia, esse crime está ligado ao aumento no número de veículos nas ruas. Segundo ele, o descuido dos motoristas influência no crescimento dos índices criminais.
Dados do Centro de Registros Automotivos (CRVA) de Lajeado, mostram 4.052 novos emplacamentos até outubro. Somado com o ano passado, o total alcança 55.106 veículos de Lajeado.
O major assumiu o comando do 22º BPM em julho de 2012. Na ocasião, as ocorrências de furtos e roubos o deixou alarmado. Diante disso, iniciou uma série de ações para tentar coibir esses crimes.
Entre os quais, patrulhamento de áreas próximas a parques e praças onde há histórico de crimes. Também houve a identificação de suspeitos. A partir disso, militares passaram a monitorar essas pessoas. Alguns foram abordados com ferramentas usadas para abrir os veículos.
Casos de roubos é a minoria. No primeiro semestre, foram 43. Nesse aspecto, motoristas de Lajeado correm mais risco de se deparar com um bandido armado. Do total registrado, 60% foram no município.
Número de recuperações é alto
Dados do 22º BPM mostram que grande parte dos itens furtados são recuperados. Das 132 ocorrências até junho, 89 foram encontrados. O delegado Silvio Huppes afirma que alguns são abandonados após serem usados para realização de outros crimes.
O foco dos ladrões são modelos antigos, sem sistema de alarme ou travas. O delegado relata que, em algumas ocasiões, os criminosos levam peças do veículo para trocar por drogas.
Segundo ele, quando as motocicletas ou os automóveis não são recuperados, os autores dos delitos tendem a ser de outras cidades, sobretudo da região metropolitana de Porto Alegre. “Os veículos, às vezes, são clonados e revendidos ou também desmanchados para a venda das peças.”
Sem respostas há sete anos
O servidor público Joelsio Bobevini, 36, teve o Gol ano 1991 furtado em 28 de fevereiro de 2005. O motorista deixou o veículo em frente à Escola Fernandes Vieira, no Centro de Lajeado. O local fica uma quadra da delegacia de polícia.
Bobevini chegou ao local por volta das 23h30min para acompanhar o desfile de Carnaval. Menos de 30 minutos depois, quando voltava para pegar cadeiras que estavam no porta-malas, o veículo havia sido furtado.
Calcula um prejuízo de R$ 9 mil. Além de ficar sem o automóvel, também teve problemas para conseguir a segunda via dos documentos. “Fui na polícia várias vezes, mas nunca recebi informação do carro.”
Na esperança de recuperar o carro, consulta o Detran para conferir se o Gol foi encontrado. “Infelizmente, acho que ele foi para o desmanche”.
Dois suspeitos estariam envolvidos em 80% dos crimes
Foram registrados 22 furtos e três roubos em Teutônia. Todos recuperados. O último registro ocorreu no dia 4 de julho. Os crimes pararam após a identificação de dois suspeitos, cinco dias depois do crime. Eles foram abordados pela BM na madrugada do dia 9 do mesmo mês.
No veículo, um Crossfox, estavam chaves mixa, cabos para fazer a ligação de ponte e peças de carros. Os dois irmão, de 20 e 40 anos prestaram depoimento para a PC. Porém, segundo delegado Mauro Mallmann, não havia elementos suficientes para prisão em flagrante.
Após reunir evidências do envolvimento da dupla, foi pedida a prisão preventiva dos suspeitos. Desde então, eles estão foragidos.
Há provas da ação dos irmãos nos 22 furtos de Teutônia e em outros municípios, como Estrela, Lajeado, Roca Sales e Arroio do Meio. O inspetor Vanderlei Gerlach estima, pelas informações levantadas em outras delegacias, que cerca de 80% dos crimes na região tenham a participação deles. O desmanche para onde os carros eram levados não foi localizado.
O carro do estudante Rodrigo Huve, 18, foi o último a ser levado pelos ladrões. O Gol estava em frente da escola Reynaldo Affonso Augustin, no bairro Canabarro. Quando retornou, às 22h, não avistou mais o veículo.
Esse caso foi determinante para a identificação dos suspeitos. As peças de automóveis encontradas no Crossfox pertenciam a Huve. Ele reconheceu os objetos. Um amigo do jovem também percebeu a aproximação de um homem. Naquele momento, não suspeitou de nada. Contudo, em depoimento à polícia fez uma descrição do suspeito.
Três furtos em três dias
Encantado registrou dez furtos de veículos no primeiro semestre deste ano, dois a menos do que todo o ano de 2012.
Nesses primeiros dias de setembro, já foram três furtos. No dia 1º, um Corsa vermelho foi levado das proximidades da Boate Cinquentinha, às margens da ERS-129. O fato ocorreu pelas 20h. O automóvel foi recuperado no dia seguinte, em um patrulhamento da BM, no bairro Pinheiros, em Estrela.
No outro dia, o carro de uma moradora de Progresso foi furtado no Centro da cidade. O veículo estava estacionado na rua Rio Branco. A proprietária só percebeu o fato às 21h. O automóvel não foi encontrado.
Nesta terça-feira, um Gol preto também foi levado por ladrões. O crime ocorreu durante o dia. Às 20h, o veículo foi encontrado incendiado às margens da ERS-332, em Doutor Ricardo. Sem testemunhas, a PC investiga o caso.
O delegado João Merten Peixoto considera baixo os crimes de furtos e roubos de veículo no município em relação à frota. Em cerca de 70% dos casos o veículo é recuperado, cita. Na maioria das vezes, o furto ocorre para o contrabando de peças, sendo levado para outras cidades. Há casos em investigação, com alguns suspeitos.
“Prefiro ruas movimentadas”
Há três meses, o supervisor de produção Zaquiel Vian, 35, teve o Santana ano 90 furtado. O crime ocorreu enquanto aguardava a mulher no hospital, por volta das 7h30min. No fim da tarde, o veículo foi encontrado próximo ao reservatório de água, no bairro Pinheirinho, em Encantado.
A bateria e ferramentas do porta-malas foram levadas. O carro não tinha seguro. “Estava com pouca gasolina, então eles não foram longe.”
Depois do ocorrido, instalou alarme no carro e travas de segurança. O cuidado com o local onde estaciona também aumentou. “Prefiro ruas movimentadas e próximas de câmeras de vigilância.”
Outros motoristas não tiveram a mesma sorte. A auxiliar de escritório, Fernanda Debortoli, 31, aguarda a meio ano por notícias do Gol branco, ano 2001. O furto ocorreu em Lajeado, enquanto ela estava numa festa com as amigas.
Sem seguro, ela terminava de pagar as parcelas do financiamento do carro. “Tive um prejuízo superior a R$ 14 mil.”
Inteligência usa carros com GPS
Conforme o comandante do 40º BPM, de Estrela, Major César Augusto Pereira da Silva, um dos envolvidos em crimes dessa natureza foi identificado após roubar uma viatura discreta, rastreada por GPS. O veículo foi deixado propositalmente em um local com histórico de furtos.
Em Estrela, foram 17 ocorrências e 12 recuperações. Segundo ele, os crimes no Vale seguem o mesmo padrão. “Temos ideia de quem está envolvido.” Com a identificação dos suspeitos de Teutônia, houve redução dos registros nos últimos meses, afirma.
De acordo com o major, 90% dos furtos são de veículos antigos. “Os carros não têm seguro, travas ou alarme.” Outro fenômeno percebido pelo militar são os furtos temporários. “Há alguns que furtam o carro em uma sexta-feira para fazer festa ou usar drogas e depois abandonam os veículos.”