Manutenção é insuficiente

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Manutenção é insuficiente

A precariedade da BR-386 e de nove rodovias estaduais traz riscos e prejuízos aos usuários. A chuva acentuou os problemas. Os órgãos responsáveis pedem tempo para fazer as reformas

Vale do Taquari – Rodovias danificadas, com buracos, desníveis, pouca sinalização e mal iluminadas. Essa é a realidade na maioria das estradas estaduais nos trechos da região. Situação similar é enfrentada pelos motoristas que trafegam na BR-386.

Após o fim do pedágio a dúvida sobre as responsabilidades aumenta. Entidades cobravam da antiga concessionária investimentos na rodovia federal. Em mais de 15 anos, pouco foi feito. Com as cancelas abertas, falta definição dos órgãos quanto aos trabalhos de recapeamentos e melhorias.

Somam-se a isso as avarias nos veículos e incertezas no atendimento em casos de acidentes. Sem os serviços antes prestados pela concessionária, motoristas ficam desprotegidos. Em caso de acidentes, ambulância e o resgate caem “no colo” das administrações municipais, do Corpo de Bombeiros e Samu. Entre Pouso Novo e Fontoura Xavier são 50 quilômetros sem estrutura fixa.

Nos trechos da região, a 4° Delegacia de Polícia Rodoviária Federal (PRF) calcula que dez mil caminhões passam por dia entre Lajeado e Estrela. Estudo do Dnit de 2012 aponta que 77% dos caminhões trafegam acima do limite de peso. O fluxo intenso é apontado como um dos causadores dos danos na rodovia.

Motoristas calculam prejuízos

A menos de 200 metros da praça de pedágio da ERS-129, um buraco cortou o pneu traseiro do carro do roca-salense Inácio Secchi. O incidente provocou irritação e um gasto adicional no orçamento. “É um descaso com o cidadão que paga impostos.”

Dono de uma borracharia às margens da rodovia, o trabalho de Alduíno Merlo é intenso. Na semana passada, foram mais de cinco veículos com o mesmo problema: pneus rebentados nos buracos, conta.

Vereadores de Encantado se reuniram com o gerente operacional da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). Cobram agilidade nos serviços de manutenção. A autarquia se comprometeu em fazer uma operação emergencial de tapa-buracos ainda nesta semana.

O recapeamento deve sanar o problema do trecho de Cruzeiro do Sul a Guaporé. A limpeza, roçada e sinalização das rodovias passam por licitação, como as obras de recapeamento com edital lançado nesse mês.

Situação parecida é vivenciada pelos usuários da ERS-332, entre Encantado e Arvorezinha. O caminhoneiro Ivanir Batista da Silva tem gastos frequentes na manutenção dos pneus e amortecedores do caminhão. Na segunda-feira, trocou seis pneus, no dia seguinte, um já estava furado. Nessas condições, não há veículo que aguente, reclama.

O aposentado Ivanir Tebaldi mora às margens da rodovia, na Linha Jacaré. Reclama da velocidade dos motoristas diante da falta de sinalização e os perigos do trecho, coberto por remendos. Só na frente de casa são oito buracos, ocupando meia pista. As condições forçam os condutores a desviar pela pista contrária.

Máquinas ultrapassadas e falta de mão de obra

A 11ª Superintendência Regional do Daer atua em 49 municípios. São 748 quilômetros. Deste total, 235 não têm pavimentação. Conforme o superintendente adjunto, Luciano Faustino da Silva, são 24 servidores responsáveis pelos serviços de pavimentação. Número pequeno se considerado a malha viária, admite.

Outro percalço na região são as poucas máquinas. A última compra destinada à estrutura regional da estatal foi em 1982. Segundo Silva, com o fim das chuvas, equipes iniciaram a recuperação ontem. Para a ERS-332, foram destinadas 18 toneladas de massa asfáltica.

Daer contesta más condições das vias

Sobre os apontamentos com relação às estradas estaduais, Silva rechaça problemas na sinalização da ERS-423. Diz que foram instaladas novas placas, e a pintura da via será reforçada.

Como se trata de um trecho antigo, Silva afirma ser realizada manutenção periódica. É necessária uma intervenção específica com melhorias no sistema de drenagem e colocação de uma nova camada de asfalto. Isso demanda um recurso superior ao que é disponibilizado para a conservação de rodovias, diz.

Sobre a falta de acostamento na VRS-811, o superintendente adjunto cita a falta de planejamento dos municípios. O mesmo é observado por Silva na ERS-421, entre Lajeado e Forquetinha. De acordo com ele, o Daer conhece os pontos com problemas na pista e ainda nesta semana será feita uma operação tapa-buracos.

Entre Encantado e Roca Sales, a autarquia programa para os próximos dias a reforma em trechos danificados. O pavimento necessita de uma intervenção mais ampla, conta. Segundo Silva, a manutenção terá a fresagem e recomposição do asfalto nos trechos com mais problemas.

No trecho entre Encantado e Arvorezinha, Silva frisa que é um dos locais prioritários. “Não é procedente a afirmação da precariedade da rodovia.” Segundo ele, o trecho necessita de uma intervenção maior. O Daer se empenha para manter a rodovia em condições seguras de trafegabilidade, defende-se.

Dnit assume BR-386

O trecho urbano da rodovia foi recebido pelo Ministério dos Transportes. A partir disso, a responsabilidade da manutenção recai sobre o Dnit, com obras custeadas pela União. A rodovia continuará sem pedágios.

A Superintendência Regional da autarquia prepara licitação para obras de restauração e manutenção. Ainda não há informações sobre os valores.

Como estão algumas rodovias do Vale do Taquari

Roca Sales – Guaporé

A ERS-129 é dividida em dois trechos. O pior está entre Roca Sales e o posto da PRE, onde a administração dos dois quilômetros é do Daer. Há uma semana, a autarquia tapou buracos, mas foi ineficiente. Na sequência, até Guaporé, a EGR é responsável. São os mesmos problemas. No KM 73, há um buraco com 1,5 metro de largura.

BR-386

Um dos piores trechos fica entre Lajeado e Estrela. Diversos buracos, desníveis e os acessos precários representam as principais reclamações da comunidade. Após o fim dos pedágios na rodovia, em maio, nenhum reparo ocorreu.

Encantado – Arvorezinha

A ligação entre Jacarezinho, em Encantado, e Arvorezinha, pela ERS-332, é um dos trechos mais precários da região. Há pontos com mais de oito buracos consecutivos. Pouco acostamento e falta de roçadas são outros problemas apontados por motoristas. O Daer é responsável pela rodovia.

Encantado – Nova Bréscia

A falta de sinalização, somada aos buracos e desníveis, lideram as reclamações de motoristas que trafegam pela ERS-425, no trecho de 13 quilômetros entre Encantado e Nova Bréscia. A comunidade reclama da ineficiência do tapa-buracos feito pelo Daer no últimos dias.

Teutônia – Fazenda Vilanova

O maior gargalo da ERS-128 (Via Láctea) são os acessos aos bairros. A pior situação se encontra no trevo de Languiru, na fábrica da Elegê. Buracos, falta de iluminação e de acostamento são outras reclamações da comunidade. A rodovia liga a BR-386 a RSC-453 (Rota do Sol) e é administrada pelo Daer.

Teutônia – Mato Leitão

A ERS-453 é dividida em duas partes. Entre Estrela e Teutônia, na Rota do Sol, tem buracos e desníveis. O pior local fica na entrada do bairro Boa União, em Estrela. Na outra parte da rodovia, entre Cruzeiro do Sul e Mato Leitão, falta acostamento e os acessos às localidades interioranas são precários. A rodovia é pedagiada.

Lajeado – Forquetinha

O trecho que liga Lajeado a Forquetinha, pela ERS-421 em Conventos, é um dos mais habitados na região. Milhares de pessoas passam pelo local todos os dias. Há buracos na extensão, desníveis e falta acostamento. A precariedade do trecho suscetível a causar acidentes.

Marques de Souza – Progresso

Uma das rodovias mais ruins da região é a ERS-423, acesso principal à Progresso. O trecho está repleto de buracos, desníveis e a capoeira cresce sobre a pista. Moradores reclamam da ineficiência do tapa-buracos realizado pelo Daer nas últimas semanas.

Lajeado – Arroio do Meio

A rodovia é dividida em dois trechos, cada um administrado por pedágios distintos da EGR. Na área urbana da ERS-130, em Lajeado, há muitos buracos, desníveis e acessos ruins. No trecho entre a intersecção com a BR-386 até Arroio do Meio motoristas criticam a falta de trevos aos bairros e empresas.

Arroio do Meio – Travesseiro

O trecho da VRS-811, nas comunidades de Rui Barbosa e Forqueta, é o mais problemático da rodovia. A região tem muitas casas e falta acostamento. Motoristas reclamam que as placas de sinalização estão em mal estado de conservação e de buracos na pista. O trecho é do Daer.

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