Escolas do Vale resistem à greve do Cpers

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Escolas do Vale resistem à greve do Cpers

Professores temem descontos com paralisação. Interrupção das aulas é autônoma

Vale do Taquari – As principais escolas da região não devem aderir à greve do Cpers, anunciada na tarde dessa sexta-feira. A resistência é motivada pelo descredito de muitos educadores com as últimas paralisações.

Os professores também estão preocupados em ter os dias de manifestação descontados do salário, a exemplo do ocorrido em abril. No entanto, os colégios terão assembleias internas para debater sobre possível adesão.

No maior colégio do Vale do Taquari, o Presidente Castelo Branco (Castelinho) de Lajeado, a maioria dos 121 educadores optou em continuar lecionando durante reunião na última terça-feira.

De acordo com a diretora Evenize da Costa Pires, as aulas devem ocorrer de forma normal até, pelo menos, segunda-feira para os 1,5 mil estudantes. “Como o Cpers parou, a situação pode mudar. Mas acredito que fique tudo igual.”

A diretora da escola Érico Veríssimo, também de Lajeado, Denise Sandri Labres, se reúne com os 50 magistrados na manhã deste sábado para debater sobre possível greve na entidade. Mas adianta que o colégio não deve paralisar as aulas aos 880 alunos.

Conforme Denise, os professores estão desestimulados com os poucos resultados das últimas paralisações. Em abril, por exemplo, a maioria das escolas parou durante três dias e o governo do estado descontou o período do salário dos funcionários. “Continuamos descontentes com o estado, mas temos receio de parar.”

Em Santa Clara do Sul, o diretor Sérgio Campos prevê a continuação das aulas. O magistrado garante que todos os professores são livres para aderir ao manifesto, mas acredita que a maioria continuará em sala de aula. No entanto, novo posicionamento pode sair da reunião periódica que ocorre na terça-feira.

Sindicato exige mudanças

A assembleia começou por volta das 14h de sexta-feira no Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre e durou mais de duas horas. Conforme estimativa do Cpers/Sindicato, mais de dois mil professores participaram do evento. A entidade decidiu fazer greve geral por tempo indeterminado.

Pouco antes do início da assembleia geral, uma banda formada por professores cantava na entrada do auditório: “Se o piso não pagar, o Rio Grande vai parar”.

Durante o evento, a presidente do sindicato Rejane de Oliveira ressaltou que a entidade defende a greve. “Precisamos de dignidade para trabalhar. Tarso tem que responder nossas reivindicações.”

As reivindicações trouxeram assuntos como o piso para professores e funcionários, a manutenção dos planos de carreira e a licença-maternidade de seis meses para as servidoras contratadas, entre outros pontos.

Um grupo de estudantes favoráveis às reivindicações participou do encontro empunhando cartazes pedindo o passe livre. Conforme a direção do Cpers, há uma mobilização por parte dos alunos e está prevista uma greve estadual também por parte dos jovens.

Neste sábado, haverá reunião entre o comando de cada núcleo do sindicato para tratar sobre a paralisação. Na segunda-feira, os sindicalistas passarão nas escolas para dialogar com os professores que resistem a greve.

Não podemos nos oprimir ao governo”

direção do Cpers no estado se diz preocupada mediante o receito de muitos professores em aderir à greve. Para a vice-presidente da entidade, Neida Oliveira, os educadores não podem se oprimir a pressão do estado. “É isso que eles (governo) querem, que tenhamos medo.”

Conforme a sindicalista, o governo Tarso é autoritarista. Prova disto, segundo ela, é colocar na direção das CRES os seus partidários, que fazem imposições desleais aos professores. “Antes, a direção das coordenadorias era feita pelo sindicato. Agora, a classe não tem mais janela.”

Antes de os professores se preocupar em ter dias descontados com a greve, a sindicalista ressalta que eles precisam pensar em todas as promessas que ainda são descumpridas pelo governo Tarso. “Não se pode ficar sentado. A força da greve é que faz a diferença.”

A diretora do 8º Núcleo do Cpers, Luzia Herrmann, reconhece que muitos professores estão divididos e com medo de ficar sem salário. Mas enaltece que é preciso união para cobrar do governo. A entidade passará nas escolas a partir de segunda-feira para dialogar e pedir a adesão dos educadores ao movimento.

Nº na região

Escolas: 103, em 36 municípios

Mais de professores: 2,4 mil
Mais de alunos: 27 mil

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