Menor confessa assassinato de taxistas

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Menor confessa assassinato de taxistas

Jovem disse à polícia que matou para comprar crack. Dois suspeitos estão presos

Vales do Rio Pardo e Taquari – A Polícia Civil (PC) de Venâncio Aires prendeu ontem à tarde uma dupla suspeita de assassinar dois taxistas do município na semana passada. Em depoimento, o menor confessou ter matado para comprar crack. O segundo envolvido, maior de idade, nega a participação. Câmeras de vigilância ajudaram na investigação.

No sábado à noite, policiais militares encontraram o taxista Paulo Roberto Lagemann, 55, agonizando ao lado de seu Pálio Weekend, próximo do motel Mon Serrat às margens da RSC-453. O motorista foi esfaqueado no pescoço. Ele foi levado ao Hospital São Sebastião Mártir, mas morreu.

Outro taxista, Luís André da Rocha, 53, está desaparecido desde a última segunda-feira. Na quarta-feira, o carro foi encontrado incendiado no Parque do Chimarrão. Em depoimento, o menor confessou que Rocha também está morto.

De acordo com o delegado Paulo César Schirmann, o jovem disse ter apedrejado a cabeça de Rocha e em seguida, atirado o corpo no Arroio Castelhano. A polícia fez buscas na área e não encontrou vestígios.

A polícia chegou ao suspeitos depois de analisar filmagens de câmeras de segurança da estação rodoviária e de estabelecimentos comerciais do entorno. Nas imagens os dois jovens foram vistos embarcando no táxi de Lagemann às 19h30min, 20 minutos antes do policiamento encontrar o corpo.

Famílias estão desoladas

A mulher de Lagemann, Marlene Pocahy, 43, conversou com ele minutos antes do desaparecimento. O taxista trabalhava há três anos com o atual empregador. O horário durante a semana era das 15h às 22h15min. No fim de semana, até as 24h15min.

De acordo com ela, o marido sempre foi cuidadoso e evitava levar passageiros suspeitos. Costumava cobrar adiantado de pessoas estranhas ou negava o serviço.

A mulher tinha o costume de tomar chimarrão com ele no fim do dia, mas no sábado (dia do crime) não teve como ir ao local em função de outros compromissos. “Ele sempre foi dedicado e se dava bem com todos. Não consigo entender.”

A família de Rocha cobra justiça. “Não podemos deixar isso passar em branco. Os culpados devem ser punidos”, destaca a mulher do taxista desaparecido, Rosane Pohl da Rocha, 41. Ela pede agilidade a polícia para encontrar o corpo do marido.

Rocha trabalhou por 20 anos em Porto Alegre e estava há 13 anos no município. Há dois meses mudou para um ponto na entrada da cidade. Antes, trabalhava ao lado da igreja matriz no centro. Rocha sumiu entre as 16h e 17h do dia 12. Depois desse horário, a família não conseguiu mais contato por telefone com ele.

Protesto cobra mais segurança

as foram as ruas de Venâncio Aires para protestar contra a insegurança que ronda entre os profissionais. O taxista Fernando da Costa, 30, trabalha há dez anos no ponto em frente ao Posto Ipiranga, no centro. Desde que trabalha na cidade, este é o terceiro assassinato de um colega. O último caso foi há três anos.

Para reduzir riscos de assaltos, ele trabalha das 7h30min até as 18h. Depois disso, só transporta conhecidos que liguem no telefone do plantão. Ele acredita que seja importante cobrar dos passageiros a documentação antes de fazer a viagem.

Por medo, já deixei de levar passageiros”

O presidente da associação dos taxistas de Venâncio Aires, Anderson Gomes, 22, diz que muitas vezes deixou de transportar passageiros por desconfiar de algo. Os principais receios surgem ao saber o destino da viagem ou pela maneira que as pessoas se apresentam.

Um dos fatos ocorreu há um ano. Ao anoitecer dois jovens entraram no veículo e pediram para seguir até um endereço. No meio do caminho, mudaram a rota, levando o taxista até uma região isolada, em uma vila. Desconfiado, Gomes pediu que a dupla descesse e retornou ao centro. Uma das alternativas que usa é pedir a um colega de serviço que o acompanhe após o anoitecer.

Gomes cobra mais fiscalização por parte da BM e investimentos do poder público no sistema de câmeras de vigilância. De acordo com o taxista, muitos aparelhos estão inoperantes.

Pouca preocupação em Lajeado

Apesar dos recentes casos envolvendo mortes de taxistas na região, profissionais que atuam na maior cidade do Vale do Taquari demonstram tranquilidade. Fernando da Rosa, 78, trabalha há 42 em Lajeado. Foi assaltado só uma vez e acredita que o ladrão estava desarmado. “Poderia ter reagido, mas dei o dinheiro e ele foi embora.”

Ele dá dicas para garantir segurança. Costuma selecionar os clientes. “Não sou obrigado a levar ninguém. Se desconfiar, não levo.”

Trabalhando há dez anos como terceirizado no ramo, Nicanor Luis de Almeida, demonstra um pouco mais de preocupação. Principalmente depois da morte do taxista João Freitas de Souza, 72, no dia 10 de maio. A vítima trabalhava em Estrela, mas foi morta em Lajeado após realizar uma corrida entre os municípios. A PC ainda investiga o crime.

Para Almeida, falta segurança nos veículos. Segundo ele, é fácil assaltar taxistas. “Os carros são inseguros. A lei deveria obrigar as cabines de segurança. As dificuldades afastam os criminosos.” Cita como exemplo Caxias do Sul, onde a recorrência de crimes contra profissionais da área fez com que a legislação obrigasse o item de segurança.

Saiba mais

Taxistas no Vale do Taquari: 817

Em Lajeado: 60

Em Venâncio Aires: 85

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