Lajeado – Implantado pelo governo do estado em 2012, o Ensino Politécnico desagrada alunos. As críticas se sustentam no pouco tempo para formação dos docentes e a pouca estrutura oferecida nas escolas.
As críticas foram levadas às ruas. Ontem, mais de cem estudantes protestaram nas ruas de Lajeado contra o sistema. Hoje de manhã, está marcada uma nova manifestação. Alunos do Colégio Érico Veríssimo e do Presidente Castelo Branco saem da Praça da Matriz.
De acordo com um dos líderes do protesto, Lucas Marques, 16, um representante da 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) deve comparecer ao colégio para discutir o assunto.
O estado defende a proposta como forma de aproximação dos aprendizados curriculares com a realidade do campo profissional.
Manifestantes derrubam portão
O protesto de ontem se iniciou em frente ao Castelinho. Estudantes rumaram até o colégio Érico Veríssimo para convidar mais pessoas ao protesto. Sem permissão para sair, alunos pularam o muro da instituição para se juntar à manifestação.
Em meio ao movimento, estudantes do Castelinho quebraram o portão principal da escola. A diretora da instituição, Denise Labres, conta que não houve aviso sobre o protesto, por isso não liberou os alunos. Segundo ela, a Brigada Militar (BM) foi acionada pela 3ª CRE.
Os alunos das duas instituições foram até a prefeitura. Durante o deslocamento, o trânsito foi interrompido na Av. Senador Alberto Pasqualini e na rua Júlio de Castilhos. Cinco estudantes foram recebidos pelo vice-prefeito Vilson Jacques.
No encontro, os jovens apontaram a falta de planejamento na introdução do novo modelo. Marques defendeu o antigo sistema de ensino. “Vestibulares e Enem cobram o conteúdo normal”, diz.
A administração municipal garantiu o encaminhamento de um ofício para a 3ª CRE e se dispôs a estabelecer o diálogo entre os estudantes e a coordenadoria.
Alunos querem suspensão do Politécnico
Estudante do 2o ano do Ensino Médio, Marques relata que o despreparo dos professores para ensinar os conteúdos didáticos do Ensino Politécnico se reflete em pouco aprendizado nas salas de aula. Aprova a teoria do projeto, porém lamenta a forma de implantação. “Sem qualificação, os professores ficam perdidos e a aula vira matação (sic).”
Para o também estudante do 2o ano, Marlon Caliari, 16, falta planejar as atividades desenvolvidas nos seminários. “Alguns me falaram que só estavam ali para cumprir horário.” A versão é confirmada por outro estudante, para quem a implantação do sistema foi uma imposição prejudicial aos professores. Segundo Esdras Oliveira, 15, sobram seminários durante o ano para desenvolver os projetos.
Novidade é vista com estranheza
Para a coordenadora da 3ª CRE, Marisa Bastos, as críticas dos estudantes são reflexo da resistência e das dificuldades naturais na implantação de nova metodologia de ensino. Segundo ela, o Politécnico acompanha diretrizes nacionais para a educação e possibilita aproximação entre os conteúdos teóricos e a prática.
O mau aproveitamento do tempo destinado aos seminários é desconhecido pela coordenadora. A orientação é de que professores, caso não tenham atividades no dia, trabalhem a disciplina da qual foi nomeado.
Descarta prejuízos na formação de estudantes do 3o ano em processo seletivos. Segundo Marisa, as escolas têm autonomia para adaptar 25% da carga horária do projeto de acordo com a necessidade.
Questiona a participação dos professores nos eventos preparatórios do sistema. Os educadores têm até oito horas semanais para se qualificar para o Ensino Politécnico. De acordo com ela, nem todos aproveitam o tempo de maneira efetiva.
Cpers apoia a iniciativa
Contra o método desde a implantação, o Cpers/Sindicato defende que o modelo Politécnico foi instituído sem avaliação da estrutura escolar e qualificação dos professores. Para a diretora do 8º núcleo do Cpers, Luzia Herrmann, as queixas de alunos e estudantes são pertinentes.
Dentre os problemas relatados pela diretora estão a falta de estrutura adequada para o desenvolvimento do projeto e de preparo dos professores. “Não fui em uma escola em que o sistema funcionasse sem problemas. Eles precisam ouvir os professores e alunos.”
Enquanto ocorriam as manifestações no município, representantes do Cpers estiveram reunidos com o governador Tarso Genro. Entre os pedidos do sindicato estavam a revisão do ensino Politécnico e o pagamento do piso nacional dos professores.
O tema será tratado durante a assembleia geral da entidade na sexta-feira. A possibilidade de greve do setor, devido ao insucesso de acordo com o estado, está entre as discussões.