Qualificação é a chave para o avanço do turismo

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Qualificação é a chave para o avanço do turismo

Na 1º edição da Turisvale, vales do Rio Pardo e Taquari se unem para mostrar atrativos das regiões. Feira apresenta os caminhos, as rotas e roteiros dos principais destinos. Pelas iniciativas empresariais e públicas perpassam o fortalecimento e a consolidação do turismo local.

Vale do Taquari – O propósito da Turisvale de reunir empreendedores com agentes públicos para debater carências e potencialidades dos atrativos projeta os vales ao país. Ao lado disso, elucida a necessidade de melhorar a preparação para receber os visitantes.

pAs cidades encontram dificuldades em acessar recursos públicos, em especial do Ministério do Turismo (MTur). Os números mostram: em 2012, nos programas voltados para realização de eventos, abrangendo o fortalecimento do turismo e apoio à venda, foram 998 cadastros de projetos das administrações municipais do país. Apenas 55 estavam aptos a receber verba da União.

Apresentados em assembleia conjunta das associações dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) e Rio Pardo (Amvarp), os dados demonstram o despreparo dos governos em elaborar os textos. Coordenador geral de Eventos do Ministério, Marcelo Borella, associa esse quadro ao desinteresse de alguns prefeitos em fortalecer o turismo.

Relaciona o fato da reprovação dos pedidos a um preceito básico: falta de leitura. Segundo ele, os projetos dos municípios não atendem aos critérios dos programas do governo federal. “Temos pedido de asfalto em programa para qualificação do comércio.”

Para ele, essa incapacidade prejudica o desenvolvimento turístico dos municípios, estados e do país, pois sobra dinheiro ao fim de cada ano.

Tendência de expansão em eventos e negócios

De acordo com Borella, há um crescimento no turismo voltado para eventos e negócios. Pelos estudos do Ministério, o turista desses segmentos tem características comuns, como escolaridade superior, maior poder aquisitivo e a exigência de praticidade aliada ao conforto das instalações hoteleiras.

Frente a essas informações, Borella ressalta a exigência do governo federal em, para ser reconhecido como atrativo turístico, o município precisa, em um primeiro momento, ter uma estrutura pronta. “Há dinheiro para isso. Para calçamento de ruas próximas aos atrativos. Melhorias nas condições de infraestrutura.”

Basta alinhar os projetos feitos nas administrações municipais aos critérios da União Para ele, a Turisvale é um exemplo, pois consolida a região como possível destino de visitantes do centro e nordeste do país. O representante do MTur condiciona esse quesito à infraestrutura das cidades e ao atendimento. O sucesso está relacionado ao grau de satisfação do turista com a forma com que foi recebido, frisa.

Desvios prejudicam parcerias

Diante das confirmações de corrupção nos convênios do Mtur com ONGs e empresas, foi promulgada uma portaria em maio deste ano, condicionando apenas para os entes federativos (municípios, estados e Distrito Federal) a possibilidade de conquistar dinheiro do órgão.

Pela investigação, o total de recursos desviados alcança R$ 111 milhões. Mesmo com esse cenário, Borella acredita que as Parcerias Público Privado (PPP) são necessárias para o desenvolvimento do setor. “O turismo precisa do empreendedor. Eles oferecem os hotéis, investem nas atrações.”

Para ele, deve-se intensificar as medidas de controle com mais fiscalização e rigor nas análises dos projetos, mas oferecer convênios com esse segmento.

Saída de prefeitos: Lamentável, diz Cerbaro

A reunião entre os gestores municipais estava marcada para as 14h. A participação do secretário Chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, a abertura atrasou mais de 40 minutos. Falou da retomada do poder de investimento do estado, dos aumentos nos salários de professores, da Brigada Militar e dos R$ 2,7 bilhões para melhorias em estradas e construção dos acessos asfálticos às cidades interioranas. O turismo ficou em segundo plano.

Ao término da participação, muitos prefeitos saíram da reunião. O gestor de Lajeado, Luís Fernando Schmidt, conduziu o Chefe de estado para um encontro na sala de imprensa do salão de turismo. O assunto: a construção do presídio feminino. Em seguida, integrantes do G-8 também foram tratar de outros temas.

Sintomático o abandono do encontro pelo prefeito de Coqueiro Baixo. Veríssimo Caumo saiu às turras. A diferença entre setores, industrial e comércio receptivo, confundiu o chefe do município da canção italiana, que se retirou após discutir com Borella.

Restou o pedido de desculpas pelo presidente da Amvat. O prefeito de Progresso Edegar Cerbaro, a participação do secretário estadual atrasou a assembleia. “Precisamos avaliar com a diretoria. É a segunda reunião que vem um secretário, sem comunicar, em cima da hora e exige participação. Para não criar constrangimento, permitimos”, reclamou o progressista.

Avalia que a vinda de integrantes dos quadros técnicos da Secretaria Estadual de Turismo (Setur) e do Mtur, abre possibilidades para o Vale do Taquari. Aproxima as relações e ajuda no entendimento sobre a elaboração de projetos para fortalecer o setor.

A invenção de Colinas

Conhecido como a cidade jardim, o município com menos de três mil habitantes se orgulha da beleza natural, do capricho dos moradores e da relação com a cultura germânica. Essa identidade foi percebida pelos governantes, que inovaram.

Desde 2001, o turismo é área prioritária das administrações. Conforme o prefeito, Gilberto Keller, a evolução é sentida ano a ano. Destaca eventos como a páscoa, o natal e a Blumentanzfest. “Hoje, somos conhecidos pelo nosso turismo.”

Segundo ele, grande parte das melhorias viárias na cidade foram de recursos para o desenvolvimento de programas voltados ao turismo.

Para Keller, a gestão pública precisa se profissionalizar no setor. Avalia problemas em duas frentes: na vontade política e no despreparo, ou falta de vontade dos quadros técnicos das administrações. “É difícil para o prefeito romper com esse ciclo.”

O caminho, na opinião dele, é investir em treinamentos. Proporcionar aos servidores o conhecimento de novas realidades, o debate com profissionais da área. Motivar pela qualificação. Uma tendência irreversível, comenta, frente a imposição dos critérios técnicos.

O mapa das necessidades

A pesquisa do potencial do Vale, aliada às carências e dificuldades, foi entregue ao representante do Mtur. Traça a característica e as especificidades dos municípios e da região. Para o coordenador do Turisvales, Rafael Fontana, fazer turismo de forma integrada fortalece o Vale.

Colocar os roteiros turísticos nas prateleiras de venda dos agentes de turismo do Brasil e do Mercosul faz parte dos objetivos da Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales).

As palestras e atividades técnicas da programação do evento procuram auxiliar os empreendedores a pensar o negócio, planejar investimentos e metas. A chefe de gabinete da Setur, Cora Chiappetta, endossa o sucesso dessa ideia.

Ressalta que essa forma cooperada demonstra organização. Atesta crescimento no setor. Comprova essa opinião diante do aumento no orçamento destinado à secretaria. Em dois anos e meio, passou de R$ 6 milhões, para R$ 25 milhões.

Exposição abre horizontes

A primeira edição do Salão de Turismo dos Vales se encerra hoje. Realizado no Parque do Imigrante, em Lajeado, a programação contou com três dias de mostra sobre os principais destinos, produtos e segmentos do turismo.

Com o slogan “Explore Novos Caminhos”, o Turisvale foi dividido em feira de rotas e roteiros, atividades técnicas, festival de cultura e mostra fotográfica, gastronomia e produtos regionais.

A expectativa é fechar em oito mil visitantes em três dias. Cerca de 180 profissionais estão envolvidos na organização.

No pavilhão dois, local das ofertas de roteiros e rotas, constam atrativos além dos vales do Rio Pardo e Taquari. Estão representantes da Serra e do exterior, da Província de Maldonado no Uruguai.

Entre as 130 estandes, no local destinado ao município de Três Coroas, os botes usados para descer corredeiras identificam um dos principais atrativos. Junto com o templo budista, os esportes radicais atraem cerca de 20 mil visitantes por mês na alta temporada, entre outubro até abril.

Proprietário de uma das cinco empresas de turismo da cidade, Cristian Krummenauer, avalia que um salão regional, voltado para público estadual, oferece oportunidade de cativar novos clientes. “90% dos nossos turistas são gaúchos.”

Em desenvolvimento, a rota Caminhos da Forqueta envolve 18 empreendedores. Os atrativos vão da culinária colonial, passando pelo patrimônio arquitetônico, cultural e pelas belezas naturais. As empresárias Helena Weizenmann e Noêmia Reichert, ficaram surpresas com a organização da feira.

Diante das conversas com técnicos, perceberam que o projeto delas segue um caminho promissor.

Confiantes, esperam colocar o produto no mercado em novembro, durante a semana do aniversário de Arroio do Meio.

O Turisvales é promovido pela Amturales e pela Associação de Turismo do Vale do Rio Pardo (Aturvarp). O patrocínio é da Corsan, Banrisul e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).

O palhaço e a 1ª Dama

pA 1ª dama do estado, a fotógrafa Sandra Genro, prestigiou a abertura oficial da Turisvale. Junto com autoridades regionais, descerrou a faixa da mostra fotográfica. São 30 fotografias de paisagens da região e da América Latina.

Na estande da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secultur) de Lajeado, o malabarista e palhaço Dinho chamou atenção de Sandra. Ela fez questão de ser fotografada ao lado dele. “Achei ótima a ideia. Me identifiquei. Ele está aqui para encantar o público. O mesmo que procuro com as fotos.”

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