Comtran quer extinguir parte da ciclofaixa

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Comtran quer extinguir parte da ciclofaixa

Investimento de quase R$ 1 milhão em 21 quilômetros teve erros de planejamento

Lajeado – O Conselho Municipal de Trânsito (Comtran) sugeriu ao governo municipal a retirada das ciclofaixas em três trechos. Os problemas destacados pelo conselho nesses locais abordam o fluxo intenso de veículos automotores, a insegurança e pouco uso por parte dos ciclistas. Pela análise dos integrantes do órgão, houve falha no planejamento das faixas.

Os locais ficam na rua Bento Rosa, do viaduto da BR-386, passando pela Bento Gonçalves até a esquina com a Oswaldo Aranha. Outro ponto é na rua Carlos Spohr Filho. Por fim, as faixas do bairro Jardim do Cedro. Juntos somam cerca de cinco quilômetros.

Para o coordenador do Departamento de Trânsito do município e presidente do Comtran, Euclides Rodrigues, o erro principal foi fazer 21 quilômetros de ciclofaixas desconsiderando o número de usuários. “As faixas estão em lugares impróprios e atrapalham motoristas e pedestres.”

Segundo ele, o grande movimento de veículos impossibilita o tráfego de bicicletas. “As vias estreitas trazem riscos de atropelamento.” Na opinião dele, a instalação das ciclofaixas deveriam ter sido feitas de forma gradual.

O pedido de retirada da ciclofaixa nos três pontos tende a ser atendido devido ao risco de acidentes, afirma. Em toda a extensão, o investimento do governo de Lajeado ultrapassou R$ 950 mil.

74 carros para cada cem habitantes

Lajeado está entre as cidades do estado com maior índice de veículos por habitante. Representa 25% do total da frota nos 36 municípios do Vale. Para Rodrigues, isso demonstra a necessidade de repensar as ciclofaixas em locais com tráfego intenso.

Nos últimos dez anos, dobrou o número de automóveis emplacados na maior cidade da região. Diante disso, enfatiza-se a carência de um plano de mobilidade urbana.

Nas ruas centrais, motoristas enfrentam engarrafamentos em horários de pico. Os locais com mais problema ficam na rua Júlio de Castilhos, nas proximidades do Hospital Bruno Born (HBB), na Av. Senador Alberto Pasqualini em direção à Univates e na Av. Benjamin Constant.

No bairro São Cristóvão, onde foi realizada obra de alargamento da via, foram feitas adequações no Plano Diretor. Pretende-se estipular um recuo viário de dois metros para possibilitar futuras ampliações.

“Foi dinheiro jogado fora”

O pivô da polêmica, após apresentar projeto para fazer das ciclofaixas estacionamento em horário comercial, o vereador Sérgio Rambo (PT) ressalta os problemas da via para os ciclistas. “Foi dinheiro jogado fora.”

De acordo com ele, colocar uma faixa aos ciclistas deve seguir critérios. Cita a realização de um estudo que contemple o número de usuários, definição de rotas com pouco trânsito de carros, caminhões e motocicletas.

Na avaliação de Rambo, fazer todos os 21 quilômetros sem esse levantamento mostram o erro de planejamento da gestão anterior. “É necessário repensar. Não podemos esperar 20 anos até ter ciclistas o suficiente.”

O vereador defende a colocação de ciclovias, que diferentemente da estrutura de Lajeado, não divide espaço entre os automóveis. Segundo ele, uma das ideias é fazer um ligação entre os parques do Engenho, Imigrante e Theobaldo Dick com pista exclusiva para bicicletas.

Armadilhas para os ciclistas

Em diversos pontos, há problemas na estrutura das ciclofaixas. Na Décio Martins Costa, área alagável, o piso é irregular e está danificado. Em outros pontos, pode-se ver o acúmulo de lixo, pedras e areia.

Professor de Arquitetura e Urbanismo da Univates, Augusto Alves, em entrevista ao caderno A Hora da Terra, em julho, citou esses problemas como armadilhas para os ciclistas. Para ele, os padrões ideais para uso das faixas depende de um projeto com uma pista mais larga e sinalização adequada.

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