Ciep tem quase três mil vidros quebrados

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Ciep tem quase três mil vidros quebrados

Infiltrações comprometem estrutura do complexo. Projeto de reformas está pronto

Lajeado – Sem extintores para qualquer emergência, professores e funcionários da Escola Estadual Santo Antônio – antigo Ciep – utilizaram baldes e mangueiras para apagar com água um princípio de incêndio dentro do ambiente escolar.

O fato ocorreu no primeiro semestre. A maioria dos quase 460 alunos estava presente. Um curto-circuito na precária instalação elétrica do complexo foi a causa detectada.

O incêndio atesta a insegurança do local. Nos corredores, a direção desistiu de trocar as lâmpadas. Elas duram pouco tempo em função das infiltrações de água. No teto, a malha de aço da construção começa a aparecer, tamanha degradação do concreto. São 3 mil janelas de vidro, de 25 por 25 centímetros, quebradas.

Em dias de chuva, todas as salas de aula ficam desprotegidas, assim como os demais espaços da escola. Os ambientes são frios, escuros e úmidos. Alguns ambientes estão repletos de entulhos. Um dos banheiros próximos da quadra esportiva serve de depósito para traves, redes e armários. Ferros retorcidos e enferrujados no chão colocam em risco os estudantes.

Há material escolar antigo, móveis quebrados e latas de tinta espalhadas pela estrutura do prédio. Goteiras, poças de água e até extintores de incêndio estão jogados no chão. A situação se perpetua há anos. A última reforma ocorreu em 2009, com a construção do muro, que hoje circunda os quase 13 mil metros quadrados de área. Mas foi insuficiente.

Problemas de indisciplina também continua na escola estadual. Na semana passada, um veículo pertencente a um professor foi riscado, enquanto estava estacionado em frente ao prédio. Muitos casos semelhantes foram registrados em anos anteriores. Secretário há sete anos, Gerson Johann, não arrisca deixar a moto do lado de fora. Mas tenta amenizar o problema. “Essas situações também ocorrem no centro.”

Abandono e doenças de professores

A maioria dos alunos pertence a famílias carentes, e o Ciep se torna a única opção de estudo. É o caso de dois dos quatro filhos de Roseli da Silva, moradora do bairro Santo Antônio. Até quatro meses atrás ela morava em Gravataí, onde conheceu o Ciep daquele município. “Lá parece uma escola particular. Aqui a escola está abandonada.”

Segundo ela, falta de luz e alagamento de salas de aula são as principais reclamações dos estudantes. Lamenta a situação, mas não pretende trocar os filhos de escola. “Moro aqui do lado, prefiro lutar por melhorias do que gastar mais com transporte.”

São 43 professores atuando na escola. A atual diretora, Gertrud Mafalda Schlabitz, que assumiu em janeiro de 2013, está entrando no segundo mês de licença médica. Segundo uma colega professora, a causa é depressão. “Não é fácil trabalhar aqui”, diz. Outros três funcionários também estão de licença. Entre eles, o ex-diretor Moisés José Berté. Não são raras agressões verbais e até físicas de alunos contra educadores.

“Só neste ano recebemos pedido de reformas”

De acordo com a coordenadora regional de educação, Marisa Bastos, a direção anterior nunca protocolou pedidos de reformas junto à 3ª CRE. Mesmo ciente do problema, ela afirma que só pode agir mediante protocolação por parte das escolas. “Sempre orientamos os diretores a agirem dessa forma. É o trâmite legal, pois as escolas têm as autonomias para gerenciar os recursos.”

Um projeto de reformas em toda a estrutura de 4,5 mil metros de área construída está pronto.O edital de licitação ainda não foi lançado. Os custos não foram divulgados de forma oficial, mas os valores podem chegar próximos de R$ 1,5 milhões.

Segundo Marisa, em 40 dias os serviços devem se iniciar. “Hoje visitaremos a escola para confrontar o projeto com a realidade do prédio. Nos preocupa a situação e queremos resolver o quanto antes.”

Saiba mais sobre Ciep

A proposta da escola, construída há 17 anos, era ser um centro educacional em turno integral. Foram investidos R$ 1,1 milhão na construção do complexo de 4,5 mil metros quadrados. A capacidade é para mais de 900 alunos, mas pouco mais de 450 estão matriculados hoje.

Recorrência

Situação é precária há pelo menos um ano, conforme reportagens publicadas no jornal A Hora, durante o período.

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