Cruzeiro do Sul – Opositores alteraram o Plano Plurianual (PPA) para aumentar o orçamento do Legislativo em 0,7% e estremeceram as relações políticas com o Executivo. A justificativa evoca dois motivos: maior autonomia e necessidade de uma nova sede.
Em duas emendas, reduziram a livre movimentação do prefeito para 5% e retiraram R$ 100 mil de programa voltado à compra de máquinas e reformas na frota de veículos e máquinas da administração.
O texto foi aprovado na sessão dessa quarta-feira com três votos contrários da bancada do PP. Por ano, o valor chega a R$ 150 mil. Na gestão 2013/16, o total do acréscimo alcança R$ 600 mil. Por lei, os gastos do parlamento podem chegar ao máximo de 7%.
Líder do PT na câmara, a vereadora Anastácia Zart, defende maior liberdade ao Legislativo. Com mais verba os parlamentares poderiam estabelecer ao Executivo o envio de recursos para áreas específicas, como ao pagamento de cirurgias, afirma.
Sobre as condições da sede atual, Anastácia considera pequena e com necessidade de investimento em reforma. “Os banheiros estão precários. Não temos como receber as pessoas.” Outro motivo alegado por ela seria o fato de a administração precisar de mais espaço para setores públicos.
Conforme Anastácia, houve uma discussão entre os parlamentares para definir de onde sairiam os recursos. O pedido inicial chegava a 5% do orçamento previsto em R$ 24,8 milhões.
Alega que os R$ 50 mil do gabinete do prefeito seriam destinados para gastos com publicidade em rádios e jornais, algo considerado dispensável. Sobre a verba para reformas e compra de máquinas, afirma que o plantel atual é novo. “Pensamos em não retirar de onde sabemos que é necessário, como na Saúde, Agricultura e Educação.”
Caso o prefeito vete as emendas, os recursos pedidos pelos vereadores não poderão ser usados. A tendência é que a administração atenda à solicitação. Com isso a participação do Legislativo no orçamento anual passa dos R$ 610,3 mil (2,5%) para R$ 760,3 (3,2%).
“Amarraram as mãos do prefeito”
Vereador líder da bancada de situação, Sérgio Backes (PP) teceu críticas à postura dos colegas. Para ele, “amarraram as mãos do prefeito”. O parlamentar discorda de Anastácia sobre as condições da atual sede do Legislativo, pois atender as necessidades de duas sessões por mês.
Considera a postura política dos seis opositores retrógrada. “É lamentável. Temos dificuldade em manter as estradas e tirarão dinheiro que seria para manter e comprar máquinas.” Para Backes, o motivo alegado com relação à sede própria é desculpa para prejudicar o andamento da administração do progressista Cesar Leandro Marmitt. “Essa postura prejudica eles mesmos (sic).”
O secretário de Administração, Leandro Johner, espera o envio da documentação da secretaria da câmara. Prefere não opinar sobre as justificações apresentada pelo parlamento. Mas pondera: “a sala tem plenas condições de atender pessoas e trabalhar”.
Enquete
Você é a favor ou contra a construção de uma nova sede ao Legislativo?
– Acho que tem outras coisas para resolver antes disso. Na rua Duque de Caxias tem um bueiro, com o asfalto caindo. – Lídia Hentz, 75, aposentada
-Sou contra. É muito dinheiro. Vamos no posto de saúde, não tem remédio. – Ismael Carlos Camargo, 20, frentista
-Sou favorável. É um investimento para o município. Várias outras cidades têm câmaras separadas, por que Cruzeiro não? – Leonardo Pessi, 41, comerciante
-Sou a favor, mas R$ 600 mil é muito dinheiro. Pois é um investimento que vai ficar para o município. – Décio Becker, 61, aposentado
-Sou a favor. Porque motivará a população para participar das sessões. Hoje, o lugar é apertado. Faz uma reunião fica apertado. – Orvalino Camargo da Silva, 70, aposentado
-Sou contra. Os vereadores já têm uma câmara. Precisamos de outros investimentos. Melhorar a saúde, as estradas estão em estado precário. É um gasto desnecessário. – Cléber de Oliveira, 29, gesseiro
-Sou a favor. Todos os municípios da região, o Legislativo tem uma casa própria. Independente do prédio da prefeitura. Quanto aos valores redirecionados, com as máquinas que estão vindo, provavelmente não fará tanta falta. – João Krombauer, 55, aposentado
