Vale do Taquari – Cinco maiores partidos da região apontam 11 nomes como pré-candidatos para vagas na Assembleia Legislativa (AL) ou no Congresso Nacional. As coordenações realizam os primeiros encontros há pouco menos de um ano para as convenções.
A região tem dificuldade em eleger políticos locais. Nas eleições de 2010, 540 políticos disputavam as 55 cadeiras da AL. Deste total, 375 dividiram os votos de 220 mil eleitores do Vale. O atual prefeito de Lajeado, Luís Fernando Schmidt (PT), foi o único a ocupar uma vaga, após ser eleito como segundo suplente.
No Congresso, Enio Bacci (PDT) é o único a representar a região. Esse quadro traz à tona a pouca adesão em torno de candidatos do Vale, interferindo na defesa dos interesses locais. Nomes como o do petista Áureo Scherer, conhecido pela atuação sindical junto aos agricultores, tem dificuldade de competir com políticos de carreira.
Confirmado como pré-candidato a deputado estadual, Scherer avalia que a classe política do Vale não consegue criar uma cultura de prestígio dos nomes locais aos eleitores. “Os políticos turistas vêm de quatro e quatro anos e levam os votos.”
Muitos candidatos, poucas chances
O número de candidatos locais também divide a atenção dos votantes. Os partidos resistem a ideia de consenso e lançam candidatos com pouca expressão. Tática objetiva reduzir a possibilidade de vitória dos adversários. “Estamos distantes de conseguir esse entendimento para diminuir os pré-candidatos”, conta Scherer.
Deputado estadual por dois mandatos, o secretário de Saúde de Estrela, Elmar Schneider, é um dos possíveis candidatos à AL pelo PTB. Coordenador regional da sigla, cita a proposta de discutir nos municípios os nomes para a campanha.
Para ele, é necessário ampliar a discussão dentro dos diferentes partidos e em busca do consenso. Segundo Schneider, essa é uma forma de unir forças e garantir deputados locais para defender a região.
O PMDB tem dois pré-candidatos para deputado federal: o vice-prefeito de Lajeado, Vilson Jacques, e o ex-prefeito de Santa Clara do Sul, Paulo Kohlrausch. O coordenador regional do partido e prefeito de Colinas, Gilberto Keller, garante nomes para ambas instâncias.
Para Keller, apesar da força econômica, a desarticulação política prejudica o Vale. “No momento que temos necessidade de investimentos, temos dificuldade em encontrar alguém para recorrer.”
Prazo de definição
Pelo calendário eleitoral, a data para definição dos nomes começa no dia 10 de junho até o fim do mês. As inscrições devem ocorrer até 5 de julho.
O total de votos para chegar a uma cadeira depende da sigla. Estima-se que sejam necessários entre 30 mil até 50 mil para o cargo de deputado estadual. Para federal, são necessários o avale de no mínimo 120 mil eleitores.
Disputa desigual
A estrutura disponível aos deputados, em especial os recursos destinados para emendas parlamentares, funcionam como moeda de troca entre prefeitos e parlamentares. O apoio político a determinados candidatos fica atrelado ao envio dessas verbas.
Pré-candidato pelo PP, o ex-prefeito de Fazenda Vilanova, José Cenci, defende uma mudança na forma de eleger o candidatos. Para ele, aqueles que vão à reeleição tem uma ampla vantagem. “Na hora do pega pra capar eles têm estrutura. Não temos nem como competir diante dessa superioridade infinita.”
Coordenador regional do PDT, Paulo Argeu reforça o pressuposto. A destinação das emendas, afirma, cria “um casamento político”. De acordo com ele, é difícil descompromissar uma comunidade e os agentes políticos de um trabalho feito. “Aqueles que levam dinheiro para obras nas cidades preponderam em uma eleição.”
Um novo candidato, avalia, precisa de uma ótima situação financeira para fazer frente aos deputados que buscam reeleição.
Voto distrital
A maioria dos pré-candidatos e líderes partidários é favorável à mudança no modelo de escolha para deputados. O voto distrital, do qual o estado seria dividido em regiões, e cada uma delas elegeria um determinado número de representantes é tida como o mais adequado para a atualidade.
Para Cenci, na pior das hipóteses, a região teria no mínimo um representante em cada esfera. “Hoje não temos nenhum.” O tema segue em discussão há mais de 20 anos, sem previsão de ser votado.
O proposta de plebiscito da presidente Dilma Rousseff previa essa proposta. Ao chegar no Legislativo, a mudança foi postergada de novo.