Vale do Taquari – As padarias gaúchas se preparam para ajustar preços de derivados da farinha de trigo. Os produtos encarecem entre 10 e 20% a partir desta semana. Segundo o Sindicato das Indústrias de Panificação, Confeitaria e de Massas Alimentícias e Biscoitos no estado (Sindipan) o aumento é decorrente da escassez do grão no mercado.
De acordo com o presidente da instituição, Arildo Bennech Oliveira, no Brasil, são consumidos cerca de dez milhões de toneladas de derivados por ano. Pouco mais da metade do trigo é produzido no país. É preciso importar para abastecer o mercado nacional.
Com a quebra na última safra de trigo em toda a América do Sul, os estoques ficaram reduzidos. A situação se agravou após o anúncio da Argentina – maior fornecedora do cereal ao Brasil –, de suspender as exportações para combater a inflação.
Resultado da restrição dos embarques, o valor da saca de 25 quilos do grão aumentou R$ 6. Passou de R$ 25 para R$ 31. “É uma questão de oferta e demanda. Não temos produto, e o consumo cresce. É normal o preço aumentar.”
Um dos produtos mais vendidos é o pão francês (o cacetinho). O alimento custa em média de R$ 5 a R$ 8 o quilo. Com o aumento, o preço deve passar de R$ 6 a R$ 9 – variação média de R$ 1,3.
Estoque ameniza aumento
O gestor de compras de uma rede de supermercados de Lajeado, Alexandre Buza, antecipou o estoque de farinha para até o fim do mês. Conseguiu estabilizar o aumento. A variação ficou entre 7% a 8%. O preço do pão francês, por exemplo, chegou a R$ 6,65.
Em média, a empresa industrializa 150 toneladas de farinha por mês. O produto é distribuído para 20 lojas no estado. Para evitar nova alta nos preços, a direção se antecipa para buscar produto mais barato e estocar.
Mesma alternativa deve ser adotada pela empresária Marlene Ariotti Schmitt, do bairro Hidráulica, em Lajeado. Como ela não reajustou o valor dos derivados nos últimos anos, não sabe de quanto será o aumento. Tem uma das principais padarias da cidade. Os vendedores de farinha anteciparam que o produto deve encarecer 18%. “Buscaremos uma proposta para não atingir tanto o consumidor.”
Saiba mais
Nos últimos doze meses, conforme o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) da Capital, o preço do pão de forma subiu 16,49% e o macarrão instantâneo, 22,03% – bem acima da inflação no período, que foi de 6,22%.
Busca nos EUA
Uma das opções do mercado nacional é comprar o cereal dos Estados Unidos. Mas a colheita de trigo começa apenas na primavera. Assim sem previsão do preço baixar.
Outro agravante é que no fim do mês vence a isenção da Tarifa Externa Comum (TEC), podendo deixar 10% mais cara a compra do grão americano. A disparada no dólar nas últimas semanas deve deixar a operação mais onerosa.
Os estoques públicos brasileiros deixaram de ser alternativa. No último leilão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), semana passada, os preço médios encostaram em R$ 800 a tonelada, quase 20% acima do valor de abertura do pregão. Restam cem mil toneladas que devem ser vendidas este mês.
Perdas no campo
Triticultores do Vale tiveram redução de 40% na produtividade das lavouras em 2012, segundo dados da Emater/RS-Ascar. As perdas foram resultado do excesso de chuva durante a colheita e geadas atípicas no período de floração – em setembro.
Era previsto colher 2,7 toneladas por hectare. Mas o produzido nos 1,040 hectares cultivados na região ficou apenas em 1,6 mil quilos. No estado, a quebra foi 31,29% no mesmo período.
Situação semelhante em 2012
mercado dos derivados do trigo tive um aumento de 20%. A elevação foi reflexo da alta no preço do dólar. Como a maior parcela do cereal consumido no país é importado, o prejuízo foi direto.
Na época, o quilo do pão francês variava de R$ 4,50 a R$ 7 no mercado gaúcho e não era reajustado há mais de dois anos. Com o aumento, o preço do quilo de cacetinho aumentou em até R$ 1,40, chegando, no máximo, a R$ 8,40.
Dicas de economia
– É possível congelar o pão francês. Para isso é preciso envolvê-lo em plástico para que não entre em contato com o ar. Na hora de consumir, é preciso retirá-lo do freezer e colocar no forno por 5 minutos.
– Se não for consumido de uma vez, o pão de forma pode ser guardado na geladeira (em dias quentes, fora da refrigeração, pode mofar). O pão pode ser utilizado como massa de pizza.
– Se o pão ficou velho, pode ser feita farinha de rosca. Basta batê-lo no liquidificador. Outra opção é cortar em quadrados e levar ao forno, servindo de acompanhante para sopas e saladas.
Fonte: Sindipan
Consumo per capita ao ano
– Chile: 93kg
– Argentina: 73kg
– Uruguai: 51kg
– Brasil: 33,5kg
– Peru: 32kg
– Paraguai: 23kg
– Pães consumidos no Brasil 86% correspondem aos pães artesanais (sendo 58% pão francês)
– 14% são os pães industrializados
Fonte: Sindipan