Especialista critica ciclofaixa de Lajeado

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Especialista critica ciclofaixa de Lajeado

Mal planejado, espaço é ocupado por carros, ônibus, caminhões e pedestres

Lajeado – A sugestão do vereador Sérgio Rambo (PT), de permitir o estacionamento sobre as ciclofaixas, provoca reações na sociedade. A iniciativa divide opiniões e cria dúvidas sobre o modelo implantado em 2012. Antes mesmo do projeto ir à câmara de vereadores, motoristas estacionam nas pistas e expõe ciclistas ao perigo.

cNa rua Carlos Spohr Filho, o problema é intensificado na troca de turno das empresas BR Foods e Minuano. Nessa quarta-feira, das 15h às 16h, cerca de 80 ciclistas passaram pelo local.

A ciclofaixa é ocupada por pedestres, ônibus, caminhões e carros. Espremidos, ciclistas se arriscam e invadem a pista de rolamento.

Parte dos trabalhadores prefere não utilizar as bicicletas em locais de maior concentração de veículos e pessoas. Em casos, descer e empurrar, sobre a calçada, é a saída.

Economia e risco

João dos Santos, 57, trabalha no setor de produção de uma das empresas e utiliza bicicleta há 30 anos. A economia em combustível chega a R$ 130 por mês.

O trabalhador reclama da imprudência de motoristas que estacionam sobre a ciclofaixa. “Às vezes tenho que desviar para não bater. Quando vou para o Centro, tem lugares que prefiro empurrar a bicicleta.”

O eletricista Everaldo Knecht, convive diariamente com o problema. Morador de São Bento, acredita na segurança oferecida pela faixas exclusivas para ciclistas.

Reconhece os problemas recorrentes nos trechos que têm demarcação e critica a proposta de permitir o estacionamento sobre as faixas. “Com o estacionamento, a pessoa terá que andar no meio dos carros.”

Prática irregular

O responsável pelo Departamento de Trânsito de Lajeado, Euclides Rodrigues, alerta para a ilegalidade de estacionar sobre a ciclofaixa. Segundo ele, os agentes de trânsito multam os veículos que estejam sobre o local. A exceção são ônibus que estejam em embarque e desembarque.

O proprietário de veículo flagrado sobre as ciclofaixas ou ciclovias recebe infração grave, com cinco pontos na Carteira Nacional de Habiliação (CNH) e multa. O valor é de R$ 127,69, além da possível remoção.

Entrevista com o professor de Arquitetura e Urbanismo Augusto Alves

A Hora – O senhor conhece as ciclofaixas instaladas em Lajeado desde o ano passado?

Augusto Alves – Sim, conheço e utilizo algumas delas em meus passeios de bicicleta.

Qual sua análise sobre elas?

Alves – Acho que a maioria não apresenta as condições desejáveis, seja do ponto de vista da infraestrutura, com pista irregular e estreita, seja do ponto de vista do traçado que conflita com as ruas e cruzamentos, tornando o convívio entre bicicletas e automóveis conflitante e perigoso.

São viáveis em relação à largura das ruas?

Alves – A questão de ser viável ou não depende das escolhas e decisões políticas.

É mais importante ter estacionamento ou uma ciclovia ao longo de determinadas vias?

Alves – Em alguns trechos de certas vias a implantação de ciclofaixas pode ser perigoso, dado o intenso fluxo de automóveis. Quanto à questão de eliminar áreas de estacionamento, este argumento não se sustenta porque o problema das vagas deve ser pensado globalmente, não localmente.

Qual a importância das cidades planejarem e investirem em ciclovias ou ciclofaixas?

Alves – É indiscutível a importância das ciclovias e ciclofaixas nas cidades, uma vez que temos de mudar a prática e a mentalidade de que a cidade foi feita apenas para os automóveis. Meios alternativos de mobilidade urbana e de lazer devem ser implementados em nossas cidades unidimensionais. Hoje elas são limitadas e individualistas.

Analisando Lajeado, qual seria o modelo mais adequado?

Alves – A forma de implementar as ciclovias depende de estudos técnicos sérios e competentes e de uma discussão com os diferentes atores urbanos que compõe a população para decidir o que querem de sua cidade.

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