MP estipula prazo para entrega de projeto

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MP estipula prazo para entrega de projeto

Executivo tem 180 dias para apresentar orçamento de reforma da Casa do Morro

Cruzeiro do Sul – A situação de abandono pela qual a Casa do Morro passa há cerca de dez anos obriga o Ministério Público (MP) de Lajeado a interferir. No início do ano, a Promotoria de Justiça instaurou inquérito para acompanhar as ações previstas pelo município para o uso do prédio.

mNa semana passada, o governo de Cruzeiro do Sul foi solicitado a apresentar levantamento sobre as necessidades de recuperação da estrutura e quanto precisará investir na reforma. Foi estipulado prazo de 180 dias para entrega do projeto.

O Executivo entende que o tombamento como patrimônio, oficializado em 2006, exige, além da restauração, a limpeza e conservação do espaço. A ideia é transformar o espaço em um centro cultural para realização de cursos de dança, teatro, exposições e venda de artesanato.

Em uma análise preliminar, a administração municipal prevê que todo assoalho, forro, telhado, fiação elétrica e rede hidráulica terão de ser trocadas. Nos últimos dias, o governo realizou a roçada. Podas das árvores devolveram a vista do Rio Taquari e cidade. Alguns objetos destruídos, que foram retirados.

Verba federal devolvida

Frente às dificuldades em conseguir uma empresa habilitada para restaurar o prédio, os R$ 230 mil enviados pela Caixa Econômica Federal (CEF) tiveram de voltar aos cofres da União no ano passado.

Fechado ao público desde 2003, o governo passado desenvolveu no mínimo três projetos de reforma do espaço. Em 2011, a licitação chegou a ser concluída. Uma empresa da região Metropolitana apresentou a proposta e elaborou estudo sobre o imóvel.

O documento de 240 páginas foi enviado para a CEF. O projeto, orçado em R$ 346 mil, previa serviços de adaptação, limpeza e reforma. O processo não pode ser homologado e outra vez a obra de recuperação foi postergada, porque faltou o registro da empresa no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea).

Patrimônio abandonado

Construído depois da Guerra do Paraguai, entre 1874 a 1879, o imóvel é anterior à Proclamação da República. Foi encomendado pelo tenente-coronel Primórdio Centeno Xavier de Azambuja, em área cedida pela Coroa Portuguesa.

Dois contos tratam sobre o motivo da obra. O primeiro – e mais aceito pelos historiadores – retoma a enchente de 1873, quando as águas alcançaram a residência da família do militar, onde funciona a prefeitura. O tenente-coronel teria decidido construir a casa no alto do morro, longe de qualquer possibilidade de uma nova cheia do rio.

A segunda hipótese relata a destinação do prédio para o tratamento de familiares com tuberculose, doença sem cura na época. Com a morte de Primórdio, em 1898, a Casa foi alugada para Leocádia Vilanova de Azambuja. Em 1901, comprou a residência em leilão, local onde morou com os nove filhos até 1914.

Passadas mais algumas décadas, a casa foi alugada para outros inquilinos, até ser abandonada. Na emancipação, em 1963, o casarão passou a ser propriedade do novo município. A primeira reforma ocorreu na terceira administração, em 1973, em que o prefeito era Manoel Ruschel.

O prédio está em ruínas. As janelas quebradas e as paredes corroídas acentuam o aspecto de abandono. Vândalos arrancaram as tábuas do assoalho e os visitantes mais frequentes são usuários de drogas.

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